Colete balístico com prazo de validade vencido |
Recheado com documentos e fotos, relatório da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) classifica como “calamitosa” as condições de trabalho da Polícia Federal no Acre, onde os postos e delegacias na fronteira com Peru e a Bolívia operam com precariedade em decorrência da falta de telefone, agentes, carros e até coletes.
O diretor de Relações do Trabalho da Fenapef, Francisco Sabino, encaminhou denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) e aos congressistas do Estado.
Segundo o relatório, a situação da PF no Estado não difere muito do quadro de abandono em que se encontram dezenas de unidades e delegacias Brasil afora.
Sabino e o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Acre, Guilherme Delgado Moreira, visitaram delegacias e postos da PF no Estado.
O superintende da Polícia Federal no Acre, José Carlos Calazane, contesta o relatório.
- Existem muitas meias verdades na denúncia - afirmou Calazane.
O diretor de Relações do Trabalho da Fenapef, Francisco Sabino, encaminhou denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) e aos congressistas do Estado.
Segundo o relatório, a situação da PF no Estado não difere muito do quadro de abandono em que se encontram dezenas de unidades e delegacias Brasil afora.
Sabino e o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Acre, Guilherme Delgado Moreira, visitaram delegacias e postos da PF no Estado.
O superintende da Polícia Federal no Acre, José Carlos Calazane, contesta o relatório.
- Existem muitas meias verdades na denúncia - afirmou Calazane.
No extremo-oeste
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Por volta das 12 horas, o agente de plantão passa o comando do seu posto a um vigilante de empresa terceirizada. Acompanhado de um policial militar, o agente segue para o aeroporto, onde realiza a fiscalização dos vôos.
É o policial militar quem executa a tarefa de fiscalizar as bagagens e opera o aparelho de raio-X instalado na sala da Polícia Federal, enquanto o agente da PF trabalha nos trâmites imigratórios.
Neste caso, o relatório da Fenapef critica, além da falta de funcionários, a execução das tarefas por um policial militar despreparado para a tarefa porque não teve formação adequada para tal finalidade.
Isolamento
No município de Santa Rosa do Purus, a 300 quilômetros de Rio Branco, a capital do Estado, acesso mais fácil até a cidade é de avião. O vôo demora 1h15. A viagem de barco dura em média 12 horas.
O posto da PF está localizado às margens do Rio Purus, tendo de um lado o Brasil e do outro o Peru.
Como se trata de local de difícil acesso, a Fenapef assinala que está errado quem imagina que sejam abundantes os recursos disponíveis aos policiais para o enfrentamento ao crime.
Apenas um agente federal fica no posto para fazer frente ao narcotráfico, à guerrilha, ao tráfico de armas e, ainda, cuidar da imigração. O policial não conta com nenhuma retaguarda do Estado.
- A única proteção que ele tem é a divina - afirma Sabino.
A Fenapef denuncia que o único meio de transporte da PF na cidade é um veículo que está quebrado. O único meio de comunicação é um telefone, que só pode fazer, “chamadas a cobrar”.
Na fronteira Brasil-Bolívia
Apesar das boas condições, a delegacia da PF em Epitaciolândia, a 235 quilômetros de Rio Branco, a situação não é diferente. O material a serviço dos policiais é considerado precário. A cidade é separada pelo Rio Acre de Cobija, capital do departamento boliviano de Pando.
O posto da PF conta apenas com três policiais para cuidar de um lugar por onde entram imigrantes paquistaneses e haitianos. Os agentes fazem apenas o controle imigratório. Segundo relatório, não há controle ou repressão ao tráfico e outros crimes.
- Considerando que aquela é uma fronteira com um país considerado o segundo maior produtor de cocaína no mundo, é no mínimo estranho que a Polícia Federal não reforce esta linha de contenção aos criminosos.
O relatório da Fenapef alerta sobre a rota alternativa de Brasiléia, outra cidade acreana separada de Cobija apenas pelo Rio Acre:
- Mas se o traficante quiser andar um pouco mais, pode entrar no Brasil por Brasiléia onde um único posto da Receita Federal marca a presença do estado. Um prato cheio para a bandidagem que atua na fronteira.
Nas três fronteiras
O relatório da Fenapef afirma que o Brasil, em termos de combate ao narcotráfico com países produtores e distribuidores, está 100% ineficaz, pois desconhece a porta de entrada para armas, drogas e contrabando.
