7 de mai. de 2021

Grupo Globo anuncia que revista Época não vai mais circular

A decisão acontece após a percepção de que revistas semanais impressas vêm perdendo relevância devido à internet

Reprodução

Metrópoles.com - Leo Dias - Após 23 anos, a revista Época deixará de circular semanalmente de forma impressa. A partir do dia 28 de maio, o conteúdo passa a ser publicado como uma seção dentro do jornal O Globo, tanto no digital, diariamente, quanto no papel, em um espaço fixo aos sábados para debates mais aprofundados sobre os principais temas do país e do mundo.

“O site da revista migrará para o site do jornal e passará a fazer parte do conteúdo disponível ao assinante. Na edição impressa de O Globo, Época terá páginas fixas aos sábados, sempre com reportagens de fôlego. E também ocupará espaços nas páginas do jornal nos demais dias da semana, com uma presença mais analítica e reflexiva do noticiário”, informou o Grupo Globo em comunicado.

A decisão acontece após a percepção de que revistas semanais impressas vêm perdendo relevância devido à internet, que mudou o ciclo de notícias. A audiência digital vem tendo um crescimento global, enquanto há um declínio das vendas em bancas em todo o mundo. A escalada da pandemia do coronavírus deu impulso a essa tendência, gerando uma demanda sem precedentes por notícias de maneira rápida.

Leia o comunicado do Grupo Globo na íntegra:

Olhar para o futuro sempre foi a vocação da revista ÉPOCA. O primeiro número, que circulou em 25 de maio de 1998, detalhava expectativas e preocupações dos brasileiros e refletia sobre “um futuro melhor”. Neste maio de 2021, quando a revista completa 23 anos, ÉPOCA, mais uma vez, mira os novos tempos.

Na última década, os incontáveis desafios impostos pela internet mudaram radicalmente o ciclo das notícias. A dinâmica de uma revista semanal de notícias impressa começou a perder relevância em um tempo em que os furos de reportagem são publicados em tempo real e alertados nas telas dos celulares.

No Brasil, o conteúdo publicado digitalmente pelas principais revistas semanais de informação vem crescendo em alcance nos últimos anos, seguindo a tendência de aumento de consumo de notícias na rede. Em janeiro de 2017, eram 16 milhões de visitantes únicos nos sites das quatro principais publicações semanais do país. Em março deste ano, foram 55 milhões.

Esse crescimento global da audiência digital, no entanto, se deu em meio a um declínio das edições impressas de revistas semanais de informação em todo o mundo. Ainda no início da década passada, a mítica Newsweek chegou a encerrar sua edição impressa após 75 anos de circulação.

ESPAÇO FIXO AOS SÁBADOS

Gradativamente, o público começou a trocar as edições impressas das revistas semanais pelo conteúdo disponível na internet. Se antes a audiência de uma publicação se media pelas vendas em banca e pela quantidade de assinaturas, e era contada em dezenas ou centenas de milhares, hoje o conteúdo das revistas chega a dezenas de milhões, em qualquer lugar do Brasil e do mundo.

A escalada da pandemia do coronavírus deu ainda mais impulso a essa tendência, gerando uma demanda sem precedentes por notícias, análises e opiniões de qualidade e relevância. A audiência do jornalismo profissional cresceu no mundo inteiro em 2020, em grande parte por causa da necessidade de conteúdo confiável, em contraponto a boatos e fake news que se espalharam pela rede.

É para enfrentar essa transição e continuar a oferecer ao leitor informação aprofundada e de qualidade — e no tempo que ele deseja — que ÉPOCA vai se reinventar. A partir do dia 28 de maio, a revista deixa de circular semanalmente na forma impressa, e seu conteúdo passa a ser publicado como uma seção dentro do jornal O GLOBO, tanto no digital quanto no papel.

Em um momento no qual o diálogo se mostra ainda mais imprescindível para a compreensão da realidade, o GLOBO ganha uma nova plataforma de debates aprofundados sobre os principais temas do país e do mundo, sempre atenta à diversidade de opiniões, à pluralidade de vozes e ao espaço para o contraditório. Para o GLOBO, que dialoga cada vez mais com um público espalhado pelo país, a união de forças é mais um passo na consolidação do compromisso em ser o maior e melhor jornal nacional.

Com a mudança, o site da revista migrará para o site do jornal e passará a fazer parte do conteúdo disponível ao assinante. Na edição impressa do GLOBO, ÉPOCA terá páginas fixas aos sábados, sempre com reportagens de fôlego. E também ocupará espaços nas páginas do jornal nos demais dias da semana, com uma presença mais analítica e reflexiva do noticiário. Os assinantes da revista terão a opção de migrarem, sem custos adicionais, para o GLOBO digital.


FUROS HISTÓRICOS

Seções fixas de grande repercussão na revista, como as entrevistas do “Concordamos em discordar”, reunindo autoridades com opiniões divergentes para discutir um tema do momento, e os relatos em primeira pessoa do “Vivi para Contar” também estarão presentes nas diferentes editorias do jornal. Alguns colunistas e colaboradores vão continuar a produzir conteúdo para essa nova fase. A edição impressa de ÉPOCA voltará em ocasiões especiais, para discutir com ainda mais profundidade temas cruciais para ajudar o leitor a entender os novos tempos.

Ao longo de 23 anos, ÉPOCA deu furos históricos e colecionou dezenas de prêmios. Foi ela que revelou o primeiro escândalo de corrupção do governo Lula, ainda em 2004, com a reportagem que mostrava Waldomiro Diniz, um dos auxiliares mais próximos de José Dirceu na Casa Civil, pedindo propina e recursos para campanhas do PT ao bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Suas reportagens sobre Direitos Humanos renderam quatro prêmios Vladimir Herzog. Foram trabalhos que mostravam as complexidades dos brasileiros que acabam a vida em casas de repouso, histórias do povo da Amazônia ameaçado de extinção, relatos sobre quem está sob risco de vida na disputa de terras pelo Brasil, descrições de quem vive em busca de ouro no meio da floresta.

ÉPOCA foi a primeira revista brasileira a ter uma edição verde anual, antecipando uma discussão sobre o meio ambiente que hoje está no topo das prioridades em qualquer país. E sempre teve uma cobertura pioneira e arrojada em tecnologia, educação, saúde, mundo do trabalho e comportamento.

Entre muitos reconhecimentos nesses campos, a revista faturou três prêmios Esso, o mais importante do país. ÉPOCA revelou como a falta de transparência nas cobranças de contas hospitalares leva pacientes à falência, publicou histórias da luta para que o Sistema Único de Saúde (SUS) pague tratamentos caros a quem precisa e lançou um olhar sobre o sombrio tema do suicídio entre jovens. Foram ainda dois prêmios Esso por criação gráfica.

Entre as dezenas de premiações, se destacam ainda nove prêmios Embratel.

Em 1999, ÉPOCA levou o prêmio Caboré de Veículo de Comunicação do ano – Mídia impressa e eletrônica. No ano seguinte, em 2000, a revista ganhou o prêmio mais importante da publicidade mundial. “A semana”, um filme sobre a importância do tempo, foi o grande vencedor do Clio Awards, na categoria Cinema e TV. Em 2006, foi eleita veículo do ano pela Associação Brasileira de Propaganda (ABP).

REVISTA ACUMULOU PRÊMIOS

A reformulação da revista levou ÉPOCA a ser eleita em 2018 “Mídia do Ano” e “Veículo Impresso do Ano”, e seu design arrojado recebeu em 2020 o Latin American Design Awards. Em 2019, a revista faturou o Relatoría para la Libertad de Expresión (Rele), concedido pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, pela reportagem que mostrou que 102 pessoas com laços familiares foram nomeadas nos gabinetes do clã Bolsonaro ao longo dos 28 anos de exercício público. E, no ano passado, a revista acabou premiada com a medalha de prata no principal prêmio de design da América Latina, o Latin American Design Awards, na categoria editorial.

A quantidade e a importância dos prêmios que Época recebeu ao longo de 23 anos significam o reconhecimento da excelência e da relevância de seu jornalismo. Atributos que serão cuidadosamente preservados nas páginas do GLOBO.

“A chegada da ÉPOCA é uma grande notícia para os leitores do GLOBO. O jornal que mais cresceu e mais se nacionalizou no Brasil nos últimos anos estará agora ainda mais completo, com a publicação de conteúdos aprofundados que deram notoriedade à revista”, diz Alan Gripp, diretor de Redação do GLOBO.

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