Mineradora perdeu, inesperadamente, autorização para operar barragem na Mina de Brucutu e deixa analistas mais pessimistas sobre futuro da mineradora
Tim Wimborne/reuters
A suspensão de algumas operações da Vale (VALE3), em medidas tomadas espontaneamente, em um primeiro momento conseguiram agradar os analistas por sinalizar a intenção de reduzir os riscos de novas tragédias como a de Brumadinho (MG) e gerava impacto mínimo nos negócios da empresa.
No entanto, a perda de autorização para operar a barragem de Laranjeiras, na Mina de Brucutu, pegou a mineradora de surpresa e desagradou o mercado. "Estamos menos confortáveis de que a empresa vai conseguir compensar as perdas de produção com a capacidade ociosa", afirmam os analistas do Credit Suisse.
A parada da mina de Brucutu em consequência de uma ação civil pública deve levar a um impacto na produção de 30 milhões de toneladas por ano e a Vale informou que adotará as medidas administrativas e judiciais cabíveis quanto à decisão da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais de suspender as operações.
Do ponto de vista operacional, embora a Vale tenha flexibilidade operacional em seus diferentes sistemas de produção, os analistas do Bradesco BBI acreditam que a Vale perderá definitivamente os embarques em 2019 e potencialmente em 2020 e 2021.
"A recuperação pode demorar mais do que o previsto", pontuam ainda os analistas da Rico Investimentos.
Em meio ao cenário de acúmulo de incertezas em torno da empresa, os ADRs (American Depositary Receipts) da Vale foram rebaixados para equal-weight (estimativa de desempenho em linha com o mercado) pelo Morgan Stanley, com o preço-alvo sendo colocado em revisão. "Não temos clareza sobre qual múltiplo o mercado atribuirá aos ativos no curto prazo", explicam os analistas.
O Bradesco BBI, por sua vez, manteve sua avaliação em outperform (desempenho acima da média do mercado), apesar do fluxo negativo de notícias que deve continuar no radar da empresa no curto prazo. O preço-alvo do ADR segue em US$ 15 em 12 meses. Para os analistas, o fluxo de notícias seguirá negativo, mas os papéis da companhia apontam para um valuation atrativo.
Já o Credit Suisse reduziu o preço-alvo dos ADRs em US$ 3, para US$ 15,50. "Ainda mantemos o outperform, pois ainda enxergamos 28% de potencial de valorização, mas acreditamos que as próximas semanas podem trazer mais noticias negativas, aumentando a volatilidade do papel e reduzindo o apetite do investidor", destacam os analistas do banco.
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Os cálculos do Credit consideraram o impacto da paralisação de Brucutu, e também das minas da Jangada e do Córrego do Feijão (ambas também suspensas) no modelo de investimentos do Credit Suisse, R$ 13 bilhões de multas ambientais, R$ 5 bilhões adicionais de Capex (investimentos em bens de capital) e múltiplo de 4x ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 2019, que é o menor nível já negociado nos últimos 10 anos pela Vale.
Diante deste cenário, a única certeza para a Vale é que não há certezas e os investidores devem se preparar para fortes emoções nos próximos pregões. "A ação deve continuar reagindo com forte volatilidade no curto prazo", avaliam os analistas da Rico.
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