15 de nov. de 2012

CIRCULA UM E MAIL DIZENDO QUE CAMARÃO COM VITAMINA 'C' MATA, TUDO BOBAGEM



Como não estamos aqui para julgar a imprecisão do texto, o desencontro e a falta de informações, e o tom alarmista como todas as “notícias” sobre estes tipos de interações, vamos avaliar do ponto de vista toxicológico clínico.

Começando com a maior bobagem do texto, este tal de 5-potássio-arsênico que ninguém conhece! Nem mesmo os pesquisadores da Universidade de Chicago! Ao procurar por “5-potassium arsenic”, no site da Universidade1, não há nenhum estudo a respeito. Outro ponto, este tipo de nomenclatura é utilizada para compostos químicos orgânicos, que necessariamente devem conter carbono e hidrogênio em sua estrutura, portanto, se é que existe e possível somente ainda sob condições ideias, o produto da reação do potássio com o arsênico chamar-se-ia arseniato de potássio. Pior ainda, o alienado autor tenta convencer que este 5-potássio-arsênico é também conhecido como óxido arsênico, (As2O5), que ironicamente não contém potássio (K). Mais absurdo, o fantasmagórico 5-potássio-arsênico perde misteriosamente seu potássio e acaba se transformando no arsênico sob a forma de trióxido de arsênico, (As2O3)!
            Seguindo, o médico X do texto diz que "o arsênico foi produzido no estômago da vítima". Só que no diz respeito à morte, este arsênico deve ser absorvido para causar intoxicação, porque somente presente no estômago não ocorreria o falecimento. É preciso que este elemento químico tóxico esteja, portanto, na corrente circulatória do indivíduo.
            Supondo que realmente ocorreu uma absorção, o texto inicia apontando que esta mulher de Taiwan morreu de repente com sinais de hemorragia em seus ouvidos, nariz, boca e olhos. Intrigante afirmação porque segundo a Dilza Maria Bassi Mantovani, pesquisadora com mestrado da ITAL e palestrante da 2ª Conferência: “Contaminantes Inorgânicos na Cadeia Produtiva do Pescado” no evento “I Simpósio de Controle do Pescado: Qualidade e Sustentabilidade”, baseado em pesquisas científicas do Laboratório de Tecnologia do Pescado, afirma que:
“A intoxicação crônica por arsênio pode causar vários problemas, incluindo: doenças de pele, como queratose e hiperqueratose; diferentes tipos de câncer, principalmente o de pele e de pulmão; além de disfunções nos sistemas circulatório e nervoso”.
            Porém, supondo uma morte instantânea, portanto, por um envenenamento agudo, a mesma pesquisadora diz:
“O envenenamento agudo é clinicamente caracterizado por náuseas, vômito, diarreia e dor abdominal severa, apesar deste tipo de envenenamento ser considerado raro”.
            E ainda,
“A absorção de arsênio por via digestiva, veiculado por água e alimentos, pode alcançar 90% do total ingerido, em se tratando de suas formas inorgânicas trivalentes e pentavalentes”.
          Então, logicamente, haveria uma enorme quantidade de arsênico no sangue desta vitima! E ai?

            Para terminar, o distinto autor termina com uma frase pedindo para que o hoax seja repassado ao maior número de pessoas possível: "Depois de ler isto, por favor, não seja egoísta. Encaminhe este texto a tantos quanto puder". Pior ainda, é assinada por uma dita médica Ana Lúcia da Silva Lages do Hospital São Luiz-SP, que quando procurado por seu nome no site², não existe também!
               Portanto,

5-POTÁSSIO-ARSÊNICO + ANA LÚCIA DA SILVA LAGES = BOBAGEM BANAL !!!

Moral da História: Olha só a importância da análise toxicológica. Com básicos conceitos da toxicologia, podemos invalidar esta notícia. Sendo assim, as análises toxicológicas desempenham um importante papel na nossa atualidade, pois pretendem estabelecer uma conexão causal entre um determinado evento e o efeito tóxico.
Fourtox

Um comentário:

  1. a médica existe, é de Niterói, RJ.
    Mas se ela escreveu isso, ainda não sei.

    ResponderExcluir

Atenção:
Comentários ofensivos a mim ou qualquer outra pessoa não serão aceitos.