13 de nov. de 2025

O casal Dr. Thomas Henry Geddis (Dr. Tomé) e Ethel Muriel Geddis

Um breve relato

Dr. Tomé e a esposa a Srª Ethel Muriel Geddis

Por Jara Isva - Em Tarauacá, cada morador já viu ou ouviu o nome Ethel Muriel Geddis, pois o nome de Ethel está gravado na Maternidade de Tarauacá, mas seu legado e o de seu marido, Dr. Tomé, estão escritos na história da cidade. Eles vieram de terras distantes — ela, uma missionária; ele, um médico irlandês e missionário, fundador da Igreja Batista em Tarauacá.

Por quase duas décadas o casal foi a única esperança de saúde e cuidado em uma região isolada. Esta é a história de um casal que transformou a fé em serviço e deixou uma marca indelével de dedicação na Amazônia acreana."

Por 18 anos, entre 1967 e 1985, o Dr. Thomas Henry Geddis, o inesquecível 'Dr. Tomé', foi, literalmente, a única esperança médica de Tarauacá. 

Em uma época de recursos escassos, sem laboratórios e com pouquíssima infraestrutura, ele e sua esposa, Ethel Muriel Geddis, transformaram a missão em medicina. 

Da bicicleta que o levava para atender os da cidade, ribeirinhos e colonos,  ao nome dela que batiza a maternidade da cidade, o casal missionário que veio da Irlanda do Norte e do exterior não apenas curou doenças, mas edificou o sistema de saúde da região.


Em síntese, a história desse casal missionário que trocou o conforto de casa por uma vida de dedicação total ao povo do Acre, temos:

1. Quem eram: casal irlandês e sua motivação (missão religiosa/humanitária).

2. O contexto: Tarauacá nos anos 60 e 70 (isolamento, falta de recursos).

3. A atuação do Dr. Tomé: O papel de único médico, a bicicleta, a dedicação 24h.

4. A atuação de Ethel Muriel: O papel dela no apoio e na missão;

5. Único médico por muito tempo: Durante grande parte de sua atuação, ele foi o único médico na cidade.


Afinal, quem foi Ethel Muriel Geddis?

Ethel Muriel Geddis foi a primeira esposa do Dr. Tomé, sabe-se também que o casal não teve filhos. 

De acordo com fontes de testemunhas oculares da época, como por exemplo, a senhora Raimunda Oliveira (técnica de enfermagem da maternidade já aposentada), que inclusive trabalhou com o Dr. Tomé, o pioneiro na saúde no município, além de ser muito respeitado, era o único a quem se podia recorrer.

Em entrevista a senhora Raimunda Oliveira destacou que o casal era da Igreja Batista (o casal fundou a igreja em Tarauacá-Acre), e que enquanto ele pregava para os fiéis sua esposa chamada Ethel Muriel Geddis fazia atos de caridade.

A população a conhecia pela sua forma de ser, das quais ressaltavam aos olhos as principais características: caridosa, carinhosa, acolhedora e de uma beleza ímpar dos quais se destacavam a cor clara de sua pele e olhos azuis, de estatura baixa, ela se envolveu em atividades de educação e conscientização em saúde em Tarauacá e região.

Como já citado, o casal participava ativamente dos cultos da Igreja Batista, e aos domingos após os cultos a senhora Ethel ia distribuir sopa no então, bairro conhecido popularmente como bairro da praia (Senador Pompeu), no qual haviam muitas famílias em situações de vulnerabilidade financeira. 

Tal personalidade e atos de caridade fez com que o casal fosse muito querido pelos munícipes de Tarauacá, ele por ser médico e orador da Igreja Batista e ela por seus atos de caridade. 

Foto da Maternidade Ethel Muriel Geddis - Crédito Jara Isva

Assim sendo, em reconhecimento às suas ações sociais de estimada importância à época, a senhora Ethel Muriel Geddis foi homenageada pelo Estado em concordância do município, emprestando o nome a ala do Hospital Dr. Sansão Gomes, quando a maternidade passou a funcionar no centro da cidade, mais precisamente na Rua Floriano Peixoto. 

Antes, as gestantes davam à luz no antigo hospital Dr. Sansão Gomes, na rua de mesmo nome.

Não soube a causa da morte da Ethel, após sua morte o Dr. Tomé casou-se com dona Lucimar Nogueira.

Recentemente o nome dele voltou a mídia devido ao seu falecimento em 10 de novembro de 2025, na Irlanda do Norte, onde ele residia. Ele faleceu aos 96 anos.


Jara Isva é Assistente Social, historiadora formada pela UFAC (Universidade Federal do Acre) e ex-Secretária de Saúde do município de Tarauacá.

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