Do UOL, em Vitória da Conquista (BA)
As rachaduras são o problema mais frequente nos imóveis do condomínio Campo Verde, em Vitória da Conquista, no interior da Bahia, entregues em outubro pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Elas costumam aparecer nas paredes com janelas e portas, nos tetos, na beira de escadas e no banheiro.
Nas várias casas visitadas pelo UOL há infiltrações no azulejo
Entregues em outubro de 2013, imóveis do condomínio Campo Verde, do Minha Casa, Minha Vida, feitos numa área de alagamento aterrada, em Vitória da Conquista (BA), começaram a rachar.
O problema se soma ao de casas de outros condomínios do programa na cidade, inclusive o que foi entregue pela presidente Dilma Rousseff (PT), onde até seguranças já foram colocados para impedir invasões de imóveis vazios.
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A situação pior, no Campo Verde, é a da casa do prestador de serviços do Governo do Estado, Marcelo Conceição, 30. O imóvel dele, de um andar, rachou de cima até embaixo.
"E isso aconteceu depois de um mês que foi entregue, vinha tentando fazer com que eles consertassem e só vieram agora", disse Conceição, se referindo aos reparos feitos esta semana nas rachaduras.
Pelo condomínio Campo Verde, construído numa área de alagamento que foi aterrada pela prefeitura local, dá para se notar diversas casas com o mesmo problema do imóvel de Marcelo Conceição.
As rachaduras aparecem com mais frequência nas paredes com janelas e portas, nos tetos, na beira de escadas e no banheiro, onde, em várias casas visitadas por UOL, há infiltrações no azulejo.
Os moradores reclamam também de serviços mal feitos, como a falta de massa corrida nas paredes, onde dá para se notar que foram pintadas diretamente por cima do reboco, com restos de cimento.
Há também banheiro de casa feita para pessoas com necessidades especiais que não têm corrimão de apoio no banheiro. Ao todo, foram entregues 992 casas.
Reboco caindo
No banheiro do imóvel de Daiane Cardoso Almeida, 24, o reboco da parece abaixo da pia está caindo. "O pessoal da construtora já veio aqui, mexeram no banheiro, mas não resolveu nada", ela afirmou.
Providências também são esperadas pelo casal Alessandro Oliveira Cardoso, 32, e Rejane Maria do Amaral Cardoso, 33. A escada da casa deles está com degraus soltos e prestes a desabar.
"Poderiam ter feito essas casas numa área melhor, ter recebido a casa foi bom, mas nessas condições que estamos fica muito complicado dizer que estamos felizes por ter recebido o imóvel, pois estes problemas põe em risco a nossa vida e a dos nossos filhos", disse Alessandro.
"Eu acho que deveria tirar a gente daqui, colocar em outro lugar e fazer direito o serviço, pois desse jeito está muito ruim e perigoso", comentou Rejane.
No condomínio ainda não há uma associação de moradores formal, por enquanto quem assumiu a função de reivindicar soluções para os problemas no Campo Verde foram as donas de casa Luzinete da Silva, 30, e Patrícia Guimarães Feitosa, 34.
"Todas as casas estão com algum tipo de problema, seja no acabamento, que foi muito mal feito, ou por questão de infiltrações, rachaduras, entupimentos de esgoto, etc.", disse Luzinete.
"Parece que foi tudo feito nas pressas para entregar logo", declarou Patrícia.
Outro lado
Procurada, a Caixa Econômica Federal informou que "acionou a construtora para que verifique os problemas apontados pelos moradores".
"A responsabilidade de reparo é da construtora responsável pela obra e a empresa já está com equipe no local", informou a Caixa.
Sobre a área de alagamento, a Caixa declarou que "o empreendimento possui sistema de drenagem aprovado pela Prefeitura Municipal".
A Caixa já entregou mais de 1,4 milhão de casas em todo o Brasil, pouco mais de 9.000 em Vitória da Conquista, onde moradores, por causa dos problemas nos imóveis, têm recorrido, quase todo mês, a protestos com bloqueio de rodovias.
A Prefeitura de Vitória da Conquista informou, por meio de nota, que foi apresentado "todos os requisitos técnicos necessários para implantação de uma edificação no local indicado pela construtora".
Apesar de as casas terem sido feitas numa área de alagamento, a prefeitura informou que "a área não é de risco", e que "cada morador deve informar à CEF a situação do seu imóvel através do telefone 08007216268".
Informou ainda que o empreendimento teve licença ambiental, "cumprindo a legislação em vigor".
"A construtora apresentou a localização e a Prefeitura analisou a proposta e estabeleceu os critérios para implantação do imóvel, de acordo com a legislação vigente e os critérios específicos exigidos pelo Governo Federal para o Programa Minha Casa Minha Vida", comunicou a prefeitura.
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