4 de fev. de 2014

A CRIANÇADA ESTÁ CADA VEZ MAIS VELOZ


Realidade comum em todo o planeta, casos de crianças flagradas dirigindo em alta velocidade refletem uma sociedade cada vez mais omissa diante do desafio de educar seus filhos, diz desembargador

Pedro Valls Feu Rosa
 CONGRESSO EM FOCO - Pitágoras, o genial filósofo grego, costumava dizer que, se os meninos fossem educados, os homens não precisariam ser castigados. Fiquei a pensar neste conselho ao ler, há poucos dias, que 600 mil brasileiros morreram em acidentes de trânsito nos últimos 40 anos.

Este problema, diga-se de passagem, não é brasileiro. Estima-se que diariamente 3.200 pessoas perdem a vida em acidentes de trânsito em todo o planeta. Aliás, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o trânsito é a segunda maior causa de mortalidade para os que têm entre 5 e 29 anos de idade. Alertou-se, ainda, que se medidas urgentes não forem adotadas no que toca à educação e formação dos futuros motoristas, nos próximos 20 anos o número de vítimas crescerá 65%.

Este alerta tem sua razão de ser. Na Alemanha, por exemplo, uma criança de 13 anos pegou o Porsche de seu pai para dar uma pequena volta pelo bairro, e acabou batendo em uma árvore. Nos Estados Unidos, outra criança, esta de apenas sete anos de idade, resolveu pegar o carro da família como protesto porque não queria ir à igreja. Os policiais somente conseguiram pará-lo após uma longa e perigosa perseguição.

É também daquele país o caso do menino de nove anos de idade que protagonizou cenas cinematográficas em uma rodovia, fugindo da polícia a incríveis 130 km/h, e circulando inclusive na contramão. A perseguição só acabou quando policiais conseguiram furar os pneus do veículo após vários bloqueios na estrada.

Mas talvez o pior caso seja o do garoto de 11 anos, também norte-americano, surpreendido pela polícia a 160 km/h em uma rodovia – e completamente bêbado! Ou o da menina de nove anos, também moradora daquele país, que resolveu dirigir o carro do avô a 95 km/h na contramão de uma rodovia, à noite e com os faróis apagados, para horror dos policiais.

Há também o menino japonês de nove anos de idade que saiu pelas ruas da cidade de Ogaki dirigindo o carro da família, só para ver se “era tão fácil como no videogame”. E que dizer da menina de apenas seis anos que resolveu ir para a escola de carro? E do canadense que, saindo embriagado de uma festa, botou sua filha de nove anos de idade para dirigir o carro na volta para casa?

Enquanto isso, na China, uma criança de 13 anos de idade concluiu que dirigir carros era muito fácil, tendo decido experimentar um ônibus! E lá foi ela pelas ruas de Beijing, ao volante de um coletivo municipal que encontrou vazio com as chaves na ignição, só parando depois de arrebentar 12 carros.

Aqui mesmo, no Brasil, recentemente uma câmera flagrou uma criança de sete anos de idade conduzindo uma motoca por uma movimentada avenida de Porto Alegre. O incrível é que na garupa ia outra criança, de oito anos.

Seriam estes alguns exemplos isolados? Não. Eis aí o reflexo de uma sociedade cada vez mais omissa diante do desafio que é educar corretamente um filho. Foi assim que há poucos dias uma ampla pesquisa realizada na Inglaterra concluiu que 20% dos adolescentes entre 17 e 18 anos de idade frequentemente dirigem embriagados, e outros 7% drogados. O mais chocante, porém, é que 32% dos jovens ouvidos declararam que já foram passageiros em veículos conduzidos por motoristas bêbados ou drogados.

Talvez Robert Garnier estivesse pensando em uma realidade dessas quando exclamou que “já não se pode dirigir as crianças de agora”.

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