8 de out. de 2015

OS CATALINAS NA FAB (FORÇA AÉREA BRASILEIRA) - MAIS UMA FONTE DE PESQUISA DISPONIBILIZADA PARA OS ENTUSIASTAS


Catalina, pousando em frente a Tapauá.Foto: tapauaprimeirageracao.wordpress.com

As primeiras Linhas do Correio Aéreo Militar (CAM), na AMAZÔNIA, tiveram apoio em Belém, até sua extinção quando da criação do Ministério da Aeronáutica em 1941, passando suas atividades a serem realizadas pelo Correio Aéreo Nacional (CAN)
Devido o esforço de guerra do Brasil, o Correio Aéreo Nacional foi muito afetado tendo reduzido consideravelmente o número de passageiros transportados.
A 17 de agosto de 1944 foi criado o 1º Grupo de Patrulha (Decreto-Lei 6.796), equipado com sete aviões Catalina, hidroaviões, com sede em Belém, que foi extinto em 24 de março de 1947 pelo Decreto-Lei 22.802, e substituído pelo 1º/2º GAV.

Terminada a II Guerra Mundial, os americanos desocuparam as instalações que utilizavam em Belém na área de “Val-de-Cans Field”. A Base Aérea de Belém efetuou a mudança para Val-de-Cans deixando as antigas instalações do Bairro do Souza onde em 1947 foi instalado o Núcleo do Parque de Aeronáutica de Belém. 

Todos os Catalinas do Grupo de Patrulha do Galeão foram transferidos para Belém. Em 1946, a FAB tinha apenas cerca de cinco anos de existência vividos em plenas atividades de consolidar uma Força Armada integrada por elementos de origem diferentes, e, além disso, em plena guerra. Entre outras razões menores, isso acarretou dificuldades que se acumulavam na área logística. 

O 6552 Preservado na Base Aérea de Belém

Em 1947, foi iniciada a linha do CAN para o Território do Acre; a linha do Acre tornou-se famosa pelos serviços prestados aos núcleos longínquos de população da Região Oeste do Brasil e da região Amazônica: a linha do Acre ligou as seguintes cidades e vilas: Rio de Janeiro – São Paulo – Campo Grande - Cuiabá – Cáceres – Vila Bela – Forte Príncipe da Beira – Guajará-Mirim – Porto Velho – Abunã - Brasiléia – Rio Branco – Sena Madureira- Tarauacá – Cruzeiro do Sul. Depois de alguns anos de funcionamento da linha do Acre, as populações daquela distante região criaram e divulgaram a expressão: “Correio Aéreo Nacional - Glória pacífica da Força Aérea Brasileira”.

A canibalização a que foram submetidos os Catalinas do 1º/2º GAV, criado em 24 de março de 1947, quando as peças de um Catalina eram retiradas para utilização em outro avião no pátio do Esquadrão, culminou com a paralisação de todos os Catalinas em 1948. O processo de recuperação de todos os Catalinas, iniciado em 1949 no Núcleo de Parque de Aeronáutica de Belém, por determinação do Estado-Maior da Aeronáutica foi completamente concluído em 1952.

 A chegada dos primeiros C-47 em 1954 e a disponibilidade dos Catalinas dotava o CAN da AMAZÔNIA de muito equipamento aéreo para a grande missão de integrar a Amazônia ao restante do Brasil.
Acima, o 6527 em operação na amazônia e abaixo ele preservado no MUSAL Museu Aeroespacial no RJ

Ainda em meados de 1949, chegaram a Belém 6 (seis) Catalinas adquiridos no Canadá pela FAB. Esses aviões vieram revisados e modernizados, inclusive com um moderno radar APS-1, o primeiro radar a ter tela circular. Os seis Catalinas vieram operacionalizar o quadro geral do 1º/2º GAV que permitiu o reinício de seus vôos em Missões Administrativas, principalmente as missões em apoio ao Exército Brasileiro que possuía vários Pelotões de Fronteira em quase completo abandono devido às dificuldades de comunicações com os grandes centros, viagens essas iniciadas com a criação do “Correio da Fronteira” logo após o término da II Guerra Mundial quando haviam cessado as missões de patrulha e que foram interrompidas em 1948 com a paralisação de todos os Catalinas indisponibilizados para o voo.


O 1º/2º GAV recuperou sua capacidade operacional e foi considerado UNIDADE ESCOLA de PATRULHA. Até meados da década de 1950 formou várias turmas de equipagens de Patrulha, quando os aviões passaram a ser empregados em missões de transporte na Amazônia.

Em 1951, foi organizado na 1ª Zona Aérea o Serviço de Busca e salvamento e o Catalina 6516 da Base Aérea de Belém ficou à disposição da comissão organizadora, com manutenção na Esquadrilha de Adestramento e com uma equipagem do 1º/2º GAV. 

Em 1952, o 1º/2º GAV da Base Aérea de Belém tinha 19 aeronaves Catalina: 16 anfíbios (operavam n’água e em terra) e três Catalinas hidroaviões.

Os Catalinas anfíbios do 1/2º GAV, da Base Aérea de Belém já estavam atuando no transporte Militar do Alto Amazonas desde 1946 com as viagens administrativas, missões de apoiar as Unidades do Exército na fronteira, que foram interrompidas em 1948, reiniciadas em 1952. Com a ativação do Destacamento de Base Aérea de Manaus, os Catalinas 6522, 6523, 6525, 6526 e 6527 ficaram baseados em Manaus no Amazonas a partir de janeiro de 1954 até fevereiro de 1955 quando o destacamento de Manaus foi desativado por falta de infra-estrutura logística. O Catalina 6524, acidentado em Manaus no dia 1º dez. 1950, viria a ser descarregado em 31 dez. 1956, depois de esgotadas todas as possibilidades de recuperação. 
O PA-10 6520 Catalina Anfíbio, sofreu várias modificações e foi preparado no Núcleo Parque de Aeronáutica de Belém para missões administrativas com autoridades militares e civis. O Catalina 6520 era o avião do Comandante da 1ª Zona Aérea. O compartimento das macas foi transformado em sala de estar forrada, com piso e iluminação adequada.


A partir de 1º de janeiro de 1957, as aeronaves PA-10, Catalinas anfíbios tiveram a sua designação modificada para CA-10. Três das aeronaves CA-10 permaneceram temporariamente com o equipamento para patrulha, a fim de poderem desempenhar missões de cooperação com a Marinha, os demais aviões foram aliviados de equipamento militar para patrulha, à medida que isso se tornou praticável. 

Os Catalinas que permaneceram com o equipamento de patrulha, operaram a partir da Base Aérea de Belém até a chegada do esquadrão de P-15, os quais foram lotados no 1º/7º GAV na Base Aérea de Salvador no ano de 1959. 

Com o fim da missão de formação de Pilotos de Patrulha, tarefa essa que, progressivamente, foi transferida para o 1º/7º GAV sediado em Salvador equipado inicialmente com aviões PV-1 Ventura, V-2 Harpoon e depois com os P-15, os Catalinas foram enviados para New Orleans a partir de 1958 para serem transformados em aviões de transporte.   

Nessa primeira modificação foram removidas as bolhas laterais e a torreta de metralhadoras do nariz. As macas e a mesa do navegador foram substituídas por assentos para passageiros. Foram adicionadas janelas na fuselagem e instalada uma porta de carga no lugar onde havia a bolha esquerda.

EFETIVAÇÃO DO CAN DA AMAZÔNIA

De 1959 em diante, o 1/2º Grupo de Aviação acentua a operação do Correio Aéreo do Alto Amazonas, com um total de 14 (quatorze) linhas, abrangendo toda extensão territorial da então 1ª Zona Aérea, que naquela época compreendia toda Região Amazônica. Estas missões geraram o famoso trinômio FAB/Missionário/Índio que, por muitos anos nortearam as missões do 1º/2º GAV e posteriormente 1º ETA e surgiu com a criação do Correio Aéreo Nacional da Amazônia, o CAN/AM, uma versão regionalizada do Correio Aéreo Nacional criado anos antes pelo insigne Brigadeiro EDUARDO GOMES, e com a idealização e execução de obras do engenho e do elevado espírito público do Brigadeiro CAMARÃO.

A década de 1960 foi a mais operacional do 1º/2º GAV com a implantação completa do Correio Aéreo Nacional da Amazônia, como os anos 70 foi a década de ouro do 1º ETA quando toda a grande Região Amazônia era coberta integralmente com os aviões CA-10 Catalinas e os C-47 Douglas e sua alta disponibilidade proveniente dos objetivos da Aeronáutica visando a integração permanente dos rincões afastados da Amazônia ao Território Brasileiro. 

As atividades como um todo no 1º/2º GAV eram muito intensas, visando à operacionalidade das equipagens, a manutenção das aeronaves para a disponibilidade completa porque as viagens não podiam ser interrompidas. Os aviões tinham que chegar lá, até as fronteiras de toda a Amazônia com os paises vizinhos, levando apoio, assistência, civilização... 

Em 1968 a FAB adquiriu dois Catalinas que pertenciam à Petrobrás. Essas aeronaves, que foram lotadas no 1º/2º GAV, já haviam sido modificadas para o transporte de carga e passageiros.

Em 12 de maio de 1969 foi desativado na Base Aérea de Belém o Primeiro Esquadrão do 2º Grupo de Aviação – 1º/2 GAV, sendo todo o acervo transferido para o 1º Esquadrão de Transporte Aéreo – 1º ETA. 

Uma nova série de modificações nos Catalinas foi efetuada em 1969, nos Estados Unidos da América. Foram transferidas para a nacele dos pilotos todas as funções até então exercidas pelo mecânico em sua torreta. Os serviços foram feitos com a participação de militares do GAV 1º/2º, Base Aérea de Belém e pessoal do Núcleo do Parque de Aeronáutica de Belém. Posteriormente os serviços de revitalização foram feitos em Belém no Núcleo do PAMABE.


Os Catalinas, que atuaram no patrulhamento do litoral brasileiro, finda a guerra foram incorporados ao Correio Aéreo Nacional para o transporte de cargas e passageiros. Foram desativados em solenidade oficial que ocorreu no dia do CAN, em 12 de junho de 1982, na Base Aérea dos Afonsos, Rio de Janeiro. Nesse dia o Catalina FAB 6525 (foto acima), efetuou o último vôo na FAB desse tipo de aeronave.

Com a desativação do valente companheiro após quase 40 anos de existência, encerra-se uma das páginas mais heróicas de nossa história. História que muitas vezes foi escrita com o sangue daqueles que já se foram; com as lágrimas daqueles que ficaram e com a saudade daqueles que não a viveram.

Mares, Rios e Terras sentirão a sua ausência


Catalina, Querida PATA-CHOCA!
A AMAZÔNIA sente a sua ausência


Na AMAZÔNIA: 
O difícil se faz agora;
                 O impossível daqui a pouco;
                            O pau podre quebra para cima;
                      E cá estamos nós!
                          S E M P R E!  


Sobre o Autor: João ALFREDO de Oliveira é Advogado, diplomado pela Universidade da Amazônia – UNAMA, em 28 de janeiro de 1994. Suboficial Radiotelegrafista de Voo da FAB, formado pela Escola de Especialistas da Aeronáutica, em 1970, iniciou e encerrou sua carreira militar, servindo na Amazônia durante 28 anos. Foi um dos Fundadores da Associação de Catalineiros, em 1989, e é um dos responsáveis pela criação e organização da Associação Brasileira de Catalineiros - ABRA-CAT.

6 comentários:

  1. Muito bom para relembrar essa grande epopeia. Fui CMT do 6527 no traslado de New Orleans para Belém...

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  2. Olá,
    meus sinceros respeitos a todos os Catalineiros e tripulações do
    CAN em geral. O CAT é um avião que eu gostaria de ter voado.
    O mais antigo que voei foi o Fokker-27
    Grande Abraço Cmte!

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  3. Eu tive o prazer de participar da solenidade de 12 de junho de 1982, na Base Aérea dos Afonsos, e assistir a despedida do Catalina.
    SO SAD R/1 Davi Deusdete B. Oliveira

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  4. Fui ou sou Qmrcn ...77. Trabalhei com os catitas e C47 no parque Pamaer be, na minha época. Que saldades...............

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  5. Fui cabo na FAB.cheguei a conviver com essas maravilhas chamadas de Pata Choca durante oito anos viajando por toda Amazônia tenho saudades de todas especialmente as 6520,6514,6509,6510,e 6527 quando servi no extinto Nparaer Be

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  6. FORAM DEZOITO ANOS PARTICIPANDO DE TODAS REVISÕES,NO PAMABE.SAUDADES.

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