Os garçons que servem os parlamentares do plenário e na área contígua do Senado, em Brasília, recebem salário entre R$ 7,3 mil e R$ 14,6 mil, remuneração até vinte vezes maior que o piso da categoria na capital federal, revelou nesta quarta-feira (24) uma reportagem do jornal "O Globo".
Segundo o texto da publicação, um grupo de sete garçons servem os senadores, sendo que três atuam só no plenário e quatro ficam no cafezinho aos fundos, para atender parlamentares, assessores e jornalistas. "O serviço é bem tranquilo", disse um deles.
Além disso, foi revelado que todos foram nomeados assistentes parlamentares de uma só vez, em um ato secreto em 2001, feito por Agaciel Maia, diretor-geral do Senado na época, hoje deputado distrital.
Nestes 12 anos, os garçons foram promovidos a cargos superiores a esse, o que levou ao aumento de salário. "O Globo" aponta que, em março passado, o maior salário pago foi a José Antonio Paiva Torres, o Zezinho, que teria recebido remuneração bruta de R$ 14,6 mil - R$ 5,2 mil somente em horas extras.
Matéria do "O Globo" denuncia supersalário |
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Supersalários
Uma reportagem publicada no ano passado na revista britânica "Economist" afirmava que altos salários pagos a parte dos funcionários públicos do Brasil são um "roubo ao contribuinte". Na epoca, os dados sobre a remuneração dos servidores haviam sido revelados por meio da Lei de Acesso à Informação.
"A presidente Dilma Rousseff está usando a lei, originalmente criada para ajudar a desvendar atrocidades cometidas pelo regime militar, para expor os gordos salários de políticos e burocratas", disse a revista.
A "Economist" cita como exemplo de abuso o fato de mais de 350 funcionários da prefeitura de São Paulo ganharem mais que o presidente da Câmara, cujo salário líquido é de R$ 7.223.
A publicação compara o salário de uma enfermeira-chefe da prefeitura do município, de R$ 18.300, com a média salarial da iniciativa privada, e conclui que o salário da servidora é 12 vezes mais alto que o pago pelo mercado.
A reportagem lembra ainda que, por lei, nenhum funcionário público pode ganhar mais que R$ 26.700 - a remuneração dos juízes de instâncias federais superiores.
Porém, um terço dos ministros e mais de 4.000 servidores federais teriam rendimentos superiores a esse teto. Incluindo o presidente do Senado, José Sarney, cujo salário chegaria a R$ 62 mil, devido a um acúmulo de pensões.
A revista também classifica como um "roubo ao contribuinte" o fato de membros do Congresso receberem 15 salários por ano, enquanto a maioria dos brasileiros recebe 13.
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