Ray Melo,da redação de ac24horas - Os deputados de oposição e situação protagonizaram um debate inusitado nesta quarta-feira, 08, sobre o suposto grampo de linhas telefônicas pelo Guardião, equipamento de propriedade do Governo do Acre, que de acordo com os oposicionistas estaria sendo usado para monitorar autoridades, jornalistas, empresários e desafetos políticos da administração petista.
No melhor estilo dos filmes de espionagem e contraespionagem, os parlamentares trocaram acusações e deixaram em suspeição arapongagens praticas pelo PT e PSDB, na disputa pela hegemonia do poder no Estado. O deputado governista Eduardo Farias (PCdoB), informou até mesmo o preço de um aparelho de escuta clandestina.
Se ao tucano Major Rocha, o comunista disse que “uma maletinha se compra no contrabando, em Brasília por R$ 30 mil”. Farias disse ainda, que o alcance do equipamento seria de um raio de dois quilômetros. “O senhor mesmo poderia ter uma no seu gabinete, deputado Rocha”, levantando suspeitas da utilização do equipamento pelo líder do PSDB.
O líder do governo, deputado Moisés Diniz (PCdoB) tentou reverter às acusações de uso irregular do Guardião. O comunista disse que os governistas teriam desarticulado o esquema de espionagem montado pelo PSDB. Diniz afirmou que o governo teria recebido uma denúncia de um membro do ninho tucano, que pediu para ser ouvido pelas autoridades estaduais.
Estreando na base governista, Jamyl Asfury (PEN) se utilizou de seus conhecimentos de arapongagem de seus tempos de policial federal, para defender o Governo do Acre. “Ninguém faz escuta ao seu próprio querer. Pegamos uma determinação judicial e muitas vezes recorremos até Brasília para conseguir esta autorização”, diz o novo governista.
No final do ano passado, Jamyl Asfury levantou a questão do decreto que criou o Sistema de Segurança e Informação do Governo do Acre. Na época, Asfury considerou a medida é um atentado contra o estado democrático de direito e pediu apoio aos colegas para derrubar o decreto, “que expõe toda a sociedade a ação de um serviço que pode invadir a privacidade da população”. O deputado mudou seu posicionamento e atualmente apoia a iniciativa.
Os deputados de situação mostraram as dificuldades para se fazer uma escuta utilizando o Guardião, mas no momento de questionar se os oposicionistas faziam escutas ilegais, procuraram demonstrar facilidade na realização de grampos clandestinos. Os aliados de Sebastião admitem que seja possível fazer o monitoramento ilegal.
O presidente do PDT, deputado Luis Tchê destacou que os governistas estariam querendo mudar o foco dos questionamentos. De acordo com o pedetista, a denúncia foi apresentada pelo próprio governador, que afirmou em entrevista que os telefones de seus assessores estariam grampeados e teriam todas as ligações gravadas.
“Não vamos mudar o foco do debate e do pedido de investigação. Estamos querendo que Sebastião Viana esclareça suas afirmações de que os telefones estatais estariam grampeados. Queremos apenas que o gestor apresente as autorizações judiciais para realização dos grampos. É simples, não precisa de nenhuma queda de braço”, enfatiza Tchê.
Luis Tchê disse ainda que o governador estaria agindo precipitadamente, com base em boatos. “Como é que um governador que ouve uma fofoca toma a decisão de envolver a Polícia Civil, Polícia Federal e o Ministério Público Estadual”, disse o deputado Luis Tchê ao criticar com veemência as afirmações de que o PDSB estaria espionando o Governo do Acre.
O líder do PT, deputado Geraldo Pereira justificou o uso de grampos pelo Governo do Acre. “Nenhuma polícia do mundo pode ser eficiente se não utilizar todos os mecanismos da tecnologia da informação. O Guardião foi adquirido com o propósito de combater o crime organizado e o tráfico. Nossa polícia não pode abrir mão disso”.
O petista citou o exemplo do caso Cachoeira, onde segundo ele “milhares de horas foram gravadas com autorização da Justiça. Aqui no Acre não é diferente, o MPE e o Poder Judiciário acompanham todas as autorizações para fazer escutas”, confirmou Geraldo Pereira, a existência de grampos a pedido do Governo do Acre.
Nos bastidores, os deputados de oposição afirmaram que a denúncia de espionagem contra o PSDB teria sido articulada por um deputado da base governista, que estaria pagando, um dissidente tucano para prestar os depoimentos na tentativa de tirar o governador Sebastião Viana, do foco da arapongagem, além de atingir a imagem do partido que lidera as intenções de votos na capital.
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