17 de abr. de 2017

Chefe do setor de propinas da Odebrecht diz que acertou pagamento de R$ 300 mil com Jorge Viana em hotel em São Paulo




Luciano Tavares - O nome do senador Jorge Viana apareceu mais uma vez durante delação no âmbito da Lava Jato. Dessa vez, Hilberto Mascarenhas, chefe do setor de propinas da Odebrecht, disse durante depoimento na Procuradoria Geral da República em Ribeirão Preto (SP) que se encontrou em um hotel na cidade de São Paulo com o senador petista no período eleitoral de 2014, provavelmente agosto ou setembro, para acertar o pagamento de R$ 300 mil em propina para o parlamentar. A delação é do dia 15 de dezembro do ano passado.


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“O encontrei em um hotel em uma missão me delegada por doutor Emílio Odebrecht de combinar com ele uma parcela de R$ 300 mil em apoio a campanha dele.”

Hilberto Mascarenhas contou que foi ao encontro de Jorge Viana acompanhado de Fernando Migliaccio, um dos responsáveis pela administração do departamento de propina da empreiteira. O encontro serviu para combinar com Jorge Viana, segundo o delator, um “esquema de pagamento” com data e hora na capital paulista.

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“Fui acompanhado de Fernando Miggliacio porque eu sabia que ia ser combinado uma sistemática de pagamento e ele como tesoureiro teria que combinar com o senador Jorge Viana a forma de pagamento. Montar o esquema de pagamento, aonde ele iria receber. Era em São Paulo. Inclusive esse acordo dizia que era pra ser paga em São Paulo. Eu fui muito mais para dizer a ele (Jorge Viana) para dizer que o acordo estava autorizado, seria cumprido e que a pessoa responsável por cumpri-lo era Fernando (Migliaccio). Lá mesmo foi combinado a forma e a data, e depois foi operacionalizado esse pagamento.”

Hilberto Mascarenhas informou que o pagamento era feito pelo operador Álvaro José Novis, que já foi alvo da Lava-Jato.

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“R$ 300 mil não precisa ser pago em parcelas. Com certeza ele não recebeu pessoalmente. Ele identificou o local e uma pessoa, um contato pra combinar a entrega.”

Meninos da Floresta e caixa 2 no Acre

Ao ser perguntado sobre a necessidade de pagar a propina em São Paulo e não no Acre, domicílio eleitoral do senador Jorge Viana, Hilberto Mascarenhas diz rindo: “É porque não existe condição de atender nenhum caixa 2 no Acre. A condição de apoio-lo financeiramente foi feita em São Paulo. Se ele levou esse recurso depois pro Acre eu não posso lhe dizer”, afirma.

Sobre o codinome Menino da Floresta, como aponta a planinha da Odebrecht, o chefe do setor de propinas da empreiteira afirma que tanto Jorge Viana como seu irmão Sebastião Viana eram tratados pelo mesmo apelido. “Também é Menino da Floresta, tá lá em cima no mato”, diz ele rindo outra vez.

Quem é Fernando Migliaccio

Ligado a Odebrecht, Fernando Migliaccio foi preso em Genebra tentando encerrar contas bancárias. Segundo investigadores, ele estaria tentando retirar pertences de um cofre de uma instituição financeira daquela cidade suíça.

Ele também teve sua prisão decretada na Operação Acarajé, investigado por suspeita de ser o controlador de empresas offshores relacionadas ao Grupo Odebrecht. Essas empresas teriam sido usadas para realização de pagamentos de vantagens indevidas e lavagem de dinheiro.

Leia abaixo o que diz o senador Jorge Viana:

Há tempos denuncio a falência do modelo político-partidário brasileiro. Agora, com as delações sobre como empresas operavam, ficou demonstrado que estão envolvidos nesta grave crise todas as legendas e expoentes, do PMDB ao PSDB, passando pelo meu partido, o PT, mas também o DEM, PSD, PSB, PRB, PP, enfim, todos os partidos representados no Congresso.

Muitos são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro. Outros, como é meu caso, são questionados pelos recursos recebidos na campanha eleitoral.

Sobre o envolvimento do meu nome e do governador Tião Viana, não há denúncia de corrupção contra nós. Apura-se, num único inquérito, a arrecadação das nossas campanhas em 2010 e 2014.

Não fiz nenhum telefonema ao senhor Marcelo Odebrecht pedindo dinheiro. E muito menos pedi apoio financeiro ao senhor Antonio Palocci. Vou provar na Justiça.

Mais absurda ainda é a história do senhor Hilberto Mascarenhas envolvendo o nome do senhor Emílio Odebrecht de que teriam ajudado na minha campanha de 2014. Não conheço nenhum dos dois e sequer fui candidato naquele ano. Vamos anular esse absurdo na Justiça!

O povo do Acre me conhece e sempre reconheceu o trabalho que tenho procurado fazer na vida pública, seja como prefeito, governador e, agora, senador.

Nunca precisei de subterfúgios ou de atos ilegais para ganhar eleições. Quando fui eleito para o Senado, em 2010, minha campanha foi feita dentro da lei, como em todas as outras vezes. Minha vitória decorreu do trabalho que fiz como Prefeito e Governador, reconhecido pelo povo do meu Estado.

Reitero: nada temo. Confio na Justiça.

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