O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (16) a imposição de um bloqueio a todos os petroleiros “sancionados” que entram e saem da Venezuela, em mais um movimento de escalada da pressão política, econômica e militar contra o governo de Nicolás Maduro. A medida, segundo Trump, tem como objetivo sufocar o financiamento do narcotráfico e outros crimes que, segundo Washington, seriam sustentados pela receita do petróleo venezuelano.
O anúncio ocorre poucos dias após forças norte-americanas apreenderem um petroleiro próximo à costa da Venezuela, uma ação incomum que coincidiu com o reforço da presença militar dos EUA no Caribe. Em uma publicação nas redes sociais, Trump afirmou que a Venezuela estaria “completamente cercada pela maior armada já reunida na história da América do Sul” e prometeu intensificar ainda mais a pressão militar.
“Só vai aumentar, e o choque para eles será algo que nunca viram antes”, escreveu Trump, acrescentando que a campanha continuará até que a Venezuela entregue petróleo, território e ativos aos Estados Unidos — declaração que suscitou questionamentos quanto à sua base legal e política.
Procurado pela Associated Press, o Pentágono encaminhou todos os pedidos de esclarecimento à Casa Branca. Autoridades americanas têm defendido que as operações na região fazem parte de uma ofensiva contra o narcotráfico, mas críticos apontam que a estratégia pode estar ultrapassando os limites do direito internacional e da própria legislação dos EUA.
Desde o início do reforço militar, forças norte-americanas realizaram uma série de ataques contra embarcações no Caribe e no Pacífico que, segundo Washington, estariam ligadas ao tráfico de drogas. Esses ataques já teriam causado ao menos 95 mortes em 25 incidentes conhecidos, o que tem provocado críticas de parlamentares democratas e republicanos.
O governo Trump sustenta que a campanha foi bem-sucedida ao impedir que grandes quantidades de drogas chegassem ao território americano. Já o presidente venezuelano Nicolás Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é derrubá-lo para controlar as vastas reservas de petróleo do país. Essa interpretação ganhou força após declarações da chefe de gabinete de Trump, Susie Wiles, que disse à revista Vanity Fair que o presidente “quer continuar afundando navios até que Maduro se renda”.
A Venezuela possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo e produz cerca de 1 milhão de barris por dia, dos quais aproximadamente 850 mil são exportados. De acordo com Francisco Monaldi, especialista em petróleo venezuelano da Universidade Rice, cerca de 80% dessas exportações têm como destino a China, enquanto entre 15% e 17% seguem para os Estados Unidos por meio da Chevron, com o restante indo principalmente para Cuba.
Desde 2017, quando os EUA impuseram sanções severas ao setor petrolífero venezuelano, o governo Maduro passou a depender de uma frota clandestina de petroleiros, muitos sem bandeira, para escoar o petróleo no mercado internacional. A estatal PDVSA está excluída dos mercados formais e vende grande parte de sua produção com descontos significativos, sobretudo para compradores chineses.
Ainda não está claro como Washington pretende implementar o que Trump chamou de “bloqueio total e completo” dos petroleiros sancionados. Atualmente, a Marinha dos EUA mantém cerca de 11 navios na região, incluindo um porta-aviões e navios de assalto anfíbio, além de aeronaves de patrulha marítima P-8 Poseidon. Esses meios garantem ampla capacidade de vigilância e interdição do tráfego marítimo que entra e sai da Venezuela.


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