29 de jan. de 2019

Cerimônia no Rio homenageia vítimas do Holocausto e pracinhas brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial


Solenidade reuniu sobreviventes dos horrores nazistas e integrantes da Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Cerimônia marca o dia internacional em memória das vítimas do holocausto

Anne Lottermann - Uma cerimônia realizada no domingo (27) no Aterro do Flamengo, lembrou o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A solenidade reuniu sobreviventes dos horrores nazistas e integrantes da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutaram junto aos aliados na Segunda Guerra Mundial.

A data foi lembrada pela Confederação Israelita do Brasil e a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro.

Freddy Siegfried Glatt, sobrevivente do Holocausto, falou das perdas que sofreu: “Eu nasci na Alemanha e fugimos para a Bélgica. Lá, pegaram meus irmãos, pegaram meus avós e pegaram todos os meus colegas de classe. Eu sou o único que sobreviveu”.

Apesar disso, ele se define como um homem de sorte. “Quando eu cheguei no Brasil, encontrei a minha esposa, a Beth. Tivemos seis netos, dois bisnetos. O Brasil me tratou muito bem.

Há 74 anos, no dia 27 de janeiro de 1945, milhares de judeus foram libertados do campo de concentração de Auschwitz, o maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Adolf Hitler.

“É muito importante estarmos aqui reverenciando a memória de seis milhões de judeus que tombaram no Holocausto. E também cinco milhões de não-judeus que foram mortos pelos nazistas. É importante lembrar que, de seis milhões de judeus, um 1,5 milhão era de crianças. Para que esse crime, para que esse genocídio maior nunca mais se repita”, explicou Osias Wurmann, cônsul honorário de Israel no Rio de Janeiro.

O Brasil teve uma participação importante nesse capítulo da história. Quase 26 mil homens e mulheres da Força Expedicionária Brasileira (FEB), lutaram na Itália contra o nazi-fascismo.

“Nós lembramos dos sobreviventes, das vítimas que não podem estar conosco. E dos nossos combatentes, os pracinhas brasileiros que, um dos 19 países do mundo que mandou soldados, o único latino americano, o que é um motivo de muito orgulho para nós. Então, nós estamos aqui, chorando pelos que se foram, e comemorando os que sobreviveram e que reconstruíram as suas vidas no Brasil”, destacou Fernando Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil.

Muitos combatentes morreram e foram enterrados na Itália. Anos depois, em 1960, as cinzas dos brasileiros mortos foram trazidas para o monumento aos mortos localizado no Aterro do Flamengo.

Israel Rosentahal, com 98 anos, foi voluntário da FEB. Atuou como cirurgião-dentista no front, à frente de um pelotão de infantaria. Ele lembra até hoje das maiores dificuldades enfrentadas pelos brasileiros.

“Lembro do frio e o medo de lá. Pegamos dois graus abaixo de zero. Dormindo em barraca, cama de lona, e aguardando o término da guerra que, no final, eu fui na verdade do último escalão, e ainda peguei uns três meses de guerra”, explicou o ex-combatente.

Apesar das dificuldades e dos momentos de tristeza que viveram, esses homens e mulheres conseguiram manter a alegria. E o agradecimento por quem os acolheu.

“Eu sou feliz de estar no Brasil e todos nós estamos felizes por estarmos no Brasil. Não existe país igual a este aqui. Não existe. Eu conheço o mundo inteiro”, destacou Alfredo Sobotka Freddy, sobrevivente do Holocausto.

O presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro, Arnon Velmovitsky, ressaltou a importância da manutenção da memória da tragédia. “Precisamos realmente divulgar e ensinar às nossas crianças, ensinar às próximas gerações a atrocidade que foi o Holocausto, atacou várias pessoas de diferentes matizes: os homossexuais, os judeus, os negros, os ciganos e todos aqueles que lutaram para erradicar o nazismo da face da terra. Então, o mais importante que a gente vê é a questão do ensino, para mostrar ao mundo que o Holocausto não pode se repetir”, destacou..

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