A 100 quilômetros de Epitaciolândia, está a sede Assis Brasil, na fronteira com o Peru e a Bolívia. Do outro lado do Rio Acre está a cidade de Iñapari, no Peru.
Apenas três agentes federais fazem o procedimento imigratório. Além deles, a Receita Federal e alguns membros da Policia Militar, cujas atribuições não preveem fiscalização de fronteira, fazem a verificação dos veículos que por ali transitam.
Segundo a Fenapaf, a ineficácia, não pode ser atribuída aos policiais que estão nas fronteiras do país, mas à administração federal.
Plácido de Castro
A Fenapef visitou o posto da PF de Plácido de Castro, a 100 quilômetros de Rio Branco. Do lado boliviano, o município de Puerto Evo Morales. Segunda a organização, o posto situa-se a um quilômetro da fronteira, quando deveria estar na fronteira.
O absurdo chega ao ponto de o posto ter horário de funcionamento, afirma a Fenapaf. Das 8 horas às 18 horas, dois policiais se dedicam única e exclusivamente ao controle imigratório. Segundo fontes ouvidas pela Fenapef, além do tráfico de cocaína, o contrabando de cigarros é intenso na região.
A Fenapef assinala que, mesmo arriscando as próprias vidas, os dois agentes efetuam prisões e apreendem cocaína e contrabando. Os dois policiais têm à disposição para as “operações” uma viatura Blazer cujo ano de fabricação é 2001, sem qualquer tipo de manutenção e que “deveria estar num museu”.
É o policial militar quem executa a tarefa de fiscalizar as bagagens e opera o aparelho de raio-X instalado na sala da Polícia Federal, enquanto o agente da PF trabalha nos trâmites imigratórios.
Neste caso, o relatório da Fenapef critica, além da falta de funcionários, a execução das tarefas por um policial militar despreparado para a tarefa porque não teve formação adequada para tal finalidade.
Isolamento
No município de Santa Rosa do Purus, a 300 quilômetros de Rio Branco, a capital do Estado, acesso mais fácil até a cidade é de avião. O vôo demora 1h15. A viagem de barco dura em média 12 horas.
O posto da PF está localizado às margens do Rio Purus, tendo de um lado o Brasil e do outro o Peru.
Como se trata de local de difícil acesso, a Fenapef assinala que está errado quem imagina que sejam abundantes os recursos disponíveis aos policiais para o enfrentamento ao crime.
Apenas um agente federal fica no posto para fazer frente ao narcotráfico, à guerrilha, ao tráfico de armas e, ainda, cuidar da imigração. O policial não conta com nenhuma retaguarda do Estado.
- A única proteção que ele tem é a divina - afirma Sabino.
A Fenapef denuncia que o único meio de transporte da PF na cidade é um veículo que está quebrado. O único meio de comunicação é um telefone, que só pode fazer, “chamadas a cobrar”.
Na fronteira Brasil-Bolívia
Apesar das boas condições, a delegacia da PF em Epitaciolândia, a 235 quilômetros de Rio Branco, a situação não é diferente. O material a serviço dos policiais é considerado precário. A cidade é separada pelo Rio Acre de Cobija, capital do departamento boliviano de Pando.
O posto da PF conta apenas com três policiais para cuidar de um lugar por onde entram imigrantes paquistaneses e haitianos. Os agentes fazem apenas o controle imigratório. Segundo relatório, não há controle ou repressão ao tráfico e outros crimes.
- Considerando que aquela é uma fronteira com um país considerado o segundo maior produtor de cocaína no mundo, é no mínimo estranho que a Polícia Federal não reforce esta linha de contenção aos criminosos.
O relatório da Fenapef alerta sobre a rota alternativa de Brasiléia, outra cidade acreana separada de Cobija apenas pelo Rio Acre:
- Mas se o traficante quiser andar um pouco mais, pode entrar no Brasil por Brasiléia onde um único posto da Receita Federal marca a presença do estado. Um prato cheio para a bandidagem que atua na fronteira.
Nas três fronteiras
O relatório da Fenapef afirma que o Brasil, em termos de combate ao narcotráfico com países produtores e distribuidores, está 100% ineficaz, pois desconhece a porta de entrada para armas, drogas e contrabando.
