BERLIM — O presidente da Ucrânia, Volodímir Zelensky, anunciou neste domingo (14 de dezembro de 2025) que o país está disposto a renunciar formalmente ao sonho de se tornar membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) como parte de um esforço estratégico para impulsionar as negociações de paz com a Rússia. A declaração foi feita às vésperas de uma nova rodada de conversas em Berlim, que reúne representantes ucranianos, enviados dos Estados Unidos e líderes europeus com o objetivo de encontrar um caminho para encerrar o conflito iniciado em 2022.
A posição de Zelensky representa uma mudança significativa na política externa ucraniana, já que a adesão à OTAN vinha sendo um dos principais objetivos estratégicos do país e estava prevista na Constituição ucraniana como uma garantia de segurança diante de possíveis futuras agressões — especialmente por parte da Rússia.
Garantias de segurança no lugar da adesão
Zelensky afirmou que, em vez de buscar a filiação plena à OTAN, Kiev agora está focada em negociar garantias de segurança juridicamente vinculativas com os Estados Unidos, União Europeia, Canadá, Japão e outros parceiros ocidentais. Segundo ele, essa nova abordagem seria um compromisso ucraniano em troca de apoio efetivo que possa evitar futuras ofensivas russas.
Embora a renúncia à adesão à OTAN atenda a uma das exigências apresentadas por Moscou nas negociações de paz, Zelensky deixou claro que a Ucrânia não pretende ceder territórios já sob seu controle, rejeitando, por ora, propostas que impliquem na retirada de tropas ou entrega de áreas no leste do país.
O contexto das negociações
As conversas em Berlim contam com a participação de enviados especiais dos Estados Unidos — incluindo Steve Witkoff e Jared Kushner — e do chanceler alemão Friedrich Merz, entre outros líderes europeus. Os negociadores estão trabalhando para mediar um plano de paz que possa equilibrar os interesses de Kiev e as exigências russas, que há tempos afirmam que a Ucrânia deve abandonar seus planos de adesão à OTAN e aceitar um status de neutralidade como condição para um acordo duradouro.
A mudança de postura de Kiev ocorre em meio a uma intensificação das operações militares no terreno e a pressões diplomáticas crescentes por parte dos Estados Unidos e seus aliados para buscar uma solução negociada que ponha fim à guerra mais sangrenta na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O objetivo de Putin com a guerra na Ucrânia
Um dos principais objetivos declarados por Putin desde o início da crise é impedir que a Ucrânia entre na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) — uma meta repetida em discursos oficiais e que esteve no cerne das exigências russas antes e depois da invasão.
Segundo analistas, Moscou vê a expansão da OTAN rumo ao leste europeu, inclusive com a possibilidade da Ucrânia se tornar membro, como uma ameaça direta à sua segurança estratégica. Para Putin, uma Ucrânia integrada à OTAN significaria bases militares e capacidades ocidentais ainda mais próximas do território russo.


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