Adailson Oliveira, da TV Gazeta
Manifestantes sem teto reclamam de truculência policial; veja as fotos do conflito no último dia 14
Imagens feitas por um celular mostram o conflito entre sem tetos e a Polícia Militar, no dia 14 de julho, em Brasileia. Durante o embate, várias pessoas saíram machucadas.
Uma mulher reclama que abortou o filho, depois de ser agredida. Outro sem teto levou um tiro no rosto, e o mais grave, um índio perdeu completamente a visão após levar uma bala de borracha no olho direito.
Era meio dia do dia 14 de julho quando mais de 100 homens na Polícia Militar foram cumprir um mandado de reintegração, numa área do bairro Leonardo Barbosa.
A PM vai tentar abrir um espaço entre a barricada humana, montada pelas famílias. O conflito começa com empurrões. Depois seguem chutes e socos, no meio a gritos de mulheres e crianças.
O clima ficou tenso quando o líder do movimento é preso e os outros integrantes do grupo tentam libertá-lo. Um dos manifestantes, um senhor aparentando 60 anos é algemado e jogado ao chão. A cabeça é colocada entre as pernas de um policial.
Os sem tetos se armam com pedaços de madeira, os policiais partem para cima e não conseguem conter, então, chamam o pelotão de choque.
Os PMs entram com escudos e atirando balas de borracha. Aumenta o desespero. Os sem teto recuam e começam a contar os feridos. O choque abre espaço para um trator entrar e derrubar os barracos.
Feridas abertas - Passados 19 dias, as famílias tentam se recuperar. A desempregada Júlia Graziela Vasquez disse que perdeu o filho de dois meses que carregava na barriga. O chute de um policial tirou a vida do terceiro filho.
Abimael Filho levou um tiro no rosto, que por sorte foi de raspão. Já para o índio José Adelso Jaminawa vai ser difícil esquecer o dia 14 de julho.
Ele levou um tiro de bala de borracha no olho. Perdeu completamente a visão do lado direito. Adelson disse que não atacou ninguém e não merecia levar o tiro. Promete acionar o Estado na Justiça.
Disputa pela terra - Os problemas começaram no dia 28 de maio, quando 300 famílias construíram barracos e delimitaram os lotes.
No início da ocupação, ouve uma negociação entra o proprietário da terra e a Prefeitura. Mas uma decisão da Justiça determinou a retirada das famílias.
Atualmente, elas estão acampadas num ginásio de esportes, a 50 metros do local de conflito.
O líder do movimento, José Antônio Filho, disse que nunca tinha visto tanta injustiça e violência.
“Existem crianças assustadas e mulheres que não comem mais. Estamos assustados, no entanto não vamos desistir”, completou.
O grupo promete ficar no ginásio até que Governo ou Prefeitura busque uma saída. A maioria estava em casas alugadas e algumas famílias são indígenas que moravam na periferia de Brasileia e Epitaciolândia.
O comandante da PM, José Anastácio, disse que o procedimento dos policiais foi normal. Os sem teto atacaram e a polícia teve que revidar. Mas vai apurar se houve excesso.
Mais incrível ainda é a reação da presidente da Funai, Maria Evanizia dos Santos.
Ela disse que não está sabendo de nada e só quando for informada vai decidir o que fazer. Enquanto não se decide, os sem tetos vão continuar no ginásio de esportes pedindo alimento e água para a população.
Ela disse que não está sabendo de nada e só quando for informada vai decidir o que fazer. Enquanto não se decide, os sem tetos vão continuar no ginásio de esportes pedindo alimento e água para a população.
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