A Ilustração retrata um grupo de ex-escravos de Mar de Espanha, Minas Gerais que comemoraram o terceiro aniversário da Abolição da Escravidão em 1891 ostentando a Bandeira do Império do Brasil. O evento foi interrompido pelas autoridades locais que consideravam o ato de nostalgia pela monarquia como uma ameaça à ordem pública. Segundo o Historiador Celso Castro, foi grande a adoração pela figura da Princesa Redentora pelos negros no Final do Império e no Início da República, esse sentimento muitas vezes assumia um componente quase religioso, o chamado "Isabelismo" . Conscientemente esquecida pelas autoridades da República, a memória da Princesa Isabel e da Lei Áurea ressurgia com mais força entre os negros, que se expressavam em manifestações públicas como a que ocorreu na pequena cidade de Mar de Espanha em Minas Gerias. Aos Gritos de Viva a Monarquia, um grupo de negros libertos, Ostentando uma Bandeira Imperial, se manifestaram em frente a Casa do Juiz da Comarca local, ameaçaram queimar uma Bandeira da República, mas foram impedidos pela policia.
Nestes espaços, os negros revestiram a figura de Isabel de um significado muitas vezes incompreendido pelos republicanos.
Tal fato era comumente associado à gratidão dos ex-escravos em decorrência do fim do cativeiro. Com a abolição da escravidão, a simpatia que os negros nutriam pelos membros da Família Imperial ficou em evidência, fato que incomodava a muitos republicanos.
De acordo com João José Reis, havia uma "mentalidade monarquista, por assim dizer, circulando entre os negros, que parece ter sido recriação de concepções africanas de liderança, reforçados em uma colônia e depois em um país governado por cabeças coroadas." Além de seus reis, entendidos como autoridades supremas, os africanos trouxeram para o Brasil o costume de coroar reis simbólicos em suas cerimônias religiosas que se misturavam com suas festas populares.
Fonte: brazil_imperial


Nenhum comentário:
Postar um comentário
Atenção:
Comentários ofensivos a mim ou qualquer outra pessoa não serão aceitos.