3 de dez. de 2012

A OFERTA DA VIDA




Jesus está no templo de Jerusalém, o centro do poder político e religioso de seu tempo. Aí se torna ainda mais evidente o contraste entre as lideranças do povo (os doutores da Lei) e as viúvas, que representavam as pessoas mais pobres e desprotegidas da sociedade.

Jesus vê o coração das pessoas, indo além das aparências. Ele vê o que está no mais profundo das decisões que tomamos e das ações que praticamos. Vê a vaidade, o vazio de quem faz as coisas apenas para aparecer. Vê a maldade de quem, usando a religião, explora a fé do povo, tal como os doutores da Lei.

Estes, de fato, deviam proteger as viúvas, mas acabavam cobrando pelo serviço uma quantia tal, que as viúvas muitas vezes tinham de lhes entregar até a própria casa.

Jesus vê o coração dos ricos e sua esmola, e vê o coração da pobre viúva e sua fé. Pois o que para os ricos era esmola, algo de supérfluo, para a viúva era tudo o que possuía para viver, uma aposta de vida e um abandono total nas mãos de Deus. Depositando aquelas duas moedinhas, a viúva na verdade estava depositando em Deus toda a sua vida e demonstrando, enfim, o que é a fé. A autêntica atitude religiosa é, de fato, entregar-se totalmente a Deus, em vez de simplesmente confiar no próprio poder e riqueza.

Somos hoje questionados sobre as intenções que trazemos no coração. Se podemos enganar os outros e a nós mesmos, com Deus nosso encontro só pode ser franco e sincero, sem máscaras e tapeações. Senão nunca será um encontro.

Somos igualmente questionados sobre a crueldade de práticas que, revestidas de religiosidade, não fazem mais que explorar a fé das pessoas simples e sinceras. É fundamental que cada cristão colabore na manutenção de sua comunidade de fé e sobretudo na promoção de seus membros mais necessitados. Mas o elogio de Jesus ao gesto da viúva nos leva a perguntar: é justo uma religião tirar de uma pessoa pobre tudo o que ela tem para sobreviver?

Não bastam boas intenções. Mas as boas intenções são a primeira condição para viver autenticamente a religião.

Pe. Paulo Bazaglia, ssp

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