12 de jan. de 2024

Para melhorar a educação infantil, Holanda proíbe celulares, tablets e smartwatches em sala de aula

Decisão é embasada em estudos que afirmam que as telas prejudicam o aprendizado. Diversos países seguem essa medida e o Brasil parece ir na contramão

Foto: divulgação Abre Olho Notícias

A Holanda baniu celulares, tablets e smartwatches das salas de aula no dia 1º de janeiro de 2024. Os aparelhos só serão permitidos em casos excepcionais, como para aulas focadas em habilidades digitais ou para pessoas com deficiência.

O ministro da Educação holandês disse que embora os celulares estejam interligados com nossas vidas, eles não pertencem à sala de aula. Robbert Dijkgraaf afirmou:

“Os estudantes precisam ser capazes de se concentrar e precisam ter a oportunidade de estudar bem. Telefones  celulares perturbam essa tranquilidade, afirmam pesquisas científicas. Precisamos proteger os estudantes contra esse problema”.

A fala do ministro endossou a medida citando estudos que descobriram que limitar o tempo de tela melhora a concentração.

* Estudo mostra que crianças e jovens passam em média 4 horas por dia nas redes sociais.

O anúncio segue uma decisão semelhante na França e outra anunciada na semana passada pela Finlândia. Na Alemanha, apenas o estado da Baviera baniu formalmente os celulares.

Recentemente a Organização das Nações Unidas (ONU) recomendou que os smartphones sejam banidos da sala de aula. A medida visa:

* acabar com as distrações causadas pelos aparelhos;

* melhorar a qualidade do ensino;

* ajudar a proteger as crianças contra o cyberbullying.


Segundo um relatório da Unesco (braço da ONU para educação), há evidências claras de que o uso excessivo das telas pode causar: distrações;

* quebra do ritmo de concentração e aprendizado;

* queda na qualidade do aprendizado;

* problemas relacionados à estabilidade emocional.


O uso de telas em sala de aula entre os mais jovens é mais um dos grandes desafios da educação brasileira


O Brasil é líder mundial em uso de celular entre os mais jovens, com 95% dos pré-adolescentes e adolescentes teclando desde cedo — 19% acima da média global.


Em diversos quesitos o Brasil supera a média global:

* assistir vídeos inteiros no celular: 20% a mais em crianças brasileiras;

* jogar jogos eletrônicos no celular: 16% a mais;

* assistir aulas on-line: 13% a mais.


Estando tão acima da média global, os aparelhos eletrônicos se tornam uma preocupação para as famílias. A maior parte dos pais estão preocupados:

* 71% dos pais brasileiros disseram estar preocupados com o tempo que seus filhos passam nos dispositivos;

* do grupo anterior, 39% se dizem “muito preocupados”.


No Reino Unido, o grupo dos “muito preocupados” cai para 11%.

Um simples hábito familiar pode transformar o problema do uso dos aparelhos eletrônicos e melhorar em até 3 vezes o desenvolvimento intelectual das crianças.


Hábitos simples foram apontados por pesquisas como grandes auxílios na educação infantil


Em sua aula no Travessia, da Brasil Paralelo, Carlos Nadalim apresentou um dos aspectos mais importantes e pouco comentados sobre educação infantil: o desenvolvimento do capital familiar pré-escolar.


Segundo o professor:

"A família exerce, sim, um papel fundamental de estimulação dessas crianças antes mesmo do ingresso no ensino formal".


Segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) e das pesquisas do programa Progress in International Reading Literacy Study (PIRLS):

* crianças cujos lares apresentam um ambiente favorável à leitura possuem um desempenho educacional 3 vezes maior que as demais;

* crianças de dois a quatro anos que ouviam histórias na primeira infância têm um desempenho em linguagem superior ao daquelas crianças que não ouviam histórias;

* a leitura dos pais para as crianças e diante das crianças também foi apontada como um fator importante no estímulo para a leitura;

* crianças que veem muitos livros em casa são estimuladas a ler mais.

Observando todas essas descobertas, o professor Carlos Nadalim apontou caminhos para solucionar os problemas de baixo desempenho da educação brasileira.

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