27 de fev. de 2024

Americanas tem prejuízo de R$ 4,6 bilhões em nove meses de 2023

Número consta do balanço da varejista, cuja divulgação havia sido adiada por três vezes. Valor representa queda de 23,5% na comparação anual

Igor Estrela/Metrópoles


Carlos RydlewskiA Americanas registrou um prejuízo líquido de R$ 4,6 bilhões nos nove primeiros meses de 2023, segundo balanço divulgado nesta segunda-feira (26/2) pela empresa. O resultado representa uma queda de 23,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando as perdas somaram R$ 6,027 bilhões.

De acordo com a varejista, que está em recuperação judicial desde janeiro de 2023, o prejuízo foi resultado da forte retração de vendas, principalmente na plataforma digital e por altas despesas financeiras. O balanço abrange o período central da crise da Americanas, quando foi descoberta a fraude contábil de R$ 25,2 bilhões. A divulgação dos dados financeiros havia sido adiada por três vezes.

Apenas em 16 de novembro do ano passado, a Americanas divulgou o balanço de 2022. O prejuízo acumulado no ano foi de R$ 12,9 bilhões. As demonstrações financeiras tiveram que ser refeitas após a descoberta de que dados contábeis foram adulterados durante oito anos seguidos.

Na ocasião, a companhia informou que resultado negativo foi consequência de um fraco desempenho operacional e elevada despesa financeira. A empresa terminou o período com um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões e dívida líquida real de R$ 26,3 bilhões. Além de um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) negativo de R$ 6,2 bilhões.

A Americanas também revisou os dados relativos a 2021. Nesse caso, um lucro líquido de R$ 544 milhões transformou-se em um prejuízo de R$ 6,2 bilhões, depois da realização dos ajustes contábeis.


Baque no online

O balanço mostra que a varejista sofreu grande baque nos negócios online. O volume bruto de mercadorias das lojas físicas (no jargão, Gross Merchandise Volume, GMV), um importante indicador de vendas, foi de R$ 9,3 bilhões, com uma queda de 4,4%, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

“No digital, o cenário foi em outra direção”, diz a empresa. Nos nove primeiros meses de 2023, o GMV ficou em R$ 4,8 bilhões, uma queda de 77,1% comparado com o mesmo período do ano anterior.”

No relatório de 2023, diz a companhia: “No digital, onde se concentram as vendas de tickets mais altos, houve um abalo de confiança. Os clientes tinham preocupação em relação às entregas dos produtos e os vendedores ficaram temerosos de não receber os repasses pelas vendas realizadas”.


Vendas nas mesmas lojas

Nos nove meses do ano passado, as vendas brutas no conceito de “mesmas lojas”, outra comparação expressiva, caíram 2,9%, mas “apontando uma melhora, atingindo crescimento de 3,6% no terceiro trimestre de 2023”. “Esse resultado se deve em parte ao trabalho de otimização do nosso parque de lojas, com o encerramento de 99 unidades que não apresentavam rentabilidade adequada e redução de aproximadamente 49 mil metros quadrados de área, além da otimização de sortimento nas lojas”, diz a varejista.


Receita em queda

A receita líquida consolidada atingiu R$ 10,3 bilhões nos nove meses de 2023, uma queda de 45,1% na comparação anual, acompanhando o desempenho do GMV, com o varejo físico apresentando a maior representatividade (66,8% do total) e o digital registrando a maior queda no ano contra ano, de 79,2%.

A companhia finalizou o ano de 2022 com um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões, fruto tanto de um resultado operacional negativo, como dos ajustes extraordinários que impactaram o balanço. O prejuízo acumulado de R$ 4,6 bilhões nos nove meses de 2023 impactou adicionalmente o patrimônio líquido, que finalizou o período em R$ 31,2 bilhões negativos.


Números melhores

No documento de divulgação do balanço, a companhia destacou alguns números positivos, que definiu como “resultados significativos”. Eles incluem a melhora da margem bruta em 11,1 pontos percentuais. Houve ainda uma evolução de R$ 791 milhões no Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês). Ele foi de R$ 1,55 bilhão entre janeiro e setembro do ano passado, num crescimento de 21,3% sobre o mesmo período de 2022.

“O endividamento da companhia também se manteve estável, ainda em patamares altos, mas com tendência de relevante redução uma vez que tenha início a execução do Plano de Recuperação Judicial”, acrescenta a empresa, em nota que acompanha o balanço., observando: “O resultado financeiro consolidado nos nove meses de 2023 foi negativo em R$ 2,2 bilhões, o que representa uma melhora de 45,7% quando comparado aos R$ 4 bilhões negativos em 2022”.

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