Brasília — Um novo estudo divulgado pela CNI nesta quinta-feira (27) revela que, caso o Brasil passasse a produzir internamente cerca de 30% dos produtos de defesa hoje importados, o país poderia gerar até 226 mil empregos diretos e indiretos e arrecadar aproximadamente R$ 9,9 bilhões em tributos e contribuições sociais.
O levantamento, apresentado no âmbito da 26ª reunião do Conselho de Desenvolvimento da Indústria de Defesa (Condefesa), estima que o impacto total sobre o valor da produção no setor chegaria a cerca de R$ 60,9 bilhões, caso parte significativa da demanda hoje suprida por importações fosse atendida internamente.
Empregos de alta qualificação e inovação tecnológica
Segundo a simulação do Observatório Nacional da Indústria, entre os novos postos de trabalho criados haveria grande parte voltada à mão de obra especializada: engenheiros, técnicos e profissionais de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Esse reforço à base industrial de defesa não apenas diminuiria a dependência externa de equipamentos militares e de segurança, mas poderia também fomentar a inovação e gerar efeitos positivos em setores de tecnologia dual — com aplicações civis e militares — como telecomunicações, aeroespacial e eletrônica.
Estratégia para soberania e competitividade
Para os defensores da proposta, estimular a produção doméstica por meio de compras públicas e incentivos à indústria nacional representa uma estratégia capaz de impulsionar o desenvolvimento tecnológico, fortalecer a soberania nacional e dinamizar a economia — com geração de empregos qualificados e inovação estruturante em diversos setores.
Desafio da demanda e da estrutura produtiva
Atualmente, o Brasil importa uma média anual de cerca de R$ 70,8 bilhões em produtos de defesa e segurança — desde itens básicos como coletes balísticos e trajes antibombas até componentes avançados para mísseis e aeronaves. Por outro lado, o país já possui uma base industrial capaz de produzir armamentos, radares, aeronaves e sistemas militares; o que falta, segundo a CNI, é articular um ambiente institucional e de compras públicas que priorize o conteúdo nacional.
O estudo da CNI reacende o debate sobre a reconstrução e modernização da indústria de defesa brasileira — não apenas como ferramenta de segurança nacional, mas também como motor de desenvolvimento econômico, tecnológico e de geração de empregos qualificados. A adoção de políticas públicas que favoreçam a nacionalização de parte significativa da demanda poderia representar um salto importante para a autonomia produtiva e competitividade do Brasil no médio e longo prazo.


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