7 de jan. de 2020

Novas leis entrarão em vigor na China: submissão total de grupos religiosos ao Partido Comunista

                                 Imagem: Reprodução

Thaís Garcia - Os cristãos chineses manifestaram sua preocupação depois que o governo ditatorial de Xi Jinping anunciou que, em breve, exigirá que toda pessoa religiosa, de qualquer fé, apoie a submissão total ao Partido Comunista Chinês.

O Asia News informou que as novas medidas administrativas serão adotadas para todos os grupos religiosos chineses a partir de 1º de fevereiro. As medidas completam o “Regulamento sobre Assuntos Religiosos”, revisado há dois anos e implementado em 1º de fevereiro de 2018.

Sob as novas medidas, que consistem em seis capítulos e 41 artigos que tratam de tudo o que envolve comunidades religiosas – desde reuniões a projetos anuais e diários – estão sujeitos à aprovação do Departamento de Assuntos Religiosos do governo comunista. Toda a pessoa que professa uma fé também será obrigada a apoiar, promover e implementar a submissão total ao Partido Comunista Chinês entre todos os membros de suas comunidades religiosas.

Todas as organizações religiosas estarão sob a liderança do Partido Comunista Chinês.

De acordo com o artigo 5 do regulamento: “As organizações religiosas devem aderir à liderança do Partido Comunista da China, respeitar a Constituição, leis, regulamentos, regras e políticas, aderir ao princípio da independência e autogoverno, aderir à direção da religião da China, implementar os valores fundamentais do socialismo e manter a unidade nacional, a harmonia religiosa e a estabilidade social”.

Além disso, os grupos religiosos serão responsáveis por espalhar a doutrina do Partido Comunista Chinês.

O artigo 17 diz: “As organizações religiosas devem espalhar os princípios e políticas do Partido Comunista Chinês, bem como as leis, regulamentos e regras nacionais para pessoas religiosas e cidadãos religiosos, educando-os para apoiar a liderança do Partido Comunista Chinês, apoiando o sistema socialista, aderindo e seguindo o caminho do socialismo com características chinesas …”.

Se as organizações religiosas não obtiverem aprovação do governo ou não se registrarem, nenhuma atividade religiosa será permitida.

A International Christian Concern, um grupo de vigilância de perseguições a cristãos, alerta “com essas medidas mais recentes, o governo as usará como uma ferramenta legal para limitar ainda mais o espaço para grupos religiosos”.

“Na prática, sua religião não importa mais, se você é budista, taoísta, muçulmano ou cristão: a única religião permitida é a fé no Partido Comunista Chinês”, disse um padre católico chinês ao Asia News.

“Bíblia” socialista
Enquanto isso, o governo ditatorial de Xi Jinping anunciou que reescreverá a Bíblia e o Alcorão para “refletir valores socialistas”.

Novas edições dos dois livros não conterão nenhum conteúdo que vá contra as crenças do Partido Comunista Chinês. Tudo o que for considerado “errado” pelos funcionários do Partido Comunista Chinês será alterado e traduzido novamente.

Embora a Bíblia e o Alcorão não tenham sido nomeados especificamente, o Partido Comunista Chinês apelou a uma ‘avaliação abrangente dos clássicos religiosos existentes, visando conteúdos que não estão de acordo com o progresso dos tempos’, em uma reunião em novembro do comitê que supervisiona a etnia e organizações religiosas na China.

Um grupo de 16 representantes de diferentes religiões participou da conferência, de acordo com a Agência de Notícias Xinhua.

Na conferência, um funcionário do governo disse aos representantes que suas organizações devem seguir as instruções do ditador Xi Jinping e interpretar as ideologias de diferentes religiões de acordo com ‘os valores centrais do socialismo’ e ‘os requisitos da época’, informou o jornal francês Le Figaro.

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