11 de nov. de 2024

Por que US$ 11 trilhões em ativos não são o suficiente para Larry Fink da BlackRock

Fink quer levar a maior gestora de ativos do mundo para os mais lucrativos mercados privados

A sede da Blackrock em Nova York, EUA, na sexta-feira, 11 de outubro de 2024. Foto: Michael Nagle/Bloomberg



Por Jack Pitcher - Os clientes da BlackRock estão despejando o que dinheiro que têm nas ofertas de ações e títulos da empresa. Para manter o ritmo de crescimento, o presidente Larry Fink quer levar a maior gestora do mundo para os mais lucrativos mercados privados.

Gerir cada vez mais ativos — como private equity, crédito privado, imóveis e infraestrutura — permite à BlackRock ser competitiva entre as maiores gestoras de ativos. Também permite que ela se torne mais valiosa.

Empresas como Blackstone, Apollo Global Management e KKR administram apenas uma fração dos US$ 11,5 trilhões que a BlackRock administra. No entanto, essas rivais concorrem com a BlackRock em valor de mercado, que gira em torno dos US$ 150 bilhões.

O motivo é simples: os fundos do mercado privado cobram mais do que grande parte dos fundos simples, baseados em índices, da BlackRock. E o mercado recompensa isso.

As ações da Blackstone, da Apollo e da KKR superaram com folga as da BlackRock em qualquer um dos períodos de um, três ou cinco anos para trás. Para mudar isso, Fink adotou a abordagem “se não for possível vencê-los, junte-se a eles”, principalmente por meio da aquisição da concorrência.

O líder de 72 anos, à frente da BlackRock desde sua fundação em 1988, soube transformar o negócio por meio de acordos. Fazer da BlackRock uma formidável gestora de mercados privados ajudou Fink a solidificar seu status de Rei de Wall Street.

A demanda de investidores institucionais, como fundos de pensão e seguradoras, por investimentos privados disparou na última década. À medida em que seus clientes aumentam alocações no mercado privado, a BlackRock torce para manter a maior parte desses negócios.


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As duas principais aquisições da BlackRock este ano tiveram como objetivo aumentar sua capacidade no mercado privado. Ela concordou em comprar a Preqin, que fornece dados sobre ativos privados, por US$ 3,2 bilhões em junho. E em outubro, fechou sua aquisição de US$ 12,5 bilhões da Global Infrastructure Partners (GIP), gestora de ativos focada em infraestrutura, o que marca a incursão mais significativa da BlackRock nos mercados privados até agora.

Larry Fink, CEO da BlackRock Inc., durante a Cúpula Internacional de Investimentos no Guildhall em Londres, Reino Unido, na segunda-feira, 14 de outubro de 2024. Foto: Tolga Akmen/EPA/Bloomberg

O acordo com a GIP aumentou a contagem de ativos alternativos da BlackRock em 35%, chegando a US$ 450 bilhões. Isso a aproxima da KKR e da Apollo, mas ainda bem atrás da líder de mercado, a Blackstone, com US$ 1,1 trilhão. 

Depois que os executivos da BlackRock enfatizaram os mercados privados na teleconferência de resultados de outubro, analistas começaram a especular qual empresa seria a próxima na lista de compras.

“Eles têm feito algumas aquisições estratégicas menores que aumentam sua presença em crédito privado e ativos alternativos”, disse Cathy Seifert, analista da CFRA Research. “Acho que há um grupo que gostaria de vê-los fazer um negócio maior — adquirindo uma empresa de private equity, esse tipo de coisa.”

A Bloomberg informou em outubro que a BlackRock está em negociações avançadas para comprar a HPS Investment Partners, gestora de crédito privado com cerca de US$ 100 bilhões em ativos. Esse acordo faria da BlackRock uma das maiores gestoras de crédito privado. O crédito privado, no qual gestoras de ativos emprestam dinheiro diretamente às empresas a taxas mais altas do que as típicas no mercado de títulos, é um dos investimentos mais quentes em Wall Street.

Seus executivos têm mantido planos de acordos em segredo, mas sua ambição no mercado privado é clara. 

“Os mercados privados são uma prioridade estratégica”, disse o diretor financeiro da BlackRock, Martin Small, na teleconferência de resultados.


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Os investidores aplaudem a busca por alternativas, que marca a mudança de estratégia mais importante da BlackRock desde que adquiriu o negócio de fundos negociados em bolsa iShares há 15 anos. As ações da BlackRock subiram mais de 60% no ano passado e estabeleceram um novo recorde em outubro pela primeira vez desde 2021, depois da divulgação de resultados.

“Embora ainda vejamos oportunidades de crescimento na franquia iShares, seu grande tamanho pode dificultar a sustentação do crescimento do ETF”, disse Kyle Sanders, analista da Edward Jones. “A BlackRock poderia continuar com mais aquisições para melhorar seu posicionamento no mercado privado em comparação com as rivais.”

Os ativos alternativos representaram apenas 3% dos ativos totais da BlackRock no terceiro trimestre, mas geraram 11% da receita total, ressaltando como são lucrativos.

Martin Small, chefe financeiro da BlackRock, destacou essa oportunidade, observando que as seguradoras têm US$ 700 bilhões em ativos com a BlackRock, e transferir apenas 10% disso para estratégias de crédito privado seria um grande impulso para os ativos alternativos.

Os possíveis obstáculos para uma mudança bem-sucedida para o mercado privado são numerosos. As fusões de gestoras de ativos são notoriamente complicadas e desafiadoras. Grande parte do valor atribuído a uma gestora tem a ver com seus relacionamentos e seus profissionais de investimento, que podem facilmente deixá-la. 

As avaliações de gestoras de ativos alternativos dispararam. Portanto, qualquer alvo de aquisição provavelmente terá um preço alto. O argumento para pagar mais baseia-se na capacidade da BlackRock de aumentar o valor de uma gestora de mercados privados ao integrá-la aos clientes e canais de vendas existentes. 

A BlackRock já está trabalhando para colocar seus ativos no mercado privado, incluindo um novo portfólio de modelos destinado a colocar os ativos privados nas mãos de indivíduos que usam o serviço de consultores de patrimônio.


Escreva para Jack Pitcher em jack.pitcher@wsj.com

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