21 de dez. de 2022

Operação Astrolábio é adiada

O lançamento faz parte de uma parceria entre o DCTA e a empresa sul-coreana INNOSPACE, com apoio da AEB


O lançamento suborbital do foguete HANBIT-TV, que deveria ocorrer nesta quarta (21), a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, foi adiado.

Houve falha no acendimento do motor do HANBIT-TLV, que impediu a decolagem. Com toda a segurança, a operação foi abortada, sem qualquer incidente. As equipes serão, agora, desmobilizadas.

A INNOSPACE analisará os dados colhidos nessa operação. Como se sabe, esse tipo de propulsão híbrida é inovador. Tão logo quanto possível, a empresa definirá, juntamente com o DCTA, a nova tentativa de lançamento.

"A astronáutica é plena de desafios, e seus avanços ocorrem graças ao obstinado trabalho de profissionais dedicados e instituições que se superam. Cada operação de lançamento nos ensina muito sobre equipamentos, procedimentos operacionais, segurança e desempenho. Portanto, o mais importante, no momento, é recuperar todas as informações, aprender com os testes em ambiente real e partir para novas séries de testes, até alcançar o sucesso completo. É assim que se avança. É assim que havemos de prosseguir”, esclarece Carlos Moura, presidente da AEB.


Sobre a Missão Astrolábio

A missão busca realizar o ensaio em voo do veículo sul-coreano e do Sistema de Navegação Inercial (SISNAV), carga útil brasileira a bordo.

Para que isso fosse possível, a INNOSPACE mantém um Acordo de Parceria Tecnológica com vigência de 48 meses. Nele está incluso o voo do HANBIT-TLV com o SISNAV e os voos de teste do HANBIT-Nano (lançador de 50 kg) e HANBIT-Micro (lançador de 150 kg).

Foi assinado, em abril deste ano, entre a empresa sul-coreana INNOSPACE e o Departamento Brasileiro de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB). Além disso, a empresa mantém um contrato com a Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE),  com duração de cinco anos, para uso comercial. O contrato permite que a INNOSPACE possa ter um local de lançamento como ponto de partida para colocar satélites em órbita.


Foguete e carga útil

O HANBIT-TLV é um veículo de testes com 8,4 toneladas e 16,3 metros de altura, desenvolvido pela empresa INNOSPACE, que utiliza um sistema patenteado de alimentação por bomba elétrica, além de tecnologia híbrida, ou seja, com propulsão à base de oxigênio líquido e uma mistura de parafinas. Dessa forma, proporciona composição química estável, fabricação mais rápida e de menor custo.

Além disso, não existe impacto ambiental gerado pelo lançamento. Os gases emitidos se dissipam rapidamente na atmosfera ao longo do voo. Também não há impacto ao meio marítimo.

Já o SISNAV é um sistema inercial desenvolvido pelos militares e profissionais civis do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), que mandará dados de navegação para análise em Terra. A equipe técnica verificará se o sistema opera bem em ambientes reais, com variáveis extremas  como vibração, choque e alta temperatura, que ocorrem em todo o processo desde a decolagem e durante o voo transatmosférico.

O SISNAV está inserido dentro do SISNAC (Sistema de Navegação e Controle) que fará parte do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM), projeto este do IAE, apoiado pela AEB e dentro do Programa Espacial Brasileiro.


Sobre a INNOSPACE

A INNOSPACE é uma startup espacial sul-coreana, fundada em 2017. Tem como CEO, o engenheiro aeroespacial Soo Jong Kim e fica localizada na cidade de Sejong, a menos de três horas da capital Seul (KR). Devido às relações com o Brasil, a empresa dispõe de subsidiária integral, localizada em São José dos Campos (SP). A INNOSPACE Brasil gerencia as operações de lançamento no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

O seu objetivo é a fabricação de pequenos lançadores de satélites e serviços de engenharia aeroespacial. A empresa está desenvolvendo lançadores de pequenos satélites híbridos, movidos a foguetes (HANBIT), para fornecer serviços de lançamento que sejam confiáveis, de baixa latência e baixo custo, no mercado atual de pequenos satélites, que se encontra em rápida expansão, o chamado New Space.


Sobre o CLA

Inaugurado em 1991, na cidade de Alcântara, no Maranhão, o Centro de Lançamento de Alcântara completou 31 anos em 2022.  O Centro possui tecnologia de ponta e coloca o Brasil em posição de vantagem no mercado espacial, em razão de apresentar as condições ideais para lançamentos.

O fato de estar próximo ao Equador permite o aproveitamento da velocidade de rotação da Terra, o que reduz a queima de propelente, gerando grande economia e tornando possível levar mais cargas úteis em cada lançamento. Sem contar que Alcântara apresenta condições climáticas favoráveis e, para completar, o Centro possui um azimute de 107 graus, que permite a mudança de planos orbitais sem a necessidade de mudar de local de lançamento.

Em um grande passo para o programa espacial, foram anunciadas, em 2021, as empresas selecionadas para realizar lançamentos de veículos espaciais orbitais e suborbitais, em Alcântara. O CLA tem se preparado para ser uma referência internacional, o que faz com o que Brasil tenha ainda maior participação no mercado espacial global, o que é essencial para o desenvolvimento tecnológico, econômico e de inovação.


Sobre a AEB

A Agência Espacial Brasileira (AEB), órgão central do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (SINDAE), é uma autarquia pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), responsável por formular, coordenar e executar a Política Espacial Brasileira.

Desde a sua criação, em 10 de fevereiro de 1994, a Agência trabalha para viabilizar os esforços do Estado Brasileiro na promoção do bem-estar da sociedade, por meio do emprego soberano do setor espacial.

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