China prometeu fábrica de US$ 12 bilhões, ferrovia bioceânica e 100 mil empregos no Brasil. Anúncios grandiosos, mas sem execução, frustraram expectativas. O que o futuro reserva para essas promessas bilionárias?
Durante encontros históricos entre autoridades do Brasil e da China, os discursos foram carregados de otimismo e projeções grandiosas.
Mas, por trás do glamour, uma pergunta persiste: onde estão os resultados concretos desses compromissos?
Segundo a CNN Brasil, uma série de megaprojetos envolvendo o Brasil e a China foi divulgada com ampla repercussão, prometendo alavancar a infraestrutura e a indústria brasileira. Entre as iniciativas mais destacadas estavam a construção de uma fábrica monumental da Foxconn, um fundo de investimentos bilionário e até uma ferrovia transcontinental.
Contudo, nenhum desses projetos saiu efetivamente do papel, deixando frustrações e dúvidas no rastro das promessas.
O sonho da fábrica da Foxconn
Em 2011, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) esteve em Pequim e anunciou, em tom ambicioso, uma parceria histórica com a Foxconn, gigante taiwanesa fornecedora da Apple.
A proposta era estabelecer no Brasil uma fábrica própria da empresa, com investimento de US$ 12 bilhões e geração de 100 mil empregos, incluindo 20 mil para engenheiros altamente qualificados.
Conforme reportado pela CNN Brasil, o projeto envolvia até mesmo a criação de uma “cidade-indústria” para abrigar as operações.
No entanto, uma sequência de entraves surgiu, desde exigências de apoio financeiro pelo BNDES até dificuldades na captação de investidores privados.
A Foxconn chegou a construir uma pequena unidade em Itu (SP), mas o grande plano foi abandonado.
O fundo bilionário da China que não deslanchou
Outro anúncio promissor ocorreu em 2015, quando o então primeiro-ministro chinês Li Keqiang e Dilma Rousseff divulgaram a criação do Fundo Brasil-China de Cooperação para a Expansão da Capacidade Produtiva.
Com US$ 20 bilhões previstos — sendo US$ 15 bilhões da China e US$ 5 bilhões do Brasil — o fundo visava financiar projetos industriais e de infraestrutura.
Apesar de formalmente constituído, o fundo jamais foi capitalizado.
De acordo com a CNN Brasil, a seleção de projetos chegou a ser iniciada pelo Ministério do Planejamento, mas o cenário político brasileiro e o discurso anti-China no início do governo Bolsonaro em 2019 interromperam qualquer avanço.
Ferrovia bioceânica: um projeto inviável
Outro marco foi o lançamento da proposta de uma ferrovia bioceânica em 2015.
O plano previa uma ligação de 3,5 mil quilômetros entre Goiás e Mato Grosso, interligando o Porto de Santos ao litoral do Peru.
A promessa era integrar os oceanos Atlântico e Pacífico, transformando a logística sul-americana.
Conforme a CNN Brasil destacou, o projeto enfrentou uma série de obstáculos.
A ausência de viabilidade econômica, dificuldades ambientais e os desafios de engenharia para atravessar a Cordilheira dos Andes tornaram a ideia insustentável.
Apesar de visitas técnicas realizadas por equipes chinesas, nem mesmo o projeto básico de engenharia foi concluído.
O impacto político e econômico das promessas não cumpridas pela China
As promessas chinesas no Brasil não se materializaram, e isso trouxe impactos negativos tanto para as relações bilaterais quanto para a percepção pública sobre esses acordos.
Anúncios grandiosos sem resultados concretos prejudicam a credibilidade das parcerias internacionais e deixam dúvidas sobre a capacidade de execução de projetos desse porte.
Segundo a CNN Brasil, os entraves não se limitam ao Brasil.
A burocracia local, os riscos políticos e as dificuldades de planejamento são desafios frequentes enfrentados por investidores chineses em outros países.
Esses fatores ajudam a explicar o descompasso entre as promessas e a realidade.
Expectativas para o futuro
Apesar das frustrações passadas, especialistas apontam que o Brasil continua sendo um destino atrativo para investimentos estrangeiros, especialmente em infraestrutura.
O avanço de novas políticas públicas e a reaproximação entre os dois países podem abrir caminhos para que projetos futuros sejam concretizados.
Afinal, a pergunta que fica é: o Brasil ainda pode confiar em promessas bilionárias de parceiros estrangeiros ou é hora de repensar as estratégias para atrair investimentos reais?
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