O cenário internacional evolui rapidamente para conflitos Globais e Regionais, incluindo o entorno Brasileiro enquanto o país assiste a tudo de forma passiva. Na foto Unidades Blindadas do Exército tomam posição em Roraima fronteira com a Venezuela
Nelson Düring
Editor- Chefe DefesaNet
O mundo está a beira de um conflito internacional. Alguns analistas chamam de Terceira Guerra Mundial ou será a Quarta (Considerada a Guerra ao Terrorismo)? Todas as previsões apontam que um grande conflito vai eclodir nos próximos 5 anos.
Serão várias fases e frentes, começando pela invasão russa da Ucrânia, que encaminha-se para o terceiro ano e não tem previsão para acabar. A árdua resistência ucraniana e sua aliança militar e de valores com o Ocidente mantém no coração da Europa o maior conflito desde a Segunda Guerra Mundial, sendo a mais tecnológica Guerra da história da humanidade.
Os governos europeus não acreditam no seu fim, e já visualizam uma escalada e agravamento mesmo com a eleição de Donald Trump. A guerra na Ucrânia é um conflito por território e valores universais e os ucranianos não podem ser derrotados, pois isso poderia provocar uma reação em cadeia, reabrindo feridas do passado, seria o fim da Europa com uma volta á barbárie da primeira metade do século passado. E isso é relembrado todos os dias nas principais capitais europeias.
Os outros conflitos vão eclodir no Oriente Médio, entre Israel, Líbano, Irã, Síria e Turquia e vai se arrastar pelo Egito e outras nações árabes e africanas. Será uma grande guerra que se estenderá pelo norte e centro da África e que poderá remodelar os mapas da região. Parte dos conflitos regionais já estão em andamento.
A iminente invasão de Taiwan e uma guerra entre as duas Coreias está cada vez mais próxima. A falência da economia chinesa pode empurrar ela para uma guerra na região. Japão e quase todos os países asiáticos estão preparando suas forças armadas e a sociedade para o iminente conflito.
As divisões internas nos Estados Unidos fragilizam a posição do país no cenário internacional.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) está cada vez mais europeia já que os parceiros do velho continente não confiam mais nos norte-americanos. A ultrapassagem de todas as linhas vermelhas pelos ucranianos, ou seja, invadir e ocupar território de uma potência nuclear sem ser alvo de uma bomba atômica mostrou que faltou coragem para Putin ordenar o uso desse tipo de armamento. Ninguém quer acelerar a Terceira Guerra Mundial, muito menos provocar uma hecatombe nuclear. Os novos conflitos serão travados por armas convencionais e deverá ser evitado o uso das Forças Estratégicas.
No continente americano será a Venezuela que vai trazer a guerra, e essa situação se aproxima a passos largos. Esse conflito poderá envolver os principais países.
No Brasil alguns pensam que nossa intervenção seria algo parecida com uma missão de estabilização da paz, mentalidade de alguns dos nossos militares e sobretudo da classe política governante, que raciocina que as nossas Forças Armadas existem para cumprir missões subsidiárias tal qual uma Guarda Nacional ou força de polícia.
Muitos dos nossos militares perderam a noção da realidade do que é um conflito convencional entre exércitos. Dizem os próprios oficiais que “falta guerra“ na cabeça dos oficiais-generais quando criticam seus companheiros de farda.
Vamos dissuadir a Venezuela com aviões Super Tucano e cinquentenários Cascavel em Roraima? No primeiro sinal de contato com o suposto inimigo vamos gritar Selva! E o que vai acontecer?
Para salvaguardar a inviolabilidade do nosso território e evitar ser envolvido diretamente numa guerra, precisamos impor respeito e para isso será necessário enviar o que há de mais moderno e com poder de combate para aquela região.
Nos campos e cerrados (chamados Lavradio) de Roraima o guerreiro de selva só será respeitado e vai sobreviver a intensidade do combate se tiver aço e fogo a sua disposição. Uma guerra se evita ou se trava com o melhor poder de combate disponível, e para todos verem.
