Deputado cassado é acusado de ter recebido propina por compra, pela Petrobras, de campo petrolífero na África
O deputado cassado Eduardo Cunha - Eraldo Peres / AP
O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso nesta quarta-feira em Brasília. O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato na primeira instância da Justiça, determinou a prisão do deputado cassado. O pedido é de previsão preventiva, ou seja, por tempo indeterminado.
Ele foi preso em Brasília no início da tarde e já está a caminho do hangar da Polícia Federal em Brasília para embarcar para Curitiba. A previsão de chegada na capital paranaense é entre 17 e 18h.
A denúncia enviada do Supremo Tribunal Federal ao juiz Sérgio Moro acusa o deputado cassado de ter recebido propinas por sua interferência na compra, pela Petrobras, de um campo petrolífero em Benin, na África, por R$ 138 milhões.
Eduardo Cunha teria recebido, em francos suíços, o equivalente a R$ 5,2 milhões em propina. Os recursos teriam sido pagos pelo dono da CBH e intermediados por João Augusto Rezende Henriques, apontado pelos investigadores como o operador das propinas destinadas ao PMDB na Petrobras.
O destino da propina foram três contas que Cunha mantinha na Suíça por meio de trustes. Posteriormente, parte desse dinheiro teria sido destinado a outra conta, que tinha sua mulher, Cláudia Cruz, como beneficiária. Em outra ação, Cláudia é acusada de saber a origem ilícita do dinheiro, que usou para pagar compras em lojas de luxo no exterior.
O processo foi transferido para a 13ª Vara da Justiça Federal no Paraná após a perda do mandato de deputado federal. Com a perda do cargo, Eduardo Cunha também perdeu o direito ao chamado foro privilegiado. A ação penal contra o ex-deputado corre nos trâmites normais do Judiciário para qualquer cidadão.
No despacho da prisão, Moro fez questão de lembrar que o MPF retirou a acusação de crime eleitoral contra Eduardo Cunha. O motivo, segundo o juiz, foi o fato de que a Justiça Federal não poderia julgar crimes eleitorais.
Em setembro, a Câmara cassou o mandato do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por 450 votos a favor, 10 contrários e 9 abstenções, interrompendo a trajetória política de quase 25 anos daquele que se celebrizou como o principal algoz de Dilma Rousseff no processo de impeachment. Com uma carreira construída nas sombras do poder e que ganhou os holofotes nacionais desde que assumiu a presidência da Câmara, no ano passado, Cunha, que colecionou inimigos na vida política e ontem se viu abandonado por praticamente todos os partidos, passará agora a enfrentar o seu mais temido adversário: o juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná. Com a decisão da Câmara, Eduardo Cunha fica inelegível até 2027.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Atenção:
Comentários ofensivos a mim ou qualquer outra pessoa não serão aceitos.