A 100 quilômetros de Epitaciolândia, está a sede Assis Brasil, na fronteira com o Peru e a Bolívia. Do outro lado do Rio Acre está a cidade de Iñapari, no Peru.
Apenas três agentes federais fazem o procedimento imigratório. Além deles, a Receita Federal e alguns membros da Policia Militar, cujas atribuições não preveem fiscalização de fronteira, fazem a verificação dos veículos que por ali transitam.
Segundo a Fenapaf, a ineficácia, não pode ser atribuída aos policiais que estão nas fronteiras do país, mas à administração federal.
Plácido de Castro
A Fenapef visitou o posto da PF de Plácido de Castro, a 100 quilômetros de Rio Branco. Do lado boliviano, o município de Puerto Evo Morales. Segunda a organização, o posto situa-se a um quilômetro da fronteira, quando deveria estar na fronteira.
O absurdo chega ao ponto de o posto ter horário de funcionamento, afirma a Fenapaf. Das 8 horas às 18 horas, dois policiais se dedicam única e exclusivamente ao controle imigratório. Segundo fontes ouvidas pela Fenapef, além do tráfico de cocaína, o contrabando de cigarros é intenso na região.
A Fenapef assinala que, mesmo arriscando as próprias vidas, os dois agentes efetuam prisões e apreendem cocaína e contrabando. Os dois policiais têm à disposição para as “operações” uma viatura Blazer cujo ano de fabricação é 2001, sem qualquer tipo de manutenção e que “deveria estar num museu”.
José Carlos Calazane, superintendente da Polícia Federal no Acre |
Superintendente contesta denúncias
O superintende José Carlos Calazane disse que policiais federais estão atuando nos postos de fronteira juntamente com a Força Nacional da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Na avaliação dele, tem havido, nos últimos anos, aumento do efetivo da Polícia Federal e melhorias das condições de trabalho dos agentes no Acre.
- Dizer que os coletes balísticos estão vencidos há mais de três anos e que isso parece norma é outra meia verdade. Alguns coletes estão vencidos porque tem prazo de validade. Já solicitamos à Brasília que fosse autorizada a compra de novos coletes. A direção da Polícia Federal já nos comunicou que será feita uma grande licitação e que o Acre vai receber um lote expressivo de coletes para seus agentes.
Calazane disse que foi surpreendido pelas denúncias e admitiu que a superintendência da PF no Acre enfrenta carências.
- Temos carências, claro, mas não estamos em situação calamitosa. É uma injustiça dizer que a nossa administração é ineficaz no combate aos crimes por conta dessas carências. Constantemente, em todos os postos mencionados como calamitosos, temos agido e conseguido aumentar o numero de prisões e apreensões.
Calazane acrescentou que o relatório da Fenapef não dispõe de nenhuma foto que realmente demonstre situação calamitosa dos postos da PF na região de fronteira com Peru e Bolívia.
- Nós evoluímos tanto nos últimos que em quatro postos contamos com sistema de raio-x para averiguar o transporte de bagagem de passageiros. Não quero me manifestar sobre os motivos políticos que possam ter impulsionado pessoas a agirem dessa maneira.
- Dizer que os coletes balísticos estão vencidos há mais de três anos e que isso parece norma é outra meia verdade. Alguns coletes estão vencidos porque tem prazo de validade. Já solicitamos à Brasília que fosse autorizada a compra de novos coletes. A direção da Polícia Federal já nos comunicou que será feita uma grande licitação e que o Acre vai receber um lote expressivo de coletes para seus agentes.
Calazane disse que foi surpreendido pelas denúncias e admitiu que a superintendência da PF no Acre enfrenta carências.
- Temos carências, claro, mas não estamos em situação calamitosa. É uma injustiça dizer que a nossa administração é ineficaz no combate aos crimes por conta dessas carências. Constantemente, em todos os postos mencionados como calamitosos, temos agido e conseguido aumentar o numero de prisões e apreensões.
Calazane acrescentou que o relatório da Fenapef não dispõe de nenhuma foto que realmente demonstre situação calamitosa dos postos da PF na região de fronteira com Peru e Bolívia.
- Nós evoluímos tanto nos últimos que em quatro postos contamos com sistema de raio-x para averiguar o transporte de bagagem de passageiros. Não quero me manifestar sobre os motivos políticos que possam ter impulsionado pessoas a agirem dessa maneira.
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