Assem Neto - O ex-prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre Medici Aguiar, candidato a governador do Acre pelo PT, criou e, em seguida, aumentou expressivamente o esquema de pagamento de “gratificações” (termo usado para definir propina) no Deracre. Valores que variavam de R$ 20 mil a R$ 100 mil chegavam ao Deracre, trazidos por portadores de alta confiança dele enquanto diretor-presidente do Departamento de Estradas e Rodagem.
O dinheiro entrava sem que qualquer suspeita fosse levantada, dentro de sacolas com o timbre de lojas de moda ou em pastas camufladas. Um desses portadores trabalhou no Recursos Humanos do Deracre e esta arrolado como colaborador da Policia Federal (leia na ilustração). Ele deu detalhes da captação fraudulenta de recursos, mediante doações que eram solicitadas junto a empreiteiras. Era um pedido de empréstimo, com o argumento de “resolver pendencias”, mas com a garantia de ressarcimento posterior (confira mais abaixo o histórico da propina).
Convicções da Policia federal sobre o envolvimento do candidato do PT ao Governo do Estado, Marcus Alexandre
E, de fato, tudo era devolvido, com juros e correções que instituição financeira nenhuma teria coragem de cobrar. O ressarcimento era feito por meio de “medições falsas ou fictícias em obras de usinagem de asfalto, capina e aluguel de veículos”, segundo grifo da Policia Federal.
O detalhamento do esquema, possível graças a delação premiada negociada com a Policia Federal, esta num relatório parcial assinado pelo delegado Jacob Guilherme da Silveira Melo. Todos os depoimentos estão gravados em áudio e vídeo, comprovados com extratos bancários. A reportagem de acjornal teve acesso ao material, integralmente.
Delação do servidor do Deracre que fazia pagamentos de propinas a mando de Marcus Alexandre
Parte dos R$ 700 milhões – dinheiro publico desviado, segundo a Operação Buracos, era devolvida para empresas terceirizadas que bancaram a campanha eleitoral de Marcus Alexandre em 2014. O dinheiro era entregue em especie, em mãos, ou depositado em contas bancarias de um grupo escolhido pela direção do órgão, incluindo fiscais de obras, técnicos do quadro do Deracre e terceirizados, sempre obedecendo a orientações previas de Marcus Alexandre e do então diretor Administrativo, Edson Alexandre de Almeida Gomes. Planilhas apreendidas pela PF indicavam quantas e quais empreiteiras e empresários receberiam a propina.
O colaborador-delator, que fazia os pagamentos, revela que era obrigado a seguir orientações previas. Ele tinha livre acesso ao gabinete do ex-prefeito, que encaminhava a conversa através de bilhetes apreendidos pela PF, nos quais havia o seguinte recado: “fale comigo sobre esse assunto”.
Em seu relatório, o delegado afirma: “provas dos pagamentos de propina podem ser vistas nos bilhetes encontrados nas caixas de documentos do Setor de Recursos Humanos do Deracre, apreendidas pela Policia federal. Os bilhetes são assinados por Marcus Alexandre ou por Edson Alexandre e sempre ordenavam que a chefe do |RH fosse falar pessoalmente para tratar do pagamento de alguma vantagem ilícita que estava sendo pleiteada em papel”.
Na tipificação criminal, segundo o que foi apurado ate o momento, a Policia Federal diz ter elementos para enquadrar Marcus Alexandre nos seguintes crimes; peculato, organização criminosa, lavagem de dinheiro. A PF diz que, para finalizar a investigação, faltam oitivas de algumas pessoas citadas nas planilhas de propina.
O inquérito policial cita como envolvidos (todos, nominalmente) 28 servidores e ex-diretores do Deracre, oito servidores e ex-diretores do DNIT e 17 empresas e empresários.
Estima-se que toda a investigação seja concluída ate novembro. Em seguida, o processo sobe a Procuradoria Geral da Republica, que pode pedir prisões, indisponibilidade de bens e outras providencias.
Caso Marcus Alexandre seja eleito governador, ele pode não assumir o cargo, por ordem judicial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Atenção:
Comentários ofensivos a mim ou qualquer outra pessoa não serão aceitos.