No dia 29 de abril de 1945, a 148ª Divisão de Infantaria Alemã, juntamente com remanescentes da Divisão Bersaglieri italiana, se rendiam incondicionalmente à Força Expedicionária Brasileira
Soldados da 148ª Divisão de Infantaria Alemã feitos prisioneiros da FEB
O que tinha sido conseguido era notável em operações de guerra: a rendição de uma Divisão alemã a uma única Divisão aliada, a brasileira. Totalizando cerca de 14.779 homens, 4.000 cavalos, 2.500 viaturas, 80 canhões de diversos calibres e grande quantidade de munição. Aproximadamente 800 feridos aguardavam socorros urgentes.
A Força Aérea Brasileira (FAB) também deve ser lembrada! Foi responsável por 15% dos veículos inimigos destruídos, 28% das pontes atingidas, além de 36% dos depósitos de combustível e 85% dos depósitos de munição danificados.
No final do mês de Abril de 1945 o mundo já antevia a derrota das forças do Eixo, muitas de suas tropas já não combatiam, embora vários de seus comandantes se recusassem a se render aos aliados. A 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária em face desta situação, estendeu suas tropas ao longos de 70 km, vigiando todos os pontos por onde os alemães tentassem passar rumo ao Norte da Itália, não com o intuito de barrar esta fuga, já que esta barreira não oferecia muita resistência devido ao seu comprimento, mas serviria como rede de alarme, pois qualquer ponto que fosse atacado seria prontamente socorrido pelas tropas que estavam prontas para se locomover rapidamente.
Informações passadas pelo IV Corpo do Exército Americano, informavam a presença de cerca de 2 mil homens e 40 blindados na região de Fornovo e era imprescindível evitar que eles atravessassem esta linha. O Coronel Nelson de Melo então, dispôs duas baterias de Artilharia, uma Companhia de Engenharia e uma Companhia de Tanques nesta posição atuando sobre Fornovo, nas direções de Montecchio-Gaiano (I/6º RI), San Michelle-Respiccio (II/6ºRI), Bosconcello-Felegara (III/6ºRI), e tendo o lado oeste protegido pelo Esquadrão de Reconhecimento, enviou mensagem ao inimigo que se rendesse, mesmo após terem tentado por 2 vezes romper a barreira, procurando alcançar o vale do Rio Taro.
Sabendo da precária condição do inimigo e não querendo derramar sangue inutilmente, seguindo a nossa tradição militar, o Comandante Brasileiro enviou através do Vigário italiano Dom Alessandro Cavalli, a seguinte intimação, a qual transcrevo:
“Ao comando da tropa sediada na região de Fornovo-Respiccio: Para poupar sacrifícios inúteis de vida, intimo-vos a render-vos incondicionalmente ao comando das tropas regulares do Exército Brasileiro, que estão prontas para vos atacar. Estais completamente cercado e impossibilitado de qualquer retirada. Quem vos intima é o comando da vanguarda da Divisão Brasileira, que vos cerca. Aguardo dentro do prazo de duas horas a resposta do presente ultimatum – Nelson de Mello, Coronel.”
Cerca de duas horas depois, o solícito Vigário de Neviano di Rossi retornou com a seguinte reposta:
“Sr. Coronel Nelson de Mello.
Depois de receber instrução do comando Superior competente, seguirá resposta”.
– Major Kuhn.
Os generais Otto Fretter-Pico e Mario Carloni entregando-se a FEB, após a Batalha de Fornovo di Taro.
Por volta das 13 horas a FEB iniciou o ataque, tendo em vista que não obtiveram resposta por parte dos alemães, os quais renderam um saldo de 5 mortos e 50 feridos em nossa tropa, e que perdurou por todo a tarde e início da noite, quando por volta das 21 horas a tropa alemã tentou uma última investida, rechaçada por completo. Mais ou menos às 22 horas o Major Kuhn – Chefe do Estado-maior da 148ª Divisão Alemã, acompanhado por dois oficiais alemães cruzou as linhas brasileiras para falar com nossos chefes.
O Major Kuhn, segundo a descrição de oficiais que estavam presentes no local, era um homem magro de estatura mediana, com olhos azuis e face encovada pelo longo tempo de batalha, que pertencia ao Exército regular alemão, e mostrou-se satisfeito ao saber que os brasileiros também pertenciam ao Exército regular brasileiro.
Ele comunicou que havia sido autorizado pelo General Otto Fretter Pico a negociar a rendição da Divisão Alemã e remanescentes da Divisão Bersaglieri Itália e da 90ª Panzer Granadier, e informou possuir 800 feridos e aproximadamente 14 mil homens (e entre estes haviam inúmeros membros do famoso “Afrika Korps”), 4 mil animais e 2,5 mil viaturas, as quais mil motorizadas e sem combustível.
Admirado com o tamanho da tropa que ora se entregava, o Coronel Nelson de Mello foi ao Quartel General em Montecchio informar ao General Mascarenhas de Morais este fato e solicitou-o que retornasse a Colecchio com mais 2 oficiais, e que a rendição deveria ser incondicional, o que foi aceito.
Então, os parlamentares alemães retornaram por volta das seis da manhã, sem antes informar que foi solicitado idêntico tratamento para os Generais Fretter Pico e Mário Carloni (tropas as quais desertaram quase totalmente, permanecendo apenas aqueles cujo sentimento de dever militar era a toda prova, ou aqueles que temiam uma sanguinária vingança por parte dos seus patrícios).
Os Generais Fretter Pico e Mário Carloni foram escoltados até Florença pelos Generais Falconiére e Zenóbio, respectivamente, e as manobras da Rendição foram conduzidas pelo Coronel Floriano de Lima Brayner, Chefe do Estado-maior da FEB na noite do dia 28 para 29 de Abril de 1945, por determinação do General Mascarenhas de Morais.
O Coronel Lima Brayner comandou toda a área da rendição recebendo os 14.479 prisioneiros alemães, enquanto o General Olympio Falconiére, que comandava os órgãos da retaguarda com PC na cidade de Montecatini, foi designado para acompanhar o General Fretter Pico à cidade de Florença e o General Zenóbio foi designado para escoltar o General Mário Carloni, que foi o primeiro a se render sendo seguido pelo general alemão, esclarecendo que a rendição foi assinada na cidade de Gaiano, e não na cidade de Fornovo.
FONTE: História Animada
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