18 de mai. de 2021

Constelação Catarina começa a sair do papel

Projeto concebido pela Agência Espacial Brasileira, com recursos destinados pela bancada federal de Santa Catarina, empregará nanossatélites para aplicação nos setores da defesa civil e do agronegócio


Publicada no Diário Oficial da União, de 10 de maio de 2021, a Portaria nº 590, que cria o Programa Constelação Catarina, desenvolvido pela Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), em parceria com instituições do Estado de Santa Catarina. A iniciativa prevê o desenvolvimento, a fabricação e o lançamento de uma “constelação de satélites”, que tem como objetivos principais atuar no setor de defesa civil e levar melhorias à agricultura de precisão. Outro benefício importante é demonstrar a viabilidade de um novo modelo de investimentos no setor espacial, que possa trazer recursos de diferentes setores, com foco no atendimento de demandas qualificadas. A Constelação Catarina também cumpre alguns dos objetivos primordiais do Programa Espacial Brasileiro: fortalecer a indústria espacial nacional e entregar valor à sociedade.

A proposta pretende dinamizar o setor espacial num segmento que, hoje, se destaca em vários nichos do mercado mundial: o de nanossatélites. O projeto tem início no Estado de Santa Catarina e será estendido às demais unidades da federação. Os resultados entregues na fase inicial serão úteis para vários setores, como energia, saneamento, gestão de águas e meio ambiente, entre outros. “A Constelação Catarina representa uma inovação no modelo de condução do Programa Espacial Brasileiro. É missão da AEB agregar atores e parceiros externos ao setor espacial, que trazem suas respectivas demandas e, ao mesmo tempo, contribuem com o aporte de recursos que ativam outras diversas cadeias produtivas em nosso país”, explica o diretor de Governança do Setor Espacial da AEB, Cristiano Augusto Trein.

Após a publicação da portaria, a próxima etapa será a formalização dos Acordos de Adesão ao Consórcio Catarina, com os parceiros que construirão, juntamente com a AEB, os artefatos espaciais. A Agência trabalha na formatação dos acordos e nas especificações técnicas dos satélites que integrarão a constelação. Eles começarão a ser fabricados ainda em 2021, e a previsão é que os lançamentos ocorram já a partir de 2022. O programa gera perspectivas de crescimento para o novo cenário de atividades espaciais – o chamado New Space – e proporcionará geração de empregos e oportunidades de renda e lucro para aqueles que investem no setor. Segundo o presidente da AEB, Carlos Moura, “as iniciativas da Agência visando encontrar meios de apoiar a região sul do país frente aos desafios de fenômenos meteorológicos extremos, como o ciclone bomba ocorrido em junho de 2020, logo encontraram eco nas diversas instituições catarinenses. Honrando a tradição inovadora do estado, convergiram os interesses e as capacidades técnicas e políticas, viabilizando esse primeiro exemplo de um programa setorial, complementar às tradicionais iniciativas espaciais brasileiras”.

Os recursos para implementação do projeto foram disponibilizados por meio de emenda parlamentar, destinada pela bancada federal do Estado de Santa Catarina, e serão descentralizados para que os primeiros parceiros possam ter acesso. São eles: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Santa Catarina (SENAI/SC), por meio do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados; e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio do Centro de Convergência de Tecnologias Aeroespaciais (SC2C.Aero) e o SpaceLab.

Em um nicho de mercado, como o de nanossatélites, é preciso ativar cadeias produtivas no desenvolvimento e produção de satélites, assim como no desenvolvimento de softwares, de sensores de solo, de aplicações e de novos modelos e negócios. O projeto espera atrair também parceiros como startups e incubadoras. “O Programa Constelação Catarina tem o foco muito claro em levar valor à sociedade. Os produtos e as aplicações que decorrerão da Constelação Catarina vão gerar capacidades novas, que podem ser entregues aos usuários qualificados”, conclui Cristiano Trein.

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