4 de fev. de 2009
Os inventores brasileiros e suas máquinas maravilhosas não reconhecidas mundialmente Parte - II
Sérgio Ruiz Luz
Uma das histórias mais fabulosas é a do padre gaúcho Roberto Landell de Moura. No final do século passado, ele aproveitou um período de estudos em Roma para aprofundar-se nas pesquisas sobre a possibilidade de enviar sons e sinais pelo ar, a grandes distâncias e sem a ajuda de fios. Landell voltou ao Brasil em 1886, foi morar em Campinas, interior de São Paulo, e continuou pesquisando. Logo desenvolveu um aparelho formado por uma válvula e três eletrodos. O grande teste da engenhoca ocorreu numa transmissão efetuada na capital do Estado. O sinal do invento de Landell, transmitido da Avenida Paulista, foi captado no bairro de Santana, a 8 quilômetros de distância. Um repórter do Jornal do Comércio e um representante do governo britânico testemunharam o feito, realizado em 1894. Só sete anos depois o italiano Guglielmo Marconi transmitiria o "S" do código morse de uma estação telegráfica da Inglaterra para outra, nos Estados Unidos. Sua experiência é tida como o marco inicial da radiotransmissão. "É muito comum encontrar na História vários pesquisadores desenvolvendo em locais diferentes a mesma tecnologia", afirma o jornalista Reynaldo Tavares, autor do livro Histórias que o Rádio Não Contou. "Marconi e o padre Landell são exemplos disso, e o italiano levou o crédito porque contou com todo o apoio do governo italiano para suas experiências."
Pacto com o demônio – Enquanto seu rival italiano ficava famoso, Landell de Moura era perseguido no interior do Brasil. O padre conseguiu registrar no país e nos Estados Unidos patentes para "um aparelho apropriado à transmissão da palavra a distância, com ou sem fios, através do espaço, da terra e da água". Mas não escapou da desconfiança da diocese paulista e dos moradores de Campinas. Foi acusado de bruxaria, pois era dado a falar com "vozes do além", e seu laboratório foi destruído. Em 1905, perdeu a grande chance de mudar sua sorte e a da tecnologia de ponta do país ao ser recebido por um assessor do presidente Rodrigues Alves. O inventor queria tomar emprestados dois navios da Marinha para uma demonstração pública de seu aparelho. A conversa corria bem até que Landell, entusiasmado, afirmou que sua criação seria usada no futuro até para transmissões interplanetárias. Antes de mandá-lo de volta para casa, o assessor escreveu o seguinte despacho ao presidente: "Excelência, o tal padre é maluco". Um dia depois, Landell recebia em casa um telegrama de Rodrigues Alves recusando educadamente o empréstimo dos navios.
Debates a respeito da paternidade de novas idéias ocorrem não apenas por questões de nacionalismo. Muitas vezes acontecem coincidências mesmo e pessoas diferentes desenvolvem projetos semelhantes ao mesmo tempo (veja quadro). Foi o que ocorreu com a fotografia. No começo do século passado vários inventores estudaram métodos para fixar imagens em papel. Cada pesquisador deu uma contribuição importante ao processo, mas foi o artista francês Louis-Jacques Mandé Daguerre quem levou a fama. Em 1837, depois de batizar seu invento de "daguerreótipo", ele convenceu o governo de seu país a comprar a patente do aparelho.
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