4 de jun. de 2024

Tarauacaense é o único acreano integrante da Força Nacional do SUS na operação RS


Por Wanglézio Braga - O enfermeiro Ramon Eleamen, integrante da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), é o único representante do Acre entre os 364 profissionais de saúde enviados pelo Ministério da Saúde (MS) ao Rio Grande do Sul (RS) para atender vítimas das enchentes. Natural de Tarauacá, no interior do Acre, Ramon está em sua primeira operação em situação de catástrofes, mas já possui experiência em operações humanitárias, tendo atuado em Roraima no ano passado.

Atualmente, Ramon trabalha na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no 2° Distrito de Rio Branco, e já teve passagens pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Ele é conhecido por suas palestras e capacitações na área da saúde e participou de uma missão da Força Nacional do SUS para atender os indígenas Yanomami em Roraima.


Em entrevista exclusiva ao AcreNews, Ramon descreveu a situação no Rio Grande do Sul após as enchentes, ressaltando o cenário de desespero das pessoas que perderam tudo. Ele destacou a importância do trabalho dos voluntários não só no atendimento médico, mas também no apoio psicológico aos desabrigados.

“Nós chegamos numa fase onde as águas estão baixando. Muitos bairros ainda estão alagados. Muitas pessoas estão desabrigadas. É um cenário de desespero. As pessoas tinham tudo antes da alagação, e perderam tudo com as enchentes. A gente também presencia a esperança de um povo muito guerreiro e trabalhador. Nosso grupo de voluntários veio com o intuito de prestar apoio e suporte não somente no quesito medicamentoso, mas de cuidado, de prestar apoio psicológico para essas pessoas”, disse.

Vale lembrar que as enchentes podem levar a surtos de doenças infecciosas como a leptospirose devido ao contato com água contaminada e saneamento inadequado. Voluntários assim como Ramon Eleamen são fundamentais na prevenção e controle dessas doenças, pois possuem experiência anterior em desastres e situações humanitárias, o que aumenta a eficácia da resposta.

O Rio Grande do Sul conta atualmente com 10 hospitais de campanha, incluindo os geridos pelo Exército, para auxiliar no atendimento às vítimas. Na primeira quinzena do mês de maio, o governo do RS informou que quase 270 hospitais e unidades de saúde foram afetados pela cheia, com 233 prédios danificados. Os hospitais de campanha desempenham um papel crucial para aliviar a sobrecarga do sistema de saúde local.

Ramon enfatizou a importância do suporte da Força Nacional do SUS aos hospitais locais, muitos dos quais continuam alagados ou destruídos. Ele destacou a satisfação de poder ajudar, mencionando a gratidão das pessoas atendidas como uma recompensa significativa pelo esforço de sair de casa e contribuir em uma situação tão crítica.

“A Força Nacional do SUS vem dando um suporte muito grande aos hospitais locais, pois muitas unidades de saúde continuam alagadas e outras estão destruídas. Com isso, as pessoas perdem a referência de local de atendimento e aí esses hospitais de campanha são fundamentais nisso para dar esse suporte, para desafogar o próprio sistema que já é bem complicado. Mas, a gente tá aqui para contribuir com a assistência desses pacientes”, explicou o enfermeiro.


Com serviços de saúde comprometidos e milhares de desabrigados, médicos, enfermeiros e outros profissionais voluntários atendem de forma improvisada nos abrigos, porém, são atendimentos que impactam positivamente na vida das pessoas atingidas e dos próprios profissionais socorristas. Os voluntários também podem treinar profissionais locais, deixando um legado de conhecimento e práticas aprimoradas.

“A sensação de poder ajudar nesse momento é muito incrível. A gente sai da nossa cidade com várias sensações do que a gente vai encontrar. Estar aqui e ouvir o relato das pessoas, seus agradecimentos, tudo isso já nos paga. Presenciar a alegria das pessoas, a sinceridade no olhar delas quando a gente faz o atendimento é muito bom. É uma troca muito boa”, concluiu.

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