Grávida de 7 meses, Camila usa repelente quatro vezes por dia
Raquel Ramos e Gabriela Sales - Hoje em Dia - Mesmo com o alerta máximo emitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a rápida propagação do zika vírus, o governo brasileiro não agiliza ou muda as ações de combate ao Aedes aegypti. Até agora, tudo que se vê são sucessivas reuniões, sem que propostas mais agressivas sejam apresentadas. Além de acabar com os focos de procriação do mosquito dentro de casa, resta à população se proteger por conta própria, seja com a compra de repelentes seja com o uso de roupas compridas.
Só ontem – três meses depois que o zika foi reconhecido como uma grave ameaça à saúde pública – a União decidiu ampliar a participação do Exército nos trabalhos. A estimativa da Defesa Nacional é que o número de agentes envolvidos na luta contra o inseto passe de 900 para 220 mil (160 mil do Exército, 30 mil da Marinha e 30 mil da Força Aérea).
Eles serão responsáveis por participar de mutirões de limpeza, campanhas educativas em escolas e de outra ações que começam hoje e se estendem até 19 de fevereiro.
Em Belo Horizonte, porém, as discussões estão atrasadas. Até o momento, informou a Secretaria de Comunicação da 4ª Região Militar, só está certo o empenho de mil homens, em 13 de fevereiro, dia nacional de conscientização sobre a gravidade do problema.
A atuação do Exército da capital nas outras etapas de mobilização ainda será discutida em reuniões que devem ocorrer este mês.
Proliferação
Enquanto isso, o Aedes aegypti continua a ganhar força. No Brasil, já são 270 casos de microcefalia relacionados ao zika confirmados. Outros 3.448 continuam em investigação.
Mas a quantidade exata de enfermos é desconhecida. A explicação do Ministério da Saúde é que a notificação não é compulsória. Além disso, cerca de 80% das ocorrências são assintomáticas. A estimativa é a de que 500 mil a 1,5 milhão de pessoas tenham contraído o zika vírus só em 2015.
E o alastramento da doença segue em ritmo acelerado pelo mundo. Até o início da semana passada, os casos de zika estavam restritos a 18 países. Ontem, o vírus já tinha atingido nações – inclusive algumas ilhas da Oceania.
“De fato, é uma ameaça mundial. Estamos em um mundo globalizado e podemos ir de um país ao outro em questões de horas”, diz a infectologista Marise Oliveira Fonseca, professora da Faculdade de Ciências da UFMG. Segundo ela, o problema é menor em regiões mais frias, onde o mosquito não consegue sobreviver. “Mas para quem vive nos trópicos, o risco é grande. É muito difícil controlar doenças transmitidas por um vetor, ainda mais o Aedes, que está tão adaptado à área urbana”.
Gestantes e idosos são os que mais compram repelentes
Para se proteger contra o zika vírus, repelente. Em Belo Horizonte, a procura pelo produto é grande. Farmacêutico e gerente de uma rede de drogarias, Alexandre Magalhães Viana afirma que a maior parte da clientela tem até receita médica.
“Não é necessário, mas muitas grávidas trazem o receituário para seguir a orientação médica”.
Além das gestantes, segundo Alexandre, jovens com passeios marcados para o litoral e idosos buscam os repelentes, cujos preços variam de R$ 18 a R$ 58. “A composição é a mesma. O que muda é o tempo de ação na pele”, explicou.
Grávida de sete meses, a empresária Camila Martins Dornas de Azevedo, de 33 anos, não fica sem a proteção.
“Aplico quatro vezes ao dia. Minha família montou uma força-tarefa para que eu não esqueça de passar”.
Ela conta que, quando a doença foi divulgada, teve dificuldade de encontrar o produto nas farmácias. “Há pouca informação a respeito do problema e todo mundo quer se proteger. A sensação que tive foi que as indústrias não estavam preparadas para tanta demanda”, avaliou.
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