9 de jun. de 2012

68 ANOS DO DIA D, FOI COMEMORADO NO ÚLTIMO DIA 06

5 praias paradisíacas num lugar chamado Normandia. Mas há 24.838 dias a história humana foi (re)escrita em suas areias sem que as águas nunca mais a apagassem.

Fragmentos dessa história pelas linhas de Stephen Ambrose em sua obra-prima literária “O Dia D“…

“Muito bem. Vamos.”
Gen. Dwight D. Eisenhower – Comandante-em-Chefe das Forças Aliadas, durante a madrugada de 05/06/1944.
Praia Utah…

“(…) O sargento Beck do 87º Batalhão de Morteiros Pesados tinha tomado pílulas contra enjôo. Elas não funcionaram; vomitou de qualquer modo. Mas elas tiveram um efeito inesperado – ele caiu no sono durante o percurso [na travessia do Canal da Mancha]. “A explosão de granadas me acordou quando nos aproximávamos da costa”, lembrou ele. “Meu melhor amigo, o sargento Bob Myers de New Castle, Pa., tomou algumas destas pílulas que o deixaram fora de si. Ele só voltou a ser coerente no dia seguinte. Fez a invasão da Normandia e não se lembra de nada o que aconteceu…”

Praia Omaha…

“(…) O sargento Benjamin McKinney era um engenheiro de combate incorporado À Companhia C. Quando a sua rampa foi arriada, “eu estava tão enjoado que não me importava se uma bala me atingisse entre os olhos e me tirasse daquela aflição”. Quando ele saltou da rampa, “tiros de fuzil e de metralhadora a atingiram, à semelhança de chuva caindo”. Adiante, “parecia que a primeira leva estava toda morta na praia”. Ele conseguiu chegar à zona de seixos. (…) A cena que viram os comandantes quando lutavam por abrir caminho para praia foi descrita pelo ajudante-de-ordens do Gen. Norman Cota, subcomandante da 29ª Divisão, o tenente J.T. Shea, numa carta que ele escreveu dez dias depois. “Embora os elementos que lideravam o assalto estivessem na praia por aproximadamente uma hora, nenhum progredira além do banco de areia próximo à arrebentação. Eles estavam agrupados sob a muralha, confinados pelo fogo de metralhadoras, e o inimigo começava a empregar eficaz fogo de morteiro naqueles que estavam escondidos atrás dos bancos de areia. A praia estava congestionada por mortos, moribundos, feridos e pelos desorganizados…”

Praia Gold…

(…) Tão logo a rampa desceu, os homens e os veículos arrojaram-se para fora das embarcações. Um comando explicou por quê: “O motivo pelo qual assaltamos a Normandia como o fizemos devia-se ao fato de que os soldados preferiram ter combatido com todo o Exército alemão a voltarem para os navios e ficarem tão enjoados quanto estavam se sentindo. Meu Deus ! Aqueles soldados não podiam esperar mais para pisar em terra firme. Nada se interporia no caminho deles… Eles teriam feito blindados em pedaços com as mãos vazias…”

Praia Juno…

(…) O sapador Josh Honam viu um navio solitário passando pelo comboio, entre as filas de navios, “e quando ele passou, podíamos ver na proa o solitário tocador de gaita de foles cuja silhueta se projetava contra o céu do entardecer e o frágil lamento se propagando: “Não voltaremos de novo”. Era muito tocante, e todo mundo ficou calado e ali postado, observando, sem emitir nenhum som, e em seguida gradualmente ele passou e desapareceu na distância. E pensamos muitas vezes que não tornaríamos a voltar. (…) Os Canadenses estavam programados para desembarcar às 7:45, mas o mar agitado fez com que se atrasassem mais dez minutos e ficassem extremamente enjoados. “A morte seria melhor que isso”, murmurou o praça Henry Gerald dos Fuzileiros Reais de Winnipeg para um de seus companheiros. (…) Logo os canhões navais ficaram em silêncio e as pessoas começaram a sair para a rua, acenando para os libertadores, lançando buquês de rosas. O padre da aldeia apareceu. “Monsieur le cure”, disse Honan em seu melhor francês de ginásio, “Espero que o senhor esteja contente por termos chegado.” “Sim”, retrucou o padre, “mas ficarei mais contente quando vocês tiverem ido novamente”, enquanto apontava com tristeza para o buraco no topo da sua igreja do século dezessete…”

