9 de out. de 2014

ONU EXIGE LIBERTAÇÃO IMEDIATA DE LEOPOLDO LÓPEZ


Opositor está preso há oito meses após liderar protestos na Venezuela

Preso. Leopoldo López, na sua cela - El Nacional/GDA / El Nacional/GDA/8-6-2014

POR JANAÍNA FIGUEIREDO  - BUENOS AIRES - As Nações Unidas divulgaram nesta quinta-feira uma resolução na qual afirmam que o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, deve liberar, de forma imediata, o dirigente opositor Leopoldo López, preso desde 18 de fevereiro sob acusação de incitar a violência nos protestos contra Maduro e causar a morte de militantes chavistas.

A próxima audiência do caso López será no dia 14 de outubro, segundo informou sua mulher, Lilian Tintoti, através de sua conta no Twitter. Lilian desmentiu recentemente rumores sobre supostas negociações entre López e o Palácio Miraflores para abandonar o país e assegurou que o dirigente opositor continuará “lutando pela libertação da Venezuela”. Das mais de 3 mil detenções ocorridas no país, desde que começou uma onda de protestas contra Maduro, em meados de fevereiro, o líder do Vontade Popular é uma das 30 pessoas que continuam presas.

O pedido de libertação foi elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, após um intenso processo de investigação. “A detenção do senhor Leopoldo López constitui uma detenção arbitrária”, frisou o documento. Segundo as Nações Unidas, o governo venezuelano não garantiu a López “o legítimo direito à defesa”.

A contundente ação da ONU chega num momento em que a Venezuela vive novas ameaças à liberdade de imprensa. Poucos dias após a demissão do caricaturista Roberto Weil, até pouco tempo estrela da revista “Dominical”, do grupo Últimas Notícias, o histórico jornal “Tal Cual”, dirigido pelo ex-guerrilheiro, ex-ministro e ex-candidato à Presidência Teodoro Petkoff, anunciou seu “iminente” fechamento por problemas de impressão.

Com uma oposição visivelmente enfraquecida e um clima de violência cada vez mais intenso, a situação dos meios de comunicação privados e independentes também está ficando cada vez mais complicada. Nos últimos tempos, sete jornais venezuelanos deixaram de circular definitivamente, 13 temporariamente e 33 foram obrigados a reduzir suas páginas, em alguns casos, em mais de 70%. No caso do “Tal Cual”, símbolo da imprensa independente do país, a empresa informou que o provável fechamento será consequência de supostas dificuldades “técnicas” da companhia de impressão e distribuição, controlada por empresários alinhados com a revolução bolivariana. O jornal disse estar em condições de continuar circulando somente até o próximo dia 22 de outubro. “A imprensa local vive em estado de precariedade total. Seus vizinhos latino-americanos generosamente enviaram papel para nos ajudar”, comentou o "Tal Cual", em seu editorial.

— O iminente fechamento do jornal "Tal Cual" mostra que o cerco à imprensa crítica ou independente na Venezuela é quase total. Já fecharam outros jornais e os que restam são vendidos a amigos do poder ou têm edições reduzidas, como o “El Nacional” — disse ao GLOBO Claudio Paolillo, da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).

Para ele, a Venezuela está caminhando para se transformar numa “segunda Cuba”.

— É uma vergonha que governos democráticos da região e a Organização de Estados Americanos não denunciem estes gravíssimos atentados do regime autoritário de Nicolás Maduro — enfatizou Paolillo.

Já o caricaturista da revista “Dominical” foi demitido, segundo admitiram fontes da empresa, por pressões “de alguém muito poderoso”. Para a última edição, Weil havia desenhado um velório de um rato. A revista decidiu não veicular o desenho, que setores do chavismo consideraram que era uma ofensa ao deputado chavista Robert Serra, assassinado na semana passada. A caricatura, no entanto, foi feita antes da morte do deputado — a revista é impressa na terça-feira e o assassinato aconteceu na quarta-feira. Mas as pressões (e agressões nas redes sociais) foram fortes e a revista optou por demitir Weil.

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