3 de fev. de 2025

Trump e China: Cresce especulação sobre um possível acordo global


A diplomacia internacional acompanha com atenção os sinais de um possível acordo entre os Estados Unidos e a China, sob a liderança do presidente Donald Trump. A ideia de uma “grande barganha” entre as duas potências ganha força e poderia redefinir o equilíbrio global de poder, evitando um confronto direto entre Washington e Pequim. Entre os principais pontos em discussão estaria a retirada das tarifas punitivas impostas por Trump sobre produtos chineses em troca da pressão de Pequim para encerrar a guerra na Ucrânia.

A proposta de acordo teria implicações significativas tanto para a economia global quanto para o cenário geopolítico. Com a China desempenhando um papel crucial no suporte à Rússia, a negociação poderia impactar diretamente os rumos do conflito na Ucrânia. Caso a guerra seja encerrada, haveria uma redução nos preços de commodities essenciais, como petróleo, gás e fertilizantes, contribuindo para um ambiente econômico mais estável e facilitando cortes de juros ao redor do mundo.

Informes recentes apontam que a União Europeia já está considerando retomar a compra de gás russo, caso um acordo de paz seja alcançado. Para Trump, um desfecho bem-sucedido da negociação lhe garantiria uma importante vitória diplomática, com potencial para reivindicar um Prêmio Nobel da Paz, consolidando sua posição como negociador internacional.

Outros temas também estariam na mesa de negociação. Questões como o futuro da rede social chinesa TikTok, o status político de Taiwan e a participação de forças de paz chinesas na Ucrânia fazem parte das especulações sobre a amplitude desse possível pacto. Além disso, Trump tem defendido uma possível redução de arsenais nucleares entre EUA, China e Rússia, o que poderia reconfigurar a segurança global.

Analistas apontam que, caso essa barganha avance, poderá emergir uma nova governança global liderada por EUA e China, semelhante ao que ocorreu na Conferência de Ialta, durante a Segunda Guerra Mundial, quando o mundo foi dividido entre esferas de influência. No entanto, o papel da Rússia dentro desse possível acordo ainda é incerto.

O presidente russo Vladimir Putin declarou recentemente que está disposto a negociar a paz na Ucrânia, mas diretamente com Trump, o que reforça a possibilidade de que Moscou busque garantir seu espaço nas futuras negociações. O governo russo tem enfatizado a importância da Conferência de Ialta, celebrando seus 80 anos como um marco histórico.

A especulação de uma “Nova Ialta” também foi abordada na mídia ocidental. Um artigo da Bloomberg sugeriu que Trump, Xi Jinping e Putin poderiam estar negociando um “novo pacto global pós-guerra”, o que traria mudanças profundas para o sistema internacional. Críticos alertam, no entanto, que esse pacto seria mais baseado na força e na coerção do que em uma visão ideológica compartilhada, podendo levar a novos conflitos caso não haja consenso entre as potências.

Curiosamente, Trump tem adotado um tom mais conciliador em relação à China desde sua posse, apesar de durante sua campanha ter prometido tarifas de até 60% sobre produtos chineses. Até o momento, as tarifas anunciadas contra a China foram de apenas 10%, enquanto México e Canadá, aliados históricos dos EUA, foram alvos de taxas de 25%.

Esse cenário levanta questionamentos sobre os reais objetivos de Trump em relação à China. Seu pragmatismo e inclinação por negociações bilaterais sugerem que ele pode buscar uma solução de curto prazo que garanta estabilidade econômica e avanço de sua agenda política, deixando disputas estruturais para um futuro mais distante.

Caso essa grande barganha se concretize, ela poderá redefinir o equilíbrio global de poder, consolidando uma nova era de cooperação e pragmatismo entre EUA e China. No entanto, as incertezas sobre o papel da Rússia e a reação de aliados ocidentais ainda pairam sobre esse possível acordo, tornando seu desfecho imprevisível.


FONTE: The Economist, via Valor Econômico

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