12 de set. de 2017

No Acre, mais de mil professores estão afastados por complicações contraídas no ambiente escolar


“Se o governo não faz a sua parte, o sistema perde qualidade", afirma Rosana Nascimento



ASCOM SINTEAC - O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac) sempre pautou a saúde do trabalhador na mesa de negociação, mas infelizmente o que foi acordado pelo governo e os gestores da Secretaria Estadual de Educação (SEE), de fazer atendimento dos professores com transtornos mentais e o problema nas cordas vocais, nunca saíram do papel.

Mediante esta situação de adoecimento da categoria, a entidade constatou que existe, no Estado mais de mil laudos de afastamento em decorrência de problemas de saúde contraídos no ambiente escolar. “O elevado índice de mortes dos trabalhadores em educação nos últimos anos tem deixado a categoria muito preocupada com a morte precoce dos colegas de trabalho”, lamentou a presidente do Sinteac, professora Rosana Nascimento.

Por conta disso, Rosana destacou que o sindicato reforçou a luta pelas melhores condições de trabalho, com a realização de um grande debate que envolva as Secretarias Estadual e Municipal, inclusive os órgãos responsáveis pela saúde dos trabalhadores.

Apesar da aprovação da proposta da nova lei de “cuidados da voz”, a ideia nunca saiu do papel, porque as professoras e professores que estão com calo nas cordas vocais continuam trabalhando nas escolas da rede pública, sem nenhum acompanhamento de um fonoaudiólogo. “Este direito está garantido nas cláusulas sociais, mas nunca foi cumprido”, lamentou a sindicalista.

Presidente do Sinteac, Rosana Nascimento, cobra assistência aos professores/Foto: Ascom

A sindicalista disse que o Sinteac não vai desistir de lutar por um ambiente de trabalho digno, capaz de eliminar, de uma vez por todas, todas as condições desfavoráveis que adoecem os trabalhadores em educação.

Acrescentou, ainda, que é um crime sem precedentes a decisão dos gestores da SEE impor obrigatoriedades e pressões emocionais contra a categoria, simplesmente com o objetivo de cumprir metas e atender estatísticas estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC), sob o pretexto de eficiência da educação pública. “Para alcançarmos um patamar de qualidade é preciso, antes de tudo, valorizar aqueles que carregam o sistema nas costas”, ressaltou Rosana.

Condições de trabalho

Rosana Nascimento disse ainda que não se pode esquecer que as condições de trabalho nas escolas da rede pública são primordiais para se atingir qualquer objetivo institucional. Salientou que a entidade auxilia, dentro do possível, uma quantidade considerável de docentes e demais funcionários acometidos de depressão, transtornos mentais, AVC, agravamentos cardíacos, LER (Lesão por Esforço Repetitivo), problemas de coluna, osteoporose, perda da voz, obesidade, entre outras.

“Se o governo não faz a sua parte, o sistema perde qualidade. Existem, no Estado do Acre, mais de mil laudos de afastamento da profissão em decorrência de problemas de saúde contraídos no ambiente escolar”, denunciou.

A categoria está estressada, segundo ela, com níveis emocionais nas alturas, pelas cobranças e exigências dos gestores nas escolas. “Estamos depressivos – e isso não é frescura – pela desvalorização profissional e desrespeito que existe pela sociedade como reflexo da ineficiência de uma política educacional capenga e destrutiva”, lamentou a sindicalista.

Salientou ainda que os professores e professoras se sentem perturbados pela falta de respeito por parte dos alunos, estes oriundos de famílias desestruturadas, desprovidas de qualquer sentimento moral e respeitoso. Acrescentou ainda que o excesso de responsabilidade também atinge o servidor de escola, onde não é ofertada a mínima condição de recursos didáticos, pedagógicos e tecnológicos. Pois nem equipamentos suficientes existem para que se cumpram as metas estipuladas pelo MEC.

Denunciou que, nos últimos anos, muitas professoras faleceram em função destas doenças. Muitas colegas passaram mal e, em seguida, foram a óbito, quando estavam no ambiente escolar – tanto professoras como funcionárias. “ As mulheres são as maiores vítimas, pois representam mais de 83% da categoria e destas mais de 50% são provedoras da família”, finalizou.

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