27 de abr. de 2018

Aumento de casos de autismo, existe uma epidemia?


O aumento de casos de autismo nos leva a um questionamento: será que existe uma epidemia de casos de Autismo?

Entendendooautismo - Atualmente existem um aumento de casos de Autismo. Segundo o dicionário,  epidemia significa “agravação de um fenômeno, de um comportamento, de  ações; aumento fora do comum do número de pessoas contaminadas por uma doença em determinada localidade e/ou região”, entre outras definições. Toda a condição epidêmica deve, na medicina, acender sinal de alerta e acionar estudos e pesquisas para contorná-la ou extirpar a causa. As epidemias mais famosas remontam `as doenças infecciosas e condições associadas ao estilo e hábitos de vida. Dentre os distúrbios neuropsiquiátricos, vem chamando atenção dos profissionais da saúde uma possível epidemia nos casos de Autismo. Mas será que isso é verdade?

Nos Estados Unidos, da maneira como o diagnóstico de autismo é feito, constatou-se que aumentou três vezes o número de casos nos últimos anos. Mas, segundo pesquisadores, essa realidade não pode ser levada ao pé da letra.   Quando se fala em epidemia de autismo, entende-se que um número muito maior de crianças está nascendo autista. Mas não é verdade. Acontece que mais pessoas/crianças com deficiência intelectual ou com menor desempenho no desenvolvimento mental com sintomas de transtornos neuropsiquiátricos estão sendo classificadas como autistas.

Em 1957, nos Estados Unidos, uma pessoa em cada cinco mil era considerada autista. Já em 2002, uma em cada 150 era diagnosticada com autistas. Dez anos depois, em 2012, os números subiram ainda mais, mostrando uma pessoa autista em cada 68. Hoje, a proporção está em 1 para 51 !! Essas informações foram divulgadas pelo Centro Norte-Americano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).  Várias suspeitas, em tempos,   vem recaindo em  fatores do ambiente como possíveis responsáveis por uma hipotética epidemia, como as vacinas, alimentos industrializados, venenos organofosforados aplicados na agricultura, presenca de fungos intestinais, glúten e/ou lactose na alimentação, etc. As evidências científicas, no entanto,  nada concluem acerca destes fatores e,  em recente artigo de retratação, publicado no The Lancet, a comunidade científica descartou que as vacinas normalmente administradas tivessem qualquer relação com o desencadeamento do autismo na infância. Por outro lado,  verifica-se cada vez mais que o Autismo está relacionado a outras condições ambientais como prematuridade (abaixo de 35 semanas), baixo peso ao nascer (abaixo de 2.500 g) e idade materna/paterna ao conceber um filho acima de 40 anos, além de fatores de natureza genética, como: história familiar de autismo, TDAH, transtornos afetivos, esquizofrenia  e deficiência intelectual ou pais com TEA.  O aumento normal da população  geraria, portanto, aumento do nascimento de autistas por extensão por meio da hereditariedade.

Outro dado estatístico curioso é a predominância do TEA nas crianças do sexo masculino, na ordem de 4:1, evidenciando a relação maior desta condição com aspectos genético-biológicos. Outrossim, o aparecimento mais comum de epilepsia (risco de 20-30x maior do que na população geral), distúrbios alimentares, transtornos neuropsiquiátricos (grande associação com TDAH) , malformações cerebrais e síndromes genéticas  intensificam ainda mais esta impressão.  Mesmo assim, muitas pesquisas ainda em sido empreendidas – e com toda razão –  com a finalidade de se tentar identificar um fator ambiental que esteja contribuindo para os aumentos dos índices desta condição tão deletérica para o desenvolvimento infantil mas sem resultados cientificamente convincentes. A retirada de glúten e da lactose da alimentação tem se mostrado levemente convincente em alguns casos. O tratamento com recursos biológicos como quelantes, anti-fúngicos e uso de complexos vitamínicos vem resultando em melhora de alguns sintomas mas sem redução eficaz quando comparado a outras abordagens no conjunto das crianças.

Muitos casos estão sendo Diagnosticados como Autismo realmente são?
Por outro lado, neste sentido, de acordo com pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, a reclassificação de pessoas para o grupo de autistas  –  sendo que antes eram consideradas apenas indivíduos com distúrbios neurológicos  –  gerou a falsa ideia de epidemia, já que, na realidade,  não houve um aumento real na taxa de novos casos de autismo. Instituições respeitáveis como a Academia Americana de Pediatria, Academia Americana de Psiquiatria, a Organização Mundial de Saúde e a National Institute Health (o Ministério da Saúde dos EUA) reconhecem tais conclusões.    Ao analisarem dados referentes a 11 anos de estudos sobre a matrícula de autistas na educação especial escolar, os pesquisadores americanos calcularam uma média de 6,2 milhões de crianças por ano. Durante a década, não foi encontrado nenhum aumento generalizado de um transtorno específico no número de estudantes matriculados na educação especial.  Em contrapartida, o aumento dos estudantes diagnosticados com autismo, matriculados na educação especial, foi compensado proporcionalmente  pela redução equiparada de alunos com outras deficiências intelectuais.  Nesta população, por muito tempo, pouco se valorizou o espectro dos sintomas autísticos associadas a estas condições e,  atualmente, a atualização vem trazendo novos diagnósticos. Esta reclassificação, aparentemente ruim, tem permitido, com o diagnóstico, a revisão das estratégias outrora aplicadas e o remanejo de abordagens.

Os estudos concluem, até o momento,  que a possível epidemia de autismo, na verdade, não passou de uma mudança nos critérios e avaliação para fazer o diagnóstico.  Enfim, toda esta discussão corrobora cada vez mais com a opinião de  muitos pesquisadores e  dos cuidadores destas crianças os quais tem insistido na idéia de que é mais importante buscar meios de prevenção e  intervenção precoce para mitigar os sintomas e os problemas cognitivos dos TEA do que esperar, a prazo indeterminado, a descoberta de sua causa.

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