PANROTAS - A aviação comercial brasileira deve ter o pior déficit de sua história no encerramento deste ano. O prejuízo deve ser superior a R$ 7,3 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). O valor é equivalente à soma dos resultados líquidos negativos registrados em três anos consecutivos pelo transporte aéreo (2011 a 2013), ou R$ 7,4 bilhões, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
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Segundo a Abear, o déficit está sendo impulsionado pela alta do dólar e pelo aumento de custos de 24% previsto para este ano, enquanto a receita deve crescer bem menos, ou 3,7%.
Eduardo Sanovicz, presidente da Abear |
“Esse cenário coloca em risco uma década de conquistas, pois saltamos de um patamar de 30 milhões para 100 milhões de passageiros”, avaliou o presidente da associação, Eduardo Sanovicz. “Com o câmbio nesse valor, não é admissível trabalhar com custos muito acima da média mundial, como é o caso do combustível”, completou, ainda lembrando que, até agosto, a cotação do dólar acumula valorização de 55% na comparação anual. “Cerca de 60% dos custos da aviação são dolarizados.”
Para 2016, as projeções também indicam déficit de caixa. O valor deve ser de até R$ 12,2 bilhões, caso a cotação do dólar fique em torno de R$ 4,44. Se a moeda americana for cotada na casa dos R$ 3,88, as perdas poderão se situar em R$ 11,4 bilhões.
Sanovicz ainda afirmou que o cenário precisa ser enfrentado com maturidade, caso contrário os passageiros voltarão ao transporte rodoviário. “A Abear apresentou, na semana passada, seis propostas para enfrentar a atual situação econômico-financeira ao ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Eliseu Padilha. Nesta quinta-feira, será a vez do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.”
Entre tais medidas, de acordo com a Abear, está o alinhamento do preço do querosene de aviação (QAV) com o mercado internacional, a eliminação da incidência do ICMS sobre o combustível, um “waiver” das tarifas aeroportuárias e de navegação com financiamento via Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) e a revisão da regulação das Condições Gerais do Transporte Aéreo, entre outros temas.
“Não estamos propondo a isenção de subsídios. Nossas contas nós assumimos. O que a gente não pode mais é trabalhar em um cenário no qual os insumos que recaem sobre as empresas tenham preços tão díspares em comparação com o mercado internacional”, afirmou Sanovicz.
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