Não há grande e média potência no mundo que não esteja nesse momento mobilizado sua indústria de defesa para a guerra, que não esteja comprando aeronaves, navios e tanques. Já estamos em uma corrida armamentista.
Nossa vizinha Argentina está se reequipando com uma velocidade que nos admira e espanta. Vão se modernizar em quatro anos, o que não conseguimos nos últimos 20. E lá não existe Empresa Estratégica de Defesa, centenas de projetos de desenvolvimento que não nunca se tornam produtos de defesa. Eles lutaram uma guerra contra uma grande potência e perderam, por isso sabem que sem meios e capacidades entregues aos militares, não há possibilidade de lutar, e isso afeta a capacidade de decisão e a liderança militar.
O Brasil vai continuar sem recursos, investindo em projetos como SISFRON, a Linha Maginot tecnológica nacional, o submarino nuclear, que afunda com a própria Marinha, e outros projetos inviáveis tecnológica, operacional e economicamente como são a modernização do Super Tucano e do Cascavel, enquanto que a burocracia atrapalha e atrasa a compra da Viatura Blindada de Combate de Cavalaria Centauro 2, comprovadamente o melhor tanque sobre rodas do mundo. A política ideológica de integrantes do governo paralisa a compra do obuseiro autopropulsado Atmos e nós continuamos a comprar helicópteros sem armamentos e sensores enquanto que paralisamos a aquisição de sistemas de Guerra Eletrônica. Não temos mais aviação de patrulha para inteligência, vigilância, reconhecimento, e a aviação de transporte leve e média está praticamente acabada.
Além disso, enfrentamos problemas com os caças F-39 E/F Gripen sem uma solução a vista e nos orgulhamos de ser o último operador do caça leve e F-5E/F como aeronave de combate no mundo. Estamos perdendo nossa capacidade de emprego ar-solo com a retirada dos AMX.
Nossa Marinha se arrasta para produzir as escoltas Tamandaré que não são fragatas leves, mas corvetas um pouco mais pesadas. Faltam navios-escolta de maior tonelagem e poder de fogo.
Temos uma grande indústria de munição, são várias empresas que produzem foguetes, morteiros e granadas de artilharia de 155mm, uma capacidade de produção de munição única no mundo, mas que raramente vende para suas próprias Forças Armadas, que só querem comprar da IMBEL e ENGEPRON. O Exército Brasileiro compra em 5 anos menos granadas de artilharia que a Ucrânia consome em um único dia de guerra. Nos próximos dois anos, grande parte das indústrias de material bélico brasileiras vão estar sob controle de conglomerados e governos estrangeiros e a culpa será dos militares. Países como Arábia Saudita. Finlândia, Emirados Árabes Unidos estão querendo manter aqui um parque auxiliar e de reserva de produção de munição, e se o governo criar problemas para exportação, essas empresas vão fechar e migrar para o Paraguai, a nova tendência.
A guerra está batendo na nossa porta, nosso medo do CPF (punição a oficiais por riscos assumidos em projetos), do impacto na carreira como se o militar fosse um funcionário público, nossa burocracia e a falta de um pensamento estratégico, nacional e racional de preparação para uma guerra, estão nos colocando numa situação que poderá trazer sérias consequências no futuro breve.
Cabe aos militares acelerarem a produção e aquisição de armamento, interromper qualquer projeto de desenvolvimento e modernização que seja custoso e que não agregue poder de combate, ou crie uma evidente e necessária capacidade militar.
Estamos num momento que precisamos estar abertos a aceitar e receber os meios que o governo decide nos dar. Seja por orientação política e comercial, mas sempre com tradicionais parceiros e através de alianças estratégicas com países historicamente amigos do Brasil.
Agora não é mais momento de planejar e escolher. Qualquer meio militar será melhor e trará mais capacidade de combate do que nossas frotas de caças F-5, carros de combate Leopard 1 e as obsoletas fragatas Classe Niterói.
Lembrai-vos da guerra.
Porque agora ela ela bate em vossa porta.
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