Cristina Marcondes é casada com Mauro Marcondes; escritório do casal pagou 2,5 milhões de reais a uma empresa de um dos filhos de Lula
Operação Zelotes investiga compra de MPs no governo Lula para beneficiar empresas do setor automotivo(Jorge Araújo/Folhapress)
A Polícia Federal prendeu na tarde desta segunda-feira, em São Paulo, a empresária Cristina Mautoni, acusada de integrar o esquema de compra de medidas provisórias no governo federal investigado na Operação Zelotes. Mulher e sócia do lobista Mauro Marcondes, preso preventivamente em Brasília por suspeita de operar o pagamento de propinas para viabilizar as MPs, Cristina foi detida em sua casa, no bairro do Morumbi, onde se recupera de uma cirurgia nas pernas. Segundo a defesa da empresária, ela foi levada pelos agentes em uma cadeira de rodas. A ordem de prisão foi dada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, responsável pelos processos da Zelotes.
Mauro e Cristina são réus em uma ação penal por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, os dois operaram esquema de pagamento de propina para conseguir a edição, pelo governo, e a aprovação, pelo Congresso, de medidas provisórias que concediam incentivos fiscais a montadoras de veículos.
A Marcondes e Mautoni Empreendimentos, empresa de lobby que pertence ao casal, fez pagamentos de 2,5 milhões de reais à LFT Marketing Esportivo, do empresário Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula. Os investigadores da Zelotes suspeitam que os repasses tenham ligação com as medidas provisórias. O filho de Lula alega ter recebido o dinheiro por serviços de consultoria esportiva.
Uma semana antes de a PF prender Cristina, Mauro Marcondes recebeu a visita do delegado Marlon Oliveira Cajado, um dos responsáveis pelas investigações. O advogado do casal, Roberto Podval, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que, no encontro, Cajado "chantageou" seu cliente para que fizesse acordo de delação premiada. Segundo Podval, a colaboração foi proposta como uma forma de Mauro Marcondes evitar a transferência de Cristina para uma unidade prisional.
O advogado disse que vai entrar com habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF1) para tentar tirar Cristina Mautoni do regime fechado. "O sr. Mauro Marcondes tem oitenta anos de idade. Com a prisão da mulher, uma menina de apenas 14 anos vai ficar em casa, sem pai e sem mãe, um ato absolutamente desnecessário", afirma Podval. "Nada existe nos autos, não há qualquer razão que justificasse essa prisão da sra. Cristina Mautoni."
(com Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Atenção:
Comentários ofensivos a mim ou qualquer outra pessoa não serão aceitos.