Ex-presidente negou acusação feita por Fernando Baiano e divulgada pelo 'JN'
O ex-presidente Lula - HUGO VILLALOBOS/AFP
- O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, disse em depoimento no processo de delação premiada homologado no Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria participado pessoalmente de negociações para incluir a empresa OSX em contratos relacionados a Petrobras. A informação foi divulgada nesta quinta-feira pelo "Jornal Nacional", da TV Globo. Segundo a reportagem, uma nora do ex-presidente teria sido beneficiada com pagamento de propina no valor de R$ 2 milhões.
Baiano relatou, ainda segundo o "JN", que o empresário José Carlos Bumlai foi procurado para ajudar no negócio de interesse da OSX. A transação não foi efetivada, mas Bumlai exigiu pagamento de R$ 3 milhões e disse que o dinheiro seria destinado a uma nora de Lula. A assessoria do ex-presidente disse que ele “nunca atuou como intermediário de empresas em contratos, antes, durante ou depois de seu governo”. Lula também informou que “jamais autorizou que o sr. José Carlos Bumlai ou qualquer pessoa utilizasse seu nome em qualquer espécie de lobby”.
“Lula tem quatro noras e nenhuma delas recebeu, direta ou indiretamente, qualquer quantia ou favor do réu Fernando Baiano. É deplorável que a palavra de um réu confesso, sem amparo em fatos nem provas, seja divulgada mais uma vez de forma ilegal, com claro objetivo político", diz a nota divulgada pelo Instituto Lula.
LULA DEPÕE NO MP
Ainda nesta quinta-feira, Lula prestou depoimento “voluntário”, segundo o Instituto Lula, na manhã desta quinta-feira, no inquérito aberto pelo Ministério Público do Distrito Federal para investigar suposto tráfico de influência em favor de empreiteiras no exterior. Um dos advogados do ex-presidente fez contato com o procurador do caso e pediu para marcar interrogatório. O depoimento começou às 11 horas e terminou às 13h30.
O ex-presidente prestou depoimento fora das dependências da Procuradoria da República. Um dos advogados de Lula pediu que ele fosse ouvido num local "neutro" para não chamar atenção da imprensa. O procurador Cláudio Marx poderia recusar o pedido, mas preferiu concordar com a sugestão do advogado para agilizar a investigação. Ele entende que, se não houvesse um acordo prévio sobre o melhor local para ouvir o ex-presidente, o depoimento poderia ser adiado em prejuízo do andamento da apuração.
A data e o local do depoimento foram acertados recentemente numa conversa entre advogado e o procurador. Quando soube que Lula seria intimado para dar explicações, o advogado se prontificou a apresentar o ex-presidente, mas com a ressalva que houvesse discrição, ou seja, sem cobertura da imprensa. Como o caso está em sigilo, o procurador concordou.
“Lula respondeu às perguntas do procurador e argumentou que os presidentes e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus países no exterior. Afirmou também que para ele isso é motivo de orgulho”, diz nota divulgada pelo Instituto Lula.
Ainda de acordo com a assessoria de imprensa do ex-presidente, Lula disse que todas as palestras dadas por ele estão declaradas e contabilizadas e que “jamais” interferiu na autonomia do BNDES e nas decisões do banco sobre concessões de empréstimos.
Ainda de acordo com a nota divulgada pelo Instituto Lula, ele afirmou no depoimento que "quem desconfia do BNDES não tem noção da seriedade da instituição".
A Procuradoria da República do Distrito Federal investiga suposto envolvimento em tráfico de influência no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para induzir a instituição a financiar obras da Odebrecht no exterior.
Em abril, o GLOBO revelou que o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar levou Lula em um périplo por Cuba, República Dominicana e Estados Unidos, em janeiro de 2013. A viagem foi paga pela construtora e, oficialmente, não tinha relação com atividades da empresa nesses países.
Está sendo apurado se Lula pode ser responsabilizado por tráfico de influência internacional junto a agentes políticos estrangeiros, com o objetivo de beneficiar a construtora Odebrecht. Além da abertura de uma investigação, foi solicitado o compartilhamento de informações da Operação Lava-Jato.
Lula também deve ser ouvido na condição de informante, e não como investigado no âmbito da operação Lava-Jato. O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o ex-presidente prestasse depoimento. O pedido para ouvir Lula foi feito pela Polícia Federal – que, em relatório enviado ao tribunal, diz que Lula pode ter sido pessoalmente beneficiado pelo esquema de corrupção na Petrobras. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, emitiu parecer favorável ao depoimento.
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