Praia Sword…

Um dos franceses era o praça Robert Piauge, de 24 anos, cuja mãe vivia em Ouistreham. Ele estava no LCI 523, comandado pelo subtenente John Berry, que ficara pendurado num obstáculo costeiro. Piauge e outro comando saltaram no mar, tão impacientes estavam de voltar para a França. Piauge desembarcou com a água pelo peito. Ele vadeou até a costa, sendo o terceiro francês a chegar. Granadas de morteiro, explodiram ao seu redor, algumas de artilharia, um pouco de fogo de armas leves, muito barulho. Piauge conseguiu chegar à costa e andou dez metros pela praia quando um morteiro explodiu a seu lado, crivando-o de estilhaço (ele ainda hoje traz vinte e dois pedaços de aço no corpo). Seu melhor amigo, perto dele, foi morto pela mesma explosão. Um médico britânico examinou os ferimentos de Piauge, pronunciou-lhe “fini”, deu-lhe uma dose de morfina, e se afastou para tratar homens que podiam ser salvos. Piauge pensou na sua mãe, que protestara em lágrimas contra seu ingresso no Exército francês em 1939, já que seu marido sucumbira como resultado de ferimentos recebidos na Primeira Guerra Mundial. Em seguida ele pensou na França, e “comecei a chorar”. Não de pena de mim mesmo, nem por causa dos ferimentos, mas pela grande alegria que senti ao estar de volta em solo francês”. Ele desmaiou. Piauge foi recolhido por um médico, conduzido a um navio-hospital por um LCI, teve os ferimentos tratados, e finalmente se recuperou num hospital na Inglaterra. Hoje, mora num apartamento à beira-mar em Ouistreham. Da janela de sua sala de estar ele pode olhar para o local onde desembarcou…”
Entre toda a carnificina, bombas que explodiram, fumaça e ruído na praia Sword, alguns rapazes com o praça Harold Pickersgrill afirmaram que viram uma figura notável, uma absoluta e extraordinariamente bela garota francesa de dezoito anos que usava uma braçadeira da Cruz Vermelha e que havia guiado a sua bicicleta até a praia para prestar socorro aos feridos. “Oh, vocês estão é tendo alucinações”, objetou ele aos seus companheiros. “Isso simplesmente não pode ser, os alemães não teriam permitido que ela passasse através de suas linhas e nós não queríamos nenhum civil xeretando. Isso simplesmente não aconteceu.” Mas em 1964, quando ele estava trabalhando como agente de embarque em Ouistreham para uma linha britânica de navegação, Pickersgrill encontrou John Thornton, que o apresentou à sua esposa, Jacqueline. Seu nome de solteira era Noel, ela encontrara Thornton no Dia D + 4; ele também era agente de embarque em Ouistreham. Jacqueline estivera na praia, e a história era verdadeira. Pickersgrill organizou uma entrevista para mim com Jacqueline para este livro. (…) Jacqueline e John Turton (ele entrou na segunda leva no Dia D) vivem hoje perto da aldeia de Hermanville-sur-Mer numa casa adorável com um lindo jardim. Ainda é uma mulher muito bonita, tão bonita quanto corajosa. Os veteranos britânicos cujos ferimentos ela envolveu com ataduras ainda a visitam para agradecer, especialmente nos aniversários do Dia D. (…) Quando lhe pergunto sobre qual era a sua mais vívida e prolongada lembrança do Dia D, Jacqueline responde: “ O mar com todos aqueles barcos. Todos os barcos e aviões. Era algo que você não pode imaginar se não viu. Eram barcos, barcos, barcos e mais barcos, barcos por toda a parte. Se naquele momento eu fosse um alemão, teria olhado aquela cena, largado minha arma e dito: ‘É isso aí. Acabou’”.

Ozawa

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