30 de abr. de 2018

Investigado pela Polícia Federal, Marcus Viana se recusa a falar da BR 364 durante visitas pelo interior


Assem Neto - O ex-prefeito de Rio Branco, afastado do cargo para se dedicar exclusivamente à pré-campanha eleitoral, mesmo percorrendo cidades cortadas pela BR 364, evita falar sobre a rodovia que praticamente fechou em 2017. Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra Marcus Viana na cabeceira da ponte sobre o Rio Purus. Na gravação, feita num trecho recuperado pelo DNIT ano passado, o petista evita falar sobre o superfaturamento da obra, atestado em investigação conjunta da PF, Controladoria Geral da União (CGU), Advocacia Geral da União (AGU), Receita Federal e Procuradoria da República. O prefeito afastado se limita a falar apenas que trabalhou na construção da ponte. “Tive a oportunidade de trabalhar no projeto de construção dessa ponte tão importante para ligação aqui da BR com o município de Manoel Urbano” diz Marcus Viana.

Bilhetes assinados por Marcus davam a ordem para o pagamento de propinas no escândalo que deu origem à Operação Buracos”, desencadeada pela Polícia Federal. Os documentos foram apreendidos e as assinaturas do prefeito conferem. Por esta razão, ele e a esposa, Gilcélia Viana, foram conduzidos coercitivamente para depor na sede da PF, no dia 30 de outubro deste ano. Marcus era um dos chefes da organização criminosa, diz a Polícia Federal na página 54 ( de um total de 75) da denúncia (veja ilustração ao lado). De um total de 43 empreiteiras, 23 decidiram delatar o esquema. 

No Acre, os alvos são ligados ao Departamento de Estradas e Rodagem do Acre (Deracre) e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Marcus era diretor do Deracre, em 2010, quando a ponte sobre o Rio Purus foi inaugurada.

O trecho onde Marcus Viana gravou o vídeo foi um dos que praticamente foi fechado, em decorrência de falhas graves na base da rodovia que literalmente se dissolveu em função dos péssimos serviços executados. Segundo a Polícia Federal, “os valores eram pagos por serviços não executados e materiais que nunca seriam entregues. O grupo também se utilizava de funcionários fantasmas. Três servidores do DNIT/RO foram afastados de seus cargos por suspeita de envolvimento com os crimes investigados”, informou a PF, em nota.

Os recursos federais investigados eram destinados à construção, pavimentação, conservação e recuperação de rodovias federais, além da abertura, melhoramento ou recuperação de ramais. Tudo de forma irregular e sem o pleno controle do serviço que era prestado.

As acusações variam entre os crimes de peculato, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O nome da operação faz referência a uma assertiva de um advogado de que “no estado do Acre, buracos dão lucros para poucos!”.

Rodovia foi condenada pelo DNIT:
A estrada era de responsabilidade do Estado e foi assumida pelo Dnit no início de 2015. O órgão alega que não recebeu a rodovia em boas condições de trafegabilidade e que muitos dos trabalhos desenvolvidos não foram de qualidade, provocando praticamente o fechamento da rodovia.

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