6 de fev. de 2009

Os inventores brasileiros e suas máquinas maravilhosas não reconhecidas mundialmente Parte - III


5- Roberto Landell de Moura: 1894 – O padre gaúcho fez uma transmissão de voz da Avenida Paulista para Santana, bairro em São Paulo a 8 quilômetros de distância. Depois da experiência, registrou patente de sua invenção no Brasil e nos Estados Unidos. Na década de 80, alunos de engenharia remontaram o aparelho. E ele funcionou perfeitamente
Guglielmo Marconi: 1901 – O físico italiano envia pelo ar o sinal "S", do código morse, da Inglaterra para os Estados Unidos, cobrindo uma distância de 3 500 quilômetros pelo Oceano Atlântico. A experiência é considerada até hoje o marco inicial da radiotransmissão mundial
Quem venceu: Landell não foi levado a sério por seus compatriotas na época. Enquanto isso, Marconi contou com a ajuda do governo italiano para divulgar seu intento.


Aventura na selva – Na mesma época, um compatriota de Daguerre radicado no Brasil realizou experiências muito parecidas às de seus colegas europeus. Nascido em Nice, o francês Hercule Florence mudou-se para o Brasil aos 20 anos. Ótimo desenhista, foi convidado a participar de uma expedição científica ao interior do país organizada pelo cônsul da Rússia, Georg Heinrich von Langsdorff. A aventura ficou célebre por seus resultados desastrosos. Depois de partir de Minas Gerais, em 1825, a comitiva percorreu 15.000 quilômetros em quatro anos. Entre outros contratempos, Langsdorff enlouqueceu no meio do caminho e um dos integrantes morreu afogado. As peripécias da viagem ficaram conhecidas graças às anotações de Florence em seu diário. Anos depois, já morando em Campinas, no interior de São Paulo, o francês começou a pesquisar meios de reproduzir seus estudos sobre zoologia. Em 1833, ele descreve no diário uma experiência com o registro da imagem de uma janela feito por uma caixa preta, um sistema de espelhos e um papel embebido numa solução de nitrato de prata. Quando soube das experiências na Europa do patrício Daguerre, desabafou no diário: "Imprimi por meio de sol sete anos antes de se falar em fotografia. Já tinha lhe dado esse nome, entretanto couberam a Daguerre todas as honras".
Os grandes inventores distinguiram-se de seus rivais não só por causa de idéias geniais. Além da criatividade, possuíam um formidável talento para o marketing pessoal e eram espertos homens de negócios. O tipógrafo americano Christopher Latham Sholes, tido como o criador da máquina de datilografia, é um mestre do gênero. A idéia de escrever por um meio mecânico surgiu no século XVIII, quando a rainha Anne, da Inglaterra, concede a primeira patente de uma máquina de escrever. O autor do pedido, Henry Mill, porém, não consegue tirar sua idéia do papel. Vários outros inventores desenvolveram protótipos, mas é o americano Sholes que, em 1867, consegue produzir o primeiro modelo que funciona. Sholes vende seu projeto para a Remington, fabricante de armas que investe pesado na produção industrial do novo artefato. A empresa contratou o escritor Mark Twain como garoto-propaganda, distribuiu cartazes com a foto da filha de Sholes trabalhando na máquina e organizou os primeiros cursos de datilografia.

6- Hercule Florence: 1833 – Florence, desenhista francês que morava em Campinas, reproduz a imagem de uma janela utilizando uma caixa equipada com uma lente e um papel embebido em nitrato de prata
7- Louis-Jacques Mandé Daguerre: 1837 – O francês Daguerre aperfeiçoa o sistema de seu sócio, Joseph-Nicéphore Niepce, pioneiro na reprodução de imagem por processos químicos, e vende a patente do "daguerreótipo" ao governo francês
Quem venceu: Florence estava entre os pioneiros que pesquisaram os princípios da fotografia, mas Daguerre foi o primeiro a comercializar o invento
A memória do aviador brasileiro só é cultuada em sua cidade natal, Jaú, no interior de São Paulo. Existe um busto de Barros decorando a praça principal do lugar e o aniversário de 72 anos do feito, ocorrido na semana passada, mereceu animadas comemorações no município, com lançamento de um CD com o hino em homenagem ao piloto. O avião de Barros e muitos de seus objetos pessoais, porém, encontram-se abandonados no Museu de Aeronáutica, em São Paulo. O Jahú foi atacado por cupins e já serviu de abrigo para famílias de mendigos. Por isso, a família do aviador luta na Justiça desde 1992 para recuperar a posse do espólio. "Nossa família reconhece que outros aviadores percorreram antes a rota entre Cabo Verde e Fernando de Noronha, mas está claro que o Jahú foi o primeiro avião pilotado por alguém das Américas a fazer a travessia do Atlântico", afirma José Ribeiro de Barros Filho, sobrinho do aviador. "É uma injustiça histórica atribuírem o feito a Lindbergh."
Por ironia, o único inventor brasileiro com talento para divulgar ao mundo suas façanhas também não conseguiu ser reconhecido. No dia de seu famoso vôo por Paris a bordo do 14 Bis, Santos Dumont contava com uma platéia de centenas de pessoas, entre elas vários membros de uma respeitada instituição, o Aeroclube da França. A façanha repercutiu nos jornais europeus e transformou Dumont num herói brasileiro. Fora do país, porém, seu feito foi ofuscado pelo vôo dos irmãos Wright. Eles sobrevoaram por doze segundos um campo da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, em 1903 – portanto, três anos antes do 14 Bis. Mas apenas cinco pessoas testemunharam o feito e até hoje paira sobre ele a suspeita de que os americanos usaram uma catapulta para facilitar a decolagem de seu avião, Flyer. Os Wright não deram importância às críticas e foram incansáveis no desenvolvimento comercial de seu projeto. Em 1906 já detinham a patente do invento. Dois anos depois assinaram um contrato de fornecimento de aeroplanos para o Exército americano. Quando fizeram sua primeira apresentação pública, em 1908, em Paris, vários outros modelos mais pesados do que o ar já haviam sobrevoado a cidade. Enquanto isso, Santos Dumont realizou mais alguns testes bem-sucedidos com o 14 Bis e passou a desenvolver um pequeno avião batizado de Demoiselle. No verbete dedicado ao brasileiro, a Enciclopédia Britânica diz que o Demoiselle foi o ancestral dos modernos ultraleves. Enfim, algum reconhecimento.

Um comentário:

  1. Obrigada pela ajuda, obrigada mesmo. foi o único lugar que eu encontrei um texto que me ajudasse. :D

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