9 de abr. de 2025

Revelado o ‘microchip mais avançado do mundo’

‘A indústria de microchips de Taiwan está intimamente ligada à segurança da ilha, sendo muitas vezes chamada de “escudo de silício” — já que sua importância econômica motiva os EUA e aliados a proteger Taiwan diante da ameaça de uma possível invasão chinesa’


Por Domenico Vicinanza, The Conversation - Em 1º de abril de 2025, a fabricante taiwanesa TSMC apresentou o microchip mais avançado do mundo: o chip de 2 nanômetros (2nm).

A produção em massa está prevista para o segundo semestre do ano, e a TSMC afirma que a novidade representará um grande avanço em desempenho e eficiência — com potencial para transformar o cenário tecnológico global.

Microchips são a base da tecnologia moderna, presentes em quase todos os dispositivos eletrônicos, desde escovas de dentes elétricas e smartphones até laptops e eletrodomésticos. Eles são produzidos por meio de camadas e gravações de materiais como o silício, formando circuitos microscópicos que contêm bilhões de transistores.

Esses transistores funcionam como minúsculos interruptores, controlando o fluxo de eletricidade e permitindo o funcionamento dos computadores. Em geral, quanto mais transistores um chip contém, mais rápido e potente ele é.

A indústria de microchips busca constantemente aumentar a densidade de transistores em áreas cada vez menores, o que gera dispositivos tecnológicos mais rápidos, poderosos e eficientes em termos energéticos.

Evolução da tecnologia de miniaturização dos chips

Comparado à geração anterior de chips — os de 3nm —, a tecnologia de 2nm da TSMC promete ganhos significativos: aumento de 10% a 15% na velocidade de processamento com o mesmo consumo de energia, ou redução de 20% a 30% no consumo com a mesma velocidade.

Além disso, a densidade de transistores nos chips de 2nm é cerca de 15% maior em relação à tecnologia de 3nm, o que permite a criação de dispositivos mais rápidos, que consomem menos energia e processam tarefas complexas com mais eficiência.

A indústria de microchips de Taiwan está intimamente ligada à segurança da ilha, sendo muitas vezes chamada de “escudo de silício” — já que sua importância econômica motiva os EUA e aliados a proteger Taiwan diante da ameaça de uma possível invasão chinesa.

A TSMC firmou recentemente um acordo de US$ 100 bilhões para construir cinco novas fábricas nos Estados Unidos. No entanto, há dúvidas sobre a viabilidade da fabricação dos chips de 2nm fora de Taiwan, o que gera preocupações quanto à segurança estratégica da ilha.

Fundada em 1987, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) fabrica chips para outras empresas. Taiwan representa 60% do mercado global de fundição (terceirização da fabricação de semicondutores), e a TSMC responde pela maior parte dessa fatia.

Os chips superavançados da TSMC são utilizados por diversas empresas e dispositivos. Ela fabrica os processadores da linha A da Apple (iPhones, iPads e Macs), as GPUs da NVidia (usadas em aplicações de aprendizado de máquina e IA), os processadores Ryzen e EPYC da AMD (usados em supercomputadores), além dos Snapdragon da Qualcomm, presentes em celulares da Samsung, Xiaomi, OnePlus e Google.



Em 2020, a TSMC iniciou a produção com a tecnologia de miniaturização de 5nm chamada FinFET, fundamental para a evolução dos smartphones e da computação de alto desempenho (HPC). Dois anos depois, lançou os chips de 3nm, que aumentaram ainda mais o desempenho e a eficiência energética — como no processador A17 da Apple.

Com a tecnologia de 2nm, smartphones, laptops e tablets poderão ter melhor desempenho e maior duração de bateria, levando à criação de dispositivos menores, mais leves e sem perda de potência.

A velocidade e eficiência dos chips de 2nm poderão impulsionar aplicações baseadas em inteligência artificial, como assistentes virtuais, tradução de idiomas em tempo real e sistemas autônomos com mínima intervenção humana.

Centros de dados podem se beneficiar com redução no consumo de energia e maior capacidade de processamento, o que contribui para metas de sustentabilidade ambiental.

Setores como veículos autônomos e robótica também poderão se beneficiar do aumento de confiabilidade e velocidade de processamento, tornando essas tecnologias mais seguras e viáveis para uso em larga escala.

Apesar das promessas, a produção dos chips de 2nm enfrenta desafios. O principal é a complexidade de fabricação, que exige técnicas de ponta como a litografia ultravioleta extrema (EUV), um processo caro e de altíssima precisão.

Outro obstáculo é o aquecimento. Mesmo com menor consumo, o aumento da densidade de transistores dificulta a dissipação de calor, o que pode afetar o desempenho e a durabilidade dos chips. Além disso, materiais tradicionais como o silício podem chegar ao limite de sua eficiência nesse nível de miniaturização, exigindo novas soluções materiais.

Ainda assim, o poder computacional ampliado, a eficiência energética e a miniaturização proporcionados pelos chips de 2nm podem marcar o início de uma nova era na computação pessoal e industrial, abrindo espaço para dispositivos mais potentes, discretos e sustentáveis.

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