A Rússia disparou um míssil balístico intercontinental (ICBM) contra a cidade ucraniana de Dnipro na quinta-feira, marcando a possível primeira vez que uma arma desse tipo, projetada para ataques nucleares de longa distância, é utilizada em combate. O lançamento ocorre após ataques da Ucrânia com mísseis fornecidos pelos EUA e Reino Unido contra alvos em território russo, aumentando as tensões em meio ao conflito de 33 meses.
Especialistas de segurança indicaram que o uso militar de um ICBM seria inédito. Essas armas estratégicas são parte fundamental do arsenal nuclear russo. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, afirmou que as características do míssil, como velocidade e altitude, indicam que se trata de um ICBM. Uma investigação técnica está em andamento, acrescentou.
A Força Aérea da Ucrânia relatou que o míssil foi lançado da região russa de Astrakhan, a mais de 700 km de Dnipro. Embora não tenha especificado o tipo de ogiva, fontes anônimas indicaram que poderia ser um RS-26 Rubezh, um ICBM testado pela primeira vez em 2012, com capacidade para transportar uma ogiva nuclear de 800 kg. Apesar disso, não há indicação de que o míssil carregava uma carga nuclear.
O ataque em Dnipro teve como alvo infraestruturas industriais e críticas, danificando uma instalação industrial e causando incêndios. Duas pessoas ficaram feridas, segundo autoridades locais. Além do ICBM, a Rússia também utilizou um míssil hipersônico Kinzhal e sete mísseis de cruzeiro Kh-101, dos quais seis foram interceptados pela defesa ucraniana.
O uso de um ICBM gerou reações internacionais. Especialistas consideraram o evento sem precedentes e possivelmente uma tentativa de dissuasão russa em resposta aos ataques ucranianos com armas ocidentais, como os mísseis Storm Shadow e ATACMS. “Este lançamento pode ser visto como um gesto de ameaça, potencialmente em reação ao uso de armamentos avançados pela Ucrânia”, afirmou uma fonte militar europeia.
Enquanto isso, a Rússia relatou que suas defesas aéreas derrubaram dois mísseis Storm Shadow na região de Kursk, na fronteira com a Ucrânia. Moscou vê esses ataques em seu território como uma escalada significativa e prometeu responder de forma proporcional. O presidente Vladimir Putin, por sua vez, reduziu o limiar para o uso de armas nucleares em resposta a ataques convencionais mais amplos.
Os recentes ataques refletem a intensificação do conflito em um momento em que ambas as partes buscam consolidar suas posições antes de possíveis negociações. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, prometeu encerrar a guerra, mas não detalhou como pretende fazê-lo, criticando os bilhões de dólares em ajuda à Ucrânia durante o governo Biden.
Analistas acreditam que Trump buscará negociações de paz após assumir o cargo, o que tem levado tanto Kyiv quanto Moscou a manobrar para obter vantagens no campo de batalha. A Ucrânia argumenta que os ataques contra bases russas no interior são necessários para sua defesa, enquanto a Rússia afirma que o uso de armas ocidentais para atingir seu território agrava perigosamente o conflito.
FONTE: Reuters
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