Primeiros exames mostram que paciente voluntário está livre do vírus
Um novo tratamento, ainda em fase de testes, desenvolvido por um time de cientistas de cinco grandes universidades do Reino Unido — Oxford, Cambridge, Imperial College London, King’s College London e University College London — pode finalmente trazer a cura para a Aids.
Por enquanto há um caso de sucesso: um paciente britânico de 44 anos, que não teve sua identidade revelada e faz parte de um grupo com 50 voluntários está com o vírus completamente indetectável em seu sangue, de acordo com os pesquisadores.
— Esta é a primeira tentativa de cura total para o HIV — disse Mark Samuels, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas em Saúde (NIHR, na sigla em inglês), em entrevista ao “Sunday Times”. — Estamos explorando a possibilidade real de curar o HIV. Este é um grande desafio, e ainda estamos no início, mas o progresso tem sido notável.
Os primeiros resultados dos testes devem ser publicados em 2018. Atualmente, as terapias antirretrovirais são capazes de impedir a multiplicação do vírus, mas não de erradicá-lo, por isso os medicamentos devem ser tomados para o resto da vida — e assim o HIV fica indetectável no sangue, mas o vírus continua em estado dormente. Esse é justamente o alvo da terapia em teste.
Na primeira fase do estudo, os participantes recebem uma vacina que ajuda o corpo a reconhecer células infectadas pelo HIV. Depois, uma nova droga, batizada como Vorinostat, ativa as células com o vírus dormente, para que possam ser identificadas pelo sistema imunológico.
— Eu me inscrevi nos testes para ajudar a outros e a mim mesmo — disse o paciente curado. — Será ótimo se a cura acontecer. Meu último exame de sangue foi há duas semanas e o vírus não foi detectado.
Os pesquisadores alertam, porém, que os resultados são preliminares.
— O tratamento funcionou em laboratório, e existem boas evidências de que funcionará em humanos também — disse a professora Sarah Fidler, do Imperial College London. — Vamos continuar com os testes médicos pelos próximos cinco anos e, por enquanto, não recomendamos o abandono das terapias antirretrovirais.
PACIENTE DE BERLIM
A única pessoa no mundo considerada curada do HIV é o americano Timothy Ray Brown, que ficou mundialmente conhecido como “paciente de Berlim”. Em 2008 ele recebeu um transplante de medula óssea, com células- tronco de um doador que possuía resistência natural a infecções pelo vírus, graças a uma mutação que bloqueia a entrada do HIV em células humanas, a CCR5 delta 32.
Residente na capital alemã, Brown estava morrendo por causa de uma leucemia, e então seu médico, o oncologista e hematologista Gero Hüetter, deu uma sugestão radical: um transplante de medula usando células de um doador com a mutação genética rara. Já se sabia há alguns anos que pessoas com essa específica mutação eram mais resistentes à infecção pelo HIV.
— Quando começamos o projeto, não sabíamos exatamente o que aconteceria — admitiu Hüetter na época.
Brown poderia inclusive não resistir ao tratamento, e apesar de ter provado que a cura é possível, muitos especialistas consideram o tratamento caro, complexo e arriscado demais para ser adotado como protocolo para todos os soropositivos.
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