5 de dez. de 2009

Prisão de jornalista deve ser motivo de reflexão para a categoria




(*) Nonato de Souza

Ao me reportar sobre o assunto “A Prisão do Muniz”, quero prestar minha solidariedade de público a um amigo de longas datas com quem tive o privilégio de trabalhar junto por muitos anos, quando eu fazia parte do quadro de funcionários do Jornal O RIO BRABNCO. Foram exatos, nove anos e seis meses.
Esse lamentável e condenável episódio de sua prisão traz para o seio da categoria dos jornalistas, questionamentos há muito comentado nos bastidores. Até onde o jornalista deve “vestir a camisa” da empresa em que trabalha?
Qual deve ser o limite do envolvimento do profissional com as desavenças comercias, políticas ou sociais entre seu patrão, o dono do jornal, e o governo?
Quando o patrão reúne repórteres para informar que até segunda ordem, “nenhuma linha pode ser escrita a favor do governo e se houver consistência e provas, deve batido até pedir arrego”. Até onde o jornalista por “obedecer” tais recomendações?
Não há fato isolado para exemplos, onde o patrão consegue seus pleitos junto ao governo. Passa a fazer parte da lista de convidados em solenidades oficiais e sociais, enquanto o jornalista fica “queimado”, desprestigiado e em alguns casos, até sem espaço no campo de trabalho.
O profissional é usado como o braço armado do patrão para bater no governo. Feitas as pazes entre as “partes” o braço armado volta para o arsenal do paiol, até que se apresente nova frente de luta. Uma pouca vergonha que tem a ser levada para debates e discussões na próxima assembléia dos jornalistas.
Muniz é uma dessas vitimas. Eu igualmente, ainda sobrevivo a contas gotas, de antídoto para me desintoxicar do veneno que me impôs de “guela abaixo”, o “poço de maldades” que toda a imprensa do Acre conhece.
Meu erro? O mesmo cometido por Muniz. Ir para a frente de uma briga que não era minha. Os inimigos, agora são amigos. Eu, inimigo dos dois”. Quanto a dura punição imposta pela Justiça ao Muniz, faço a seguinte comparação.
O velho médico do interior, aprendeu na faculdade de medicina que remédio pra diarréia é “Enteroviofórmio”. Nunca soube que esse medicamento deixou de ser produzido pela indústria farmacêutica e ainda hoje o receita a seus pacientes.
A Lei de Imprensa usada para punir o Muniz, foi produzida pelos militares na época de ditadura. Há dois anos foi abolida do ordenamento jurídico e portanto, as punições com base na mal fadada lei, naturalmente foram abolidas também. Mas tem juiz que não sabe disso.
(*) Jornalista e servidor público, ex integrante dos quadros do Jornal o Rio Branco e Jornal A GAZETA por mais de 20 anos.


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