18 de jun. de 2024

Alexandre Garcia: ‘O Brasil quer saber a verdade sobre esse estranho leilão de arroz’

 

Por Alexandre Garcia - Nesta terça haverá um depoimento importante na Comissão de Agricultura da Câmara: o de Neri Geller, ex-ministro da Agricultura de Dilma Rousseff, e que agora foi demitido do posto de secretário nacional de Política Agrícola do Ministério da Agricultura como bode expiatório pelo desastroso e escandaloso leilão do arroz. Ele vai lá para explicar que história é essa, como é que uma lojinha de queijo teria condições de entrar em um negócio que exigia R$ 36 milhões só de caução. Uma fábrica de sorvete também estava comprando 20 mil toneladas de arroz – iria fazer sorvete de arroz, quem sabe. Será muito esclarecedor esse depoimento.

Quarta-feira, na mesma comissão, será a vez do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para dizer, afinal, como é que surgiu tudo isso. Foi invenção do presidente Lula, que disse ter visto no supermercado – nunca ninguém registrou a presença dele em um supermercado – um saco de 5 quilos de arroz por R$ 35, e aí quis interferir no mercado importando arroz. Não sabe de onde, nem de quê; se vier da Ásia, é um arroz carregado de amido, bom apenas para comida asiática.

Em vez de socorrer os arrozeiros, atingidos por três secas consecutivas e depois pela enchente, e que ainda assim conseguiram colher 3,3 milhões de toneladas de arroz, com arroz goiano mais do que o suficiente para abastecer o mercado brasileiro e com sobra para exportar, Lula inventou essa importação de 1 milhão de toneladas de arroz, que ainda está de pé.


O lobby é forte, mas legalização de bingos e cassinos vai prejudicar muitas famílias 

No Senado, na próxima quarta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça vai decidir sobre bingos e cassinos. É um projeto de 1991, nunca vi tanto lobby nesses 30 anos. Gente de Las Vegas vem para cá fazer lobby. Falam em cassinos, estâncias hidrominerais, como era antigamente, para atrair turistas, dar emprego etc. Mas até agora o que se diz é que estes são grandes lugares de lavagem de dinheiro. O Datafolha mostrou que beneficiários de programas do governo gastam, só em loteria, R$ 100 por mês, um total absurdo.

Costumo dizer para as pessoas que nunca joguei na minha vida. Acho um absurdo existir uma jogatina patrocinada pela Caixa Econômica Federal sem que revoguem a Lei de Contravenções Penais, que considera contravenção o jogo que dependa da sorte. Futebol, vôlei, basquete não dependem da sorte, dependem da perícia dos jogadores. Já um sorteio depende da sorte. Isso é proibido pela Lei de Contravenções Penais, mas passaram por cima.

Vejo aqui uma publicação do senador Eduardo Girão na semana passada. “Continuemos mobilizados. O lobby da jogatina está jogando bruto. Quase ganhamos ontem [na semana passada], e acabamos com essa ameaça horrenda à ética, à vida e à família. O Centrão, percebendo que perderia, manobrou para adiar a votação, que será na próxima quarta-feira, que trata da liberação de centenas de cassinos e bingos pelo país. A iniciativa move muitos interesses que, definitivamente, não são do Brasil e dos brasileiros. Quem lucrará com isso? Conglomerados estrangeiros e magnatas. Não gera emprego, facilita a lavagem de dinheiro, incentiva o vício e devasta famílias”.

É verdade. O meu avô foi morto no cassino de Rivera. Ele emprestou dinheiro para um amigo, que foi à casa dele e mentiu dizendo que a mulher estava doente e precisava de dinheiro para comprar remédio. O amigo saiu e meu avô disse “garanto que ele foi para o cassino”. Foi para o cassino e encontrou o amigo jogando, no carteado. Meu avô pediu para os outros se retirarem, ficou ele jogando e ganhou do amigo. E disse ao amigo: “está aí a lição para você. Eu estou com o meu dinheiro de volta e você está me devendo o dinheiro que pediu emprestado”. Aí o sujeito, humilhado, puxou o revólver e matou meu avô. Só para mostrar aí uma das tragédias do jogo.

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