6 de fev. de 2012

Cadê Gilberto Carvalho? “Operação de guerra” é o que se vê na Bahia, governada pelo PT. “Barbárie”, presidente Dilma, são 86 assassinatos em 6 dias só na Grande Salvador

Sim, sempre começarei um texto sobre este assunto assim:  ACHO QUE GENTE ARMADA QUE FAZ GREVE TEM DE SER PUNIDA! Que os servidores dessa área busquem outras formas de protesto e reivindicação! Sempre fui. Em qualquer estado, em qualquer governo. Quem defendia greve de policiais era Lula; quem a financiava era Jaques Wagner, quando ambos estavam na oposição. Em 2001, o agora governador contribuía até financeiramente para o “movimento”; agora, ele articulou com as forças federais a prisão dos líderes grevistas. Em 2001, insuflava os militares a se rebelar contra um governo do PFL; em 2012, o Planalto, comandado por seu partido, manda helicópteros sobrevoar a Assembléia Legislativa para intimidar os grevistas. O que mudou? Ora, o PT, agora, está do outro lado do balcão! Greve contra seus adversários é virtude; greve contra os petistas é um crime que tem de ser punido com prisão. Por que sou diferente deles também nisso? Eu era contra em 2001 — e escrevi contra — e sou agora. ATENÇÃO! O objeto deste texto é outro. Esta abertura serve para deixar bem claro um ponto de vista e para expor, ainda outra vez, o espetáculo de vigarice política dessa gente. Vamos ao ponto.

Se vocês recorrerem à área de procura do blog, ali ao lado da fotinho daquele senhor simpático, verão desde quando escrevo sobre a escalada de violência na Bahia. Os primeiros textos são de 2009 (as palavras-chave são “homicídios, Bahia” — sem vírgula e aspas). Parecia-me evidente que algo andava muito mal no Estado. Houve uma verdadeira explosão de homicídios. O estado era só o caso mais escandaloso, mas não era único, diga-se. As mortes cresceram de forma acentuada no Nordeste nos últimos anos, com raras exceções.

Ter boa memória é uma dádiva. Eu tenho. No dia 9 de julho de 2010, com base nos dados do Mapa da Violência, fiz a minha própria tabela sobre a evolução dos homicídios nos estados brasileiros, comparando os números do último ano do governo FHC (2002) com os de 2007 — depois de cinco anos, portanto, da gestão Lula. E PERCEBI QUE A VIOLÊNCIA NO NORDESTE HAVIA CRESCIDO DE MODO ASSUSTADOR. Revejam a tabela. Reparem que o maior salto havia acontecido justamente na Bahia: 97,7%. Caía por terra o mito de que a responsável pela violência é a pobreza. Não é, não! O Nordeste foi a região que mais cresceu no período. Aí alguns cretinos resolveram inverter a equação e sustentar que o crescimento é que gera violência. Vejam. Volto depois.



Voltei
Observem que, em cinco anos de governo Lula, mesmo sem uma miserável política pública de combate à violência, o índice de homicídios caiu 11,57% no país. Pois é… Quem respondeu por aquela queda? São Paulo, onde houve uma queda de 60,5%. Entenderam? A polícia deste estado, que vive sendo demonizada pelo governo federal, respondia praticamente sozinha pela queda do índice nacional de homicídios.

Mas voltemos à Bahia. Alguém dirá: ‘Reinaldo, em 2007, Wagner estava no governo havia apenas um ano”. É, eu sei. Só que, daquele 2007 para cá, os mortos saltaram de 25,7 por 100 mil habitantes para 37,7 (2010) — um salto de 32%. Isso quer dizer que o governo federal — Lula — assistiu inerme à explosão de violência no Nordeste, e Wagner foi particularmente desastroso na Bahia. Abaixo, segue outra tabela, com dados de 2000 e 2001. Os homicídios cresceram 300% na Bahia, que pulou no 23º lugar no ranking dos estados que mais matam para o 7º. São Paulo fez a trajetória inversa: do 4º para o 25º. A capital paulista é aquela em que menos se mata hoje no Brasil.


Qual o segredo?
Os tontos, os que desprezam os dados, os que ignoram a verdade, os que preferem a ideologia aos fatos (e vou lhes contar na tarde desta segunda uma historinha escandalosa, protagonizada por um brasileiro ongueiro, lá na Venezuela…), gostam de afirmar que São Paulo logrou tal êxito por causa do Estatuto do Desarmamento e das campanhas dos governos petistas para recolher armas!!! Uau!!! E por que isso tudo teria sido eficiente em terras paulistas, mas não nas baianas?

Porque isso é falso! São Paulo diminuiu drasticamente os mortos sabem como? Metendo bandido na cadeia — com 23% da população, tem 40% dos presos. O estado não prende muito. O resto do país é que prende pouco. O resultado é este que se vê. É claro que há algo de muito errado na Bahia mesmo quando os policiais estão trabalhando. O governo de Jaques Wager é incompetente para meter bandidos na cadeia. Isso não tem a ver apenas com a eficiência do policiais: é preciso que se indague QUE DIABO DE POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA ESTÁ EM CURSO NO ESTADO. O número de homicídios disparou depois da greve. Mas já era um descalabro antes dela.

Operação de guerra e barbárie
Gilberto Carvalho, o ministro boquirroto, está vendo agora o que é uma “operação de guerra”. É aquilo que está em curso na Bahia. Os blindados estão nas ruas; helicópteros sobrevoam a Assembléia Legislativa; as tropas da Força Nacional de Segurança fazem a patrulha; um destacamento da Polícia Federal caça os grevistas. Dilma pode constatar a “barbárie” nos 86 corpos. É claro que o movimento tem de ser duramente reprimido, como tinha aquele de 2001, que chegou a ser financiado pelos petistas!

A BAHIA NÃO PODE RECOBRAR A VELHA NORMALIDADE, NÃO!
Atenção, cidadãos baianos de bem, a esmagadora maioria! Não permitam que o governador Jaques Wagner apenas recobre a “normalidade” de seu governo porque se trata de uma normalidade anormal. É preciso começar a operar na anormalidade do padrão Wagner, com seus 37,7 mortos por 100 mil habitantes — muito acima da média naciona, já assombrosa.

Uma greve de polícia é sempre um evento desgastante, sim, que traz grandes riscos para a sociedade. Mas a onda de homicídios que se seguiu à paralisação dos policiais indica que a política de segurança pública do governo petista é um desastre.

Transforma a Bahia numa praça de guerra, ministro Carvalho!
Leva a barbárie às ruas, presidente Dilma!

PS: Sim,  os petralhas ficam irritados comigo. Não sou doce de coco. Podem me odiar à vontade. Mas que tal contestar os números?
Por Reinaldo Azevedo

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