Eu não me alegro com as desgraças dos outros. Nem com as desgraças das vítimas nem com as desgraças de seus algozes.
Talvez as desgraças dos outros nos faça esquecer as nossas próprias misérias.
Quanto mais vibramos, quanto mais aplaudimos a queda do irmão, mais descemos os degraus da inconsciência, da desumanidade.
Ver as calamidades dos outros causa um certo prazer, uma certa ilusão de superioridade, uma certa sensação prazerosa de vingança.
Eu não me alegro com as desgraças dos outros.
Quando o revolucionário Marat subiu na tribuna da Revolução Francesa pedindo a cabeça de seus adversários, ouviu de Danton a corajosa reação:
"Dai um copo de sangue a esse canibal, ele tem sede".
Sede de ver os outros presos, desmoralizados, linchados, humilhados, caídos.
Não, eu não me alegro com as desgraças dos outros. Nem com as desgraças das vítimas nem com as desgraças de seus algozes.
Blog do Sanderson Moura
15 de fev. de 2011
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