Líder do governo no Senado foi flagrado em áudio tentando evitar que seu nome e o do banqueiro André Esteves fosse citado pelo ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró
Senador Delcidio do Amaral. Foto: André Dusek/Estadão
POR ANDREZA MATAIS, BEATRIZ BULLA, RICARDO BRITO E JULIA AFFONSO
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a Polícia Federal a deflagrar uma operação nesta quarta-feira, 25, que levou a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, investigado pela Operação Lava Jato. O parlamentar teria sido flagrado na tentativa de prejudicar as investigações contra ele, em uma tentativa de destruir provas contra ele.
Também foram presos o banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual, e Diogo Ferreira, chefe de gabinete do Delcidio do Amaral, e o advogado Edson Siqueira Ribeiro Filho, que defende o ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, preso na Lava Jato desde o ano passado.
Esta é a primeira vez que um senador com mandato em exercício é preso. A PF também fez busca e apreensão no gabinete do petista, no Senado, em Brasília, e nos estados do Rio, de São Paulo e de Mato Grosso do Sul.
A prisão de Delcídio é resultado de uma operação deflagrada hoje pela Polícia Federal, que também tem como alvo empresários. As ações foram autorizadas pelo Supremo. Não se trata de uma fase da Lava Jato tocada em Curitiba, na 1ª instância.
O senador foi preso no hotel Golden Tulip, onde mora em Brasília, mesmo local onde na terça-feira, 24, a PF prende o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Delcídio do Amaral foi citado na delação do lobista Fernando Baiano, apontado pela Lava Jato como operador de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014. Fernando Baiano disse que Delcídio do Amaral teria recebido US$ 1,5 milhão em espécie na operação de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
O Estado apurou que pela amanhã que o ministro Teori Zavascki convocou uma reunião extraordinária da Turma dedicada à Lava Jato. A reunião da Corte será reservada, que é algo raro.
De acordo com fonte no tribunal, a sessão foi marcada pelo presidente da Turma, ministro Dias Toffoli, a pedido do ministro Teori Zavascki, relator dos casos relativos ao esquema de corrupção na Petrobrás.
Zavascki informou nesta terça, 24, o presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, de que seria realizada sessão na quarta, 25, para debater uma decisão importante. O informe a Lewandowski foi feito pessoalmente pelo relator dos processos da Lava Jato na Corte e não pelo presidente da Turma, ministro Dias Toffoli, a quem cabe usualmente fazer os comunicados institucionais.
O advogado Mauricio Silva Leite, que defende o senador petista, disse que vai primeiro tomar ciência dos motivos da prisão de Delcídio, para depois se manifestar.
COM A PALAVRA, A ASSESSORIA DO BTG PACTUAL:
“O BTG Pactual esclarece que está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e vai colaborar com as investigações